Parte da torcida do Fluminense depredou a Arena MRV, em Belo Horizonte, nessa quarta-feira (25/9), após a derrota por 2 a 0 para o Atlético, pelo jogo de volta das quartas de final da Copa Libertadores. Passadas quase 24 horas, o tricolor carioca emitiu nota sobre o episódio.
Ao fim da partida, os visitantes quebraram todas as catracas do setor Inter Norte e destruíram câmeras e cadeiras. Além disso, entraram em conflito com a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), que usou bombas de efeito moral e balas de borracha.
Posicionamento do Fluminense
Nesta quinta-feira, o Fluminense disse que analisou as imagens e ouviu relatos de funcionários e torcedores do clube. Na sequência, justificou que as atitudes de alguns fãs foram motivadas pelo uso desproporcional da força por membros da PMMG e de alguns integrantes de empresa terceirizada de segurança. Alegou, inclusive, que há, nas redes sociais, vídeos de torcedores machucados.
O Fluminense parabenizou atitudes de profissionais do Atlético, mas repudiou o comportamento da PMMG, que, segundo o clube, “parece se orgulhar de seus abusos e maus-tratos reiterados”. O Tricolor acusou a corporação de tratar visitantes de forma desrespeitosa, inclusive profissionais dos clubes que vão ao estado e crianças.
Por fim, o Tricolor solicitou que os membros da PMMG e funcionários de segurança terceirizados sejam identificados para responsabilização de danos, assim como torcedores do Fluminense. Segundo o clube, foram eles os responsáveis por dar início aos conflitos, adjetivados como “indesejados”.
Registros da PMM
Ao No Ataque, a PMMG detalhou que foram registradas duas ocorrências.
Na primeira, o relato é de confusão entre torcedores do Fluminense e equipes de segurança privada. Segundo a Polícia, fãs do tricolor carioca agrediram e confrontaram os militares, com destaque para um homem de 33 anos, que direcionou xingamentos aos policiais e chegou a arremessar objetos contra eles, o que motivou o “uso de instrumentos de menor potencial ofensivo”. Mediante controle físico, ele foi contido e levado à delegacia.
O outro boletim de ocorrência foi feito por integrantes da empresa de segurança privada, que acusaram uma mulher de 34 anos de agressão. De acordo com o registro dos profissionais, a torcedora os culpou pelo tumulto ocorrido anteriormente e desferiu um soco em um deles.
Ela, por sua vez, disse que não estava envolvida na confusão. Detalhou que, na tentativa de sair do tumulto, foi segurada por um segurança e se esforçou para se desvencilhar. Relatou, também, que foi insultada. Assim como o outro torcedor, foi levada à delegacia.
Nota do Fluminense na íntegra
“Após a partida de ontem, o Fluminense se dedicou a ouvir relatos de funcionários do clube e torcedores presentes na arquibancada, além de analisar as imagens disponíveis, o que foi fundamental para evitar conclusões precipitadas e manifestações inconsistentes ou incompletas.
A postura de pequeno grupo da torcida do Fluminense, embora reprovável em análise isolada, foi motivada pela revolta decorrente do emprego de força absolutamente desproporcional por parte da Polícia Militar de Minas Gerais e dos funcionários da empresa de segurança terceirizada do estádio. Imagens de torcedores espancados e ensanguentados circulam nas redes em profusão.
A conduta das lideranças da equipe interna do Atlético-MG responsável pela operação e pela segurança do estádio foi irrepreensível, profissional e solidária no apoio à equipe tricolor durante todo o tempo e, principalmente, no momento mais crítico, o que fazemos questão de registrar.
O mesmo não se pode dizer da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, que, por reincidência e falta de posicionamento institucional, parece se orgulhar de seus abusos e maus-tratos reiterados. Em julho de 2022, o Fluminense já havia cientificado o alto comando da corporação sobre tal postura após jogo contra o Cruzeiro no Mineirão. De nada adiantou. Fato é que torcedores visitantes são tratados repetidamente com violência e desrespeito, o que é largamente conhecido em todo o Brasil.
No jogo de ontem, a PM mineira cometeu abuso de autoridade contra profissionais do clube e, pasmem, até mesmo contra crianças presentes na arquibancada, no uso desmedido de gás de pimenta.
Se torcedores devem ser identificados para responsabilização de danos, o Fluminense entende que o mesmo procedimento deverá ser feito em relação aos policiais e stewards que, por absoluto despreparo, deram início aos indesejáveis conflitos”.