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Médico da Conmebol avalia atendimento a Izquierdo: ‘Medicina não é ciência exata’

Morte de Juan Izquierdo, jogador do Nacional (URU) que sofreu arritmia cardíaca em campo, ainda será minuciosamente analisada pela Confederação Sul-Americana de Futebol
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A morte de Juan Izquierdo, jogador do Nacional (URU) que sofreu arritmia cardíaca em campo, ainda será minuciosamente analisada pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). É o que afirma André Pinelli, médico oficial da entidade que estava presente no Morumbis, na noite de 22 de agosto.

Apesar de todo o protocolo médico ter sido aplicado de maneira rápida, a fatalidade com o atleta uruguaio será objeto de estudo, segundo Pinelli. “Esse caso, em particular, como é muito grave, certamente será objeto de uma discussão e estudo. A Conmebol tem protocolos, protocolos esses que foram seguidos, então foi tudo feito direitinho. Infelizmente, a medicina não é uma ciência exata. Não é todo mundo que vai responder da mesma maneira a todas as manobras”, declarou o médico ortopedista que atua como oficial da Conmebol.


Em breve, a análise completa será feita, levando em conta todas as variáveis do quadro do zagueiro uruguaio, a fim de entender se a fatalidade ocorrida com ele poderia ser evitada ou não.

“Eu costumo traçar um paralelo com um avião que cai. Um avião cai por uma coisa só? Não. Ele cai por vários motivos. Então, daqui a um tempinho, com bastante calma e tranquilidade, vamos olhar o aspecto técnico da coisa, entender passo a passo o que aconteceu. Pegar o relatório do médico da ambulância, o relatório da equipe de emergência do Einstein, ver o histórico da equipe dele… Entender se tinha algum outro fator que poderia ser prevenido. Esse é o padrão, a gente faz sempre isso”, detalhou.

Menos de nove minutos do Morumbis ao hospital

Das 20h45, quando Izquierdo caiu, foi colocado na ambulância e levado ao hospital, foram menos de nove minutos. Todos os procedimentos adotados pela equipe local estavam de acordo com Legislação Brasileira de Atenção Médica.

“Eu vi o árbitro fazer o sinal de emergência, que tinha sido previamente combinado, e chamei a ambulância pelo rádio. Levou 30 ou 32 segundos, se não estou enganado, para o veículo entrar em campo. Nisso, quando a ambulância já havia chegado, estavam os colegas médicos do Nacional e do São Paulo. Eu saí da beirada do campo e fui correndo, assim como colega do doping”, destacou.

“Um pouco antes de eu chegar, ele [Izquierdo] já estava num quadro convulsivo, porém com pulso presente e respirando espontaneamente. Por isso, a opção adotada [pelo médico do Nacional] foi encaminhá-lo de imediato ao Einstein, que era o hospital previamente acordado com a organização do evento. Isso é muito interessante, porque o Einstein está a 1 km de distância do estádio. Do momento em que ele entrou na ambulância, na qual foi colocado em cerca de 3 minutos, à porta do pronto atendimento, demorou 4 minutos”, completou Pinelli.

Ao contrário da fatalidade com o jogador Serginho, do São Caetano, que morreu no Morubi, em 2004, o atendimento de Izquierdo no estádio foi muito mais estruturado, na visão de Pinelli.

“Se você olhar o atendimento do primeiro caso no Morumbi e comparar com esse, é completamente diferente, outra história. A gente já tinha o protocolo escrito, fiz o treinamento com a ambulância antes do jogo… É que ninguém vê isso, porque aconteceu muito tempo antes do jogo, entendeu? A gente passa a visita em todo lugar, checa se as pessoas estão presentes, a gente faz tudo. Infelizmente, a gente tem o imponderável do mundo, né?”, finalizou.

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