
A vitória do Bayern de Munique sobre o Auckland City por 10 a 0 na estreia da Copa do Mundo de Clubes da Fifa voltou a evidenciar a diferença entre um clube profissional de alto nível e uma equipe que integra uma liga amadora. O time da Nova Zelândia ainda enfrentará outros gigantes do futebol em sua jornada no Grupo C: Benfica, de Portugal, na sexta-feira (20/6), e Boca Juniors, da Argentina, no dia 24 (terça-feira).
Conforme mostrou o No Ataque nesse domingo (15/6), os jogadores do Auckland não vivem exclusivamente do futebol e dividem a rotina de treinos e jogos com outras profissões. O goleiro Conor Tracey trabalha como estoquista em uma empresa do ramo farmacêutico, enquanto o zagueiro Adam Mitchell é corretor de imóveis e até brincou que estaria pronto para vender uma casa na Nova Zelândia a Harry Kane, astro inglês do Bayern que, ironicamente, não fez nenhum gol no jogo de ontem.
A BBC Sport trouxe algumas curiosidades sobre a capacidade financeira do Auckland City. Em 2024, o clube arrecadou 1,1 milhão de dólares neozelandeses (R$ 3,7 milhões) – número similar ao de um time brasileiro que alterna entre as Séries C e D. Já os atletas têm teto salarial estimado em NZ$ 150 (R$ 500) por semana, o equivalente a R$ 2 mil por mês. Como comparação, muitos boleiros da várzea em Minas Gerais faturam cachês de R$ 8 mil a R$ 10 mil em uma rotina de oito a 10 jogos mensais.
A participação do Auckland City na Copa do Mundo de Clubes renderá uma cota de 6,6 milhões de dólares neozelandeses – mais de R$ 22 milhões – paga pela Fifa. Todavia, essa quantia será repartida com a Federação de Futebol da Nova Zelândia, que aplicará os recursos no desenvolvimento do futebol no país de 5,2 milhões de habitantes.

Como o Auckland City se classificou para o Mundial?
O Auckland City se classificou para o Mundial graças à liderança no ranking dos clubes da Confederação de Futebol da Oceania. A equipe da Nova Zelândia ganhou 13 das 24 edições da Liga dos Campeões da OFC, que também conta com representantes de Fiji, Nova Caledônia, Papua-Nova Guiné, Ilhas Salomão, Taiti, Vanuatu, Ilhas Cook, Tonga, Samoa e Samoa Americana.
Em 2025, a Liga da OFC foi disputada por 18 equipes e teve Ilhas Cook e Ilhas Salomão como sedes de todos os confrontos. O Auckland City chegou ao 13º título com uma campanha de quatro vitórias e um empate. Na fase de grupos, o time neozelandês somou sete pontos, à frente de Tiga Sport (Nova Caledônia), Pirae (Taiti) e Rewa (Fiji). Na semifinal e na final, superou Ifira Black Bird (Vanuatu) e Hekari United (Papua-Nova Guiné), ambos por 2 a 0.
Embora possivelmente leve goleadas de Benfica e Boca Juniors, o Auckland City é figurinha carimbada no Mundial da Fifa. Em 2014, a agremiação fez história ao conquistar um honroso terceiro lugar batendo o Cruz Azul, do México – empate por 1 a 1, no tempo normal, e vitória nos pênaltis, por 4 a 2. Nas fases anteriores, eliminou Moghreb Tétouan (Marrocos) e ES Sétif (Argélia). Na semifinal, fez jogo duro com o San Lorenzo, campeão da Libertadores, e perdeu por 2 a 1.

Clubes profissionais da Nova Zelândia jogam na Austrália
A Nova Zelândia tem dois clubes profissionais – Auckland FC (homônimo do Auckland City) e Wellington Phoenix. Por causa da disparidade técnica e de investimento em relação aos demais, essas equipes optaram por disputar o Campeonato Australiano, vinculado à Confederação Asiática de Futebol.
Inclusive, o Auckland liderou a fase classificatória da Liga ao somar 53 pontos em 26 rodadas (15 vitórias, oito empates e três derrotas). No entanto, a competição possui sistema de mata-mata, e o time acabou eliminado na semifinal pelo Melbourne Victory. O campeão da Austrália em 2024/25 foi o Melbourne City.
O Auckland Football Club, que pertence à Liga Australiana, manda suas partidas no Go Media Stadium, arena multiuso com capacidade para 25 mil espectadores que também é palco de jogos de rúgbi do New Zealand Warriors. Já o Auckland City, membro da liga amadora da Nova Zelândia, disputa os jogos no Kiwitea Street, com apenas 250 assentos cobertos.

