ECONOMIA

Mineirão movimenta mais de R$ 1,1 bilhão e tem desafio para os próximos anos

Com 206 eventos em 2022, estádio movimentou R$ 1,16 bilhão na economia, sendo R$ 1,045 bilhão em BH. Diretor comenta desafios
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O ano de 2022 marcou a retomada integral dos eventos pós-pandemia, e o resultado se refletiu no Mineirão, um dos espaços mais tradicionais de Belo Horizonte e Minas Gerais. Com 206 eventos esportivos, sociais e culturais – recorde em comparação aos anos anteriores -, o estádio movimentou R$ 1,16 bilhão na economia do estado, sendo R$ 1,045 bilhão exclusivamente na capital.

A reportagem de No Ataque/Estado de Minas divulga com exclusividade o estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Impactos socioeconômicos do Mineirão em 2022

  • Movimentação na Economia: R$ 963 milhões
  • Público: 2.847.160 pessoas

Eventos esportivos

Movimentação na Economia: R$ 575 milhões, sendo:

  • R$ 115 milhões dentro do Mineirão
  • R$ 460 milhões fora do Mineirão
    A cada R$ 1 gasto dentro do Mineirão, R$ 3,97 são gastos fora
    Público: 1.925.875 pessoas (68%)

Eventos sociais

Movimentação na Economia: R$ 388 milhões, sendo:

  • R$ 105 milhões dentro do Mineirão
  • R$ 283 milhões fora do Mineirão
    A cada R$ 1 gasto dentro do Mineirão, R$ 2,67 são gastos fora
    Público: 921.285 pessoas (32%)

Impacto na economia mineira

  • Postos de trabalho gerados: 7.232
  • Eventos esportivos: 4.264
  • Eventos sociais: 2.968

Impacto na economia de BH

  • Postos de trabalho gerados: 6.984
  • Eventos esportivos: 4.129
  • Eventos sociais: 2.855

Impostos gerados para o Estado

  • Eventos esportivos: R$ 35,56 milhões
  • Eventos sociais: R$ 25,94 milhões
  • Total: R$ 61,5 milhões

Pesquisadores do Ipead estiveram em eventos no Mineirão em 2022 para coletar as informações com o público presente e os organizadores. Segundo o superintendente da Fundação, Renato Mogiz, este é “o modelo mais robusto na economia mundial” que traz maior credibilidade aos resultados. A margem de erro é de 5,4%.

“O dimensionamento e simulação do impacto socioeconômico positivo das operações do Mineirão sobre a economia em Belo Horizonte e no entorno aconteceu a partir de uma conjugação de metodologias. Fizemos a coleta de dados primários junto ao público e organizadores, algo importantíssimo para um trabalho desta natureza porque evita que as simulações sejam feitas a partir de dados que são longe da realidade”.

Renato Mogiz, superintendente do Ipead

Em termos de resultado, a pesquisa levantou que os eventos no Mineirão geraram 6.984 postos de trabalho, o que representaria 0,63% dos empregos em BH. Além disso, a atividade econômica no estádio movimentou R$ 61,5 milhões em impostos para o estado. Desse montante, o governo de Minas ficou com R$ 15,7 milhões em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), enquanto R$ 39 milhões em ISS (Imposto Sobre Serviços) entraram nos cofres da capital.

São consideradas na avaliação questões como transporte, hospedagem, alimentação,valor do ingresso e outros aspectos. “Pensar Belo Horizonte sem as operações do Mineirão é você imaginar a redução no volume de recursos para diferentes setores. É você pensar na economia de BH sem aqueles empregos, pensar órgãos governamentais sem os impostos. Menos emprego, menos movimento na economia e menos imposto gerado. Certamente menos recursos para investir em políticas públicas, equipamentos municipais”, ressalta Renato Mogiz.

Jogos de futebol

Grande parte da receita do Mineirão em 2022 foi composta pelos jogos de futebol de Cruzeiro e Atlético. Com um público de 1.925.875 pessoas, a receita gerada nas 54 partidas do ano fechou em R$ 575 milhões. Desse montante, R$ 115 milhões foram dentro do Mineirão e R$ 460 milhões fora. Ou seja, a cada R$ 1 gasto dentro do estádio, o público desembolsou R$ 3,97 fora dele. O dado é positivo para o Gigante da Pampulha, já que o Ipead apontou, em 2019, a importância de R$ 488 milhões.

Eventos sociais e culturais

Longe de ser um equipamento exclusivamente esportivo, o Mineirão recebeu mais eventos de múltiplas áreas do que jogos, mas com receita inferior à do futebol: corporativo (41), social (31); feira (44) e shows (36). No total, 921.285 pessoas geraram R$ 388 milhões: R$ 105 milhões dentro do estádio e R$ 283 milhões nas imediações.  Os dados são comemorados pelo diretor da Minas Arena, Samuel Lloyd, de 41 anos, que assumiu o estádio em 2015.

“Isso é um motivo de muito orgulho para todos nós da Minas Arena, a concessionária que capitaliza, traz esses eventos, que desenvolve esse setor, acho que é um grande expoente de Minas Gerais e do Brasil para movimentar essa agenda”

Samuel Lloyd ao No Ataque/Estado de Minas

Segundo ele, todas as partes precisam ser planejadas antecipadamente para manter um calendário cheio, sem prejudicar os amantes de futebol ou fãs de música e outros eventos. “Trabalhamos com todos os atores dessa cadeia, ou seja, produtores culturais, Governo do Estado, prefeitura da cidade e clubes de futebol, para que essa agenda seja aliada com a maior antecedência possível e que a gente consiga viabilizar jogos e eventos como a gente sempre fez com maestria nos últimos 10 anos”, afirma Lloyd.

Desafios

Apesar disso, a agenda do Mineirão para 2023 não tem sido tão completa como foi no último ano. O Atlético, por exemplo, passou a jogar na Arena MRV desde 27 de agosto. A tendência é que o clube só utilize o Gigante da Pampulha caso o seu estádio no bairro Califórnia, em Belo Horizonte, esteja recebendo um show. Com capacidade para 46 mil torcedores, a casa do Galo já recebeu três partidas do Campeonato Brasileiro: vitórias sobre Santos (2 a 0), Botafogo (1 a 0) e Cuiabá (1 a 0).

Já o Cruzeiro, que atuou no Independência até maio de 2023, retornou ao Mineirão no segundo semestre e está perto de assinar um contrato de fidelidade com a Minas Arena pelos próximos três anos. Embora ainda existam discordâncias entre a administração do estádio e a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) gerida pelo ex-jogador Ronaldo Nazário, as partes devem chegar a um consenso. A diretoria da Raposa se queixava do pagamento de taxas, além de pleitear percentuais das receitas de bares e estacionamentos.

Com a provável fixação do Atlético na Arena MRV, Samuel Lloyd pretende preencher as datas “ociosas” na agenda do estádio com mais eventos. Ele lembrou que em anos anteriores apenas o Cruzeiro era assíduo no Mineirão, enquanto o Galo jogava no Independência, de propriedade do América, e deixava apenas os compromissos mais importantes para o Gigante da Pampulha.

“Em todos os anos da operação da Minas Arena, apenas em 2022 tivemos dois clubes jogando no estádio. Nosso trabalho é usar as datas com outros usos que garantam o crescimento do negócio”, destacou o diretor do Mineirão.

Mesmo assim, segundo Samuel Lloyd, o estádio priorizará o futebol, modalidade responsável por 80% da receita em 2022. “O Mineirão é uma parceria público-privada com o governo do Estado de Minas Gerais, e temos estabelecido em contrato a prioridade do futebol”.

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