CASO DANIEL ALVES

Daniel Alves: veja resumo de tudo que ocorreu no primeiro dia de julgamento

Jogador, que está preso na espanha há mais de um ano, é julgado pelo crime de 'agressão sexual com penetração'
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Rosa Sulleiro – O julgamento do jogador Dani Alves, por supostamente ter estuprado uma mulher no banheiro de uma boate em dezembro de 2022, começou nesta segunda-feira (5/2) em um tribunal de Barcelona em meio a uma grande repercussão midiática.

O Ministério Público denuncia-o por crime de “agressão sexual com penetração” e também pede uma indenização de 150 mil euros (801 mil reais na cotação atual) para a vítima, além de mais uma década de liberdade supervisionada após cumprir a pena.

O processo, que deve se prolongar até quarta-feira, começou pouco depois das 10h30 locais (6h30 em Brasília).

Vestido com camisa branca e calça jeans, o ex-jogador da Seleção Brasileira chegou diretamente do estabelecimento prisional onde está detido há mais de um ano, depois daquele que foi o seu primeiro depoimento perante a juíza de instrução.

Embora inicialmente tenha entrado na sala por uma porta lateral, após os intervalos foi possível vê-lo caminhando sério, algemado e escoltado pela polícia em direção à sala, onde acompanha a sessão na primeira fila, sentado ao lado de um policial.

Após os questionamentos iniciais, o primeiro depoimento dos quase trinta agendados para o processo foi o da denunciante, realizado inteiramente a portas fechadas, por determinação do tribunal para preservar seu anonimato.

A jovem prestou depoimento durante pouco mais de uma hora, sem “contato visual com o réu”, segundo o despacho dos magistrados, para proteger a identidade da vítima.

“Angústia e terror” –

O ex-lateral é acusado por fatos que teriam ocorrido na boate Sutton, em Barcelona, na noite de 30 para 31 de dezembro de 2022, logo após retornar da Copa do Mundo no Catar.

De acordo com o texto da acusação do MP, o incidente ocorreu em uma sala reservada na casa noturna em que o jogador já frequentava. Ele estava acompanhado por um amigo e havia conhecido a vítima, que estava com uma prima e uma amiga.

Após convidá-las para beber champanhe, o ex-lateral da Seleção Brasileira teria chamado a jovem para entrar em outra área exclusiva onde ficava o pequeno banheiro, o qual ela desconhecia.

Segundo o MP, o ex-jogador do Barcelona teria demonstrado uma “atitude violenta”, agredindo a mulher. Ela teria sido forçada a manter relações sexuais, apesar de sua resistência.

“A vítima reiteradamente pediu que a deixasse ir embora, que queria sair dali, o que o réu não permitiu”, indica o texto, afirmando que a jovem viveu uma “situação de angústia e terror”.

Essa versão foi corroborada pela amiga da denunciante, que descreveu que Alves apresentava uma “atitude babaca”.

Com sua amiga, o comportamento do jogador foi “mais obsessivo”, recordou a jovem, que desatou a chorar ao lembrar como a denunciante lhe havia pedido “chorando desconsolada” para que fossem embora depois de sair do banheiro, dizendo-lhe que Daniel Alves lhe havia causado “muitos danos”.

Alves mudou sua versão

A jovem, que após receber atendimento médico denunciou os fatos em 2 de janeiro de 2023, sofre atualmente “um transtorno de stress pós-traumático de intensidade elevada”, pelo qual se encontra em tratamento, indica o Ministério Público.

O jogador, que inicialmente negou conhecer a jovem, mudou sua versão diversas vezes. Acabou, por fim, admitindo que tiveram relações sexuais, mas consensuais, segundo fontes próximas ao caso.

A versão da demandante se manteve estável, e a Audiência Nacional (principal instância judicial da Espanha) negou em diversas ocasiões os recursos de liberdade provisória solicitados pelos advogados do atleta, alegando, entre outros motivos, o risco de fuga.

Desde o início do caso, rumores e vazamentos têm sido recorrentes. Em janeiro, a advogada da vítima, Ester García, anunciou que denunciaria a publicação de um vídeo com imagens da jovem na conta da mãe de Alves em uma rede social.

No início do julgamento, a defesa do jogador lamentou o “julgamento paralelo” que o seu cliente sofreu na mídia e, entre outros motivos, pediu inclusive a anulação do julgamento, o que foi rejeitado pelo tribunal.

A possibilidade de um acordo entre as partes, que poderia ter implicado um hipotético reconhecimento de culpa por parte de Alves e uma indenização à vítima, em troca de uma redução parcial da pena, tem, no entanto, ofuscado o caso até o início do julgamento.

O jogador, que fez parte do vitorioso Barça de Messi e Guardiola, estava de férias em Barcelona na época dos acontecimentos. Horas depois de sua entrada na prisão, seu time, o Pumas do México, rescindiu seu contrato.

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