O julgamento de Daniel Alves começou nesta segunda-feira (5/2), na Espanha, com o depoimento da jovem que o acusa de estupro. O relato da mulher de 24 anos durou mais de uma hora e foi realizado sob extremas medidas de proteção.
Preso em Barcelona desde 20 de janeiro de 2023, Daniel Alves seria o primeiro a falar na audiência, mas teve o depoimento transferido para esta quarta-feira (7/1), o último dia do julgamento, a pedido da defesa.
Por isso, a primeira pessoa a ser ouvida foi a suposta vítima. No entanto, a imprensa não teve acesso ao depoimento, pois o sinal interno foi cortado.
A imprensa esteve em três salas no local, nas quais se podia assistir ao julgamento por meio de um circuito fechado de televisão. Ao todo, 270 jornalistas foram credenciados.
Essa medida foi tomada para garantir a privacidade da jovem.
Ela se sentou atrás de um biombo para evitar contato visual com Daniel Alves. A voz dela foi distorcida para que, mesmo no futuro, a filmagem não a possa identificar.
Amiga relata ‘atitude nojenta’ de Daniel Alves
Ela foi seguida pelo testemunho de sua amiga, que a acompanhava na boate Sutton, em Barcelona, quando o caso aconteceu.
A moça, que chorou algumas vezes durante o depoimento, detalhou o que fizeram naquela noite.
“Fomos jantar na minha casa e depois fomos para a zona de Tusset, para o [bar] Duplex, onde nos deram um desconto para entrar na Sutton antes das 2h. Estávamos dançando na parte geral da boate e, em frente, na mesma altura, ficava a área VIP. Dois ou três mexicanos desceram e perguntaram se queríamos ir com eles para lá. Nós concordamos e fomos com eles”, iniciou.
“Na área VIP estava esse homem [Daniel Alves] de pé. Ele teve uma atitude nojenta, colocou a mão nas minhas costas e quase tocou na minha bunda. Minha amiga disse: ‘ele tocou minha vagina’.”
Mais tarde, a prima da jovem avisou a ela “que precisava ir embora”. “Eu a conheço desde os três anos e nunca a vi chorar daquele jeito. Nós três choramos, eu não sabia como reagir naquele momento”, explicou ela.
A testemunha disse que de forma alguma a relação de sua amiga com Alves foi consensual.
“Ela não quis, não, não, não. Ela não queria denunciar, realmente foi muito difícil. Ela estava em choque. Hoje ela está muito mal, perdeu muito peso, está ansiosa. Reduziu seu círculo de amigos porque não confia em ninguém”, comentou.
Primeiro dia de julgamento
De manhã, a sessão começou com o Ministério Público apresentando o documento de licença médica da vítima, entrevistas de Daniel Alves em janeiro de 2023 e a ação movida pela denunciante por divulgação de suas imagens pela mãe do jogador de futebol.
Já a advogada de Alves, Inés Guardiola, pediu a suspensão do julgamento devido a uma suposta violação dos direitos fundamentais do jogador ao privar o perito da sua parte de intervir no exame psicológico da vítima. O pedido foi negado.