A imprensa europeia, que cobriu os três dias do julgamento do lateral-direito Daniel Alves (de 5 a 7/2) diretamente do Tribunal Provincial de Barcelona, considera difícil que o jogador escape de condenação por estupro. O brasileiro é acusado de agredir sexualmente uma jovem na boate Sutton, na cidade catalã, em dezembro de 2022 e, desde então, está preso preventivamente na Espanha.
O jornal espanhol Marca afirmou que, de acordo com especialistas consultados, a sentença não deve demorar muito, já que o caso não é considerado “especialmente complexo”. O periódico destacou que a Lei da Liberdade Sexual na Espanha, denominada de lei ‘Sólo sí es sí’ (Só sim é sim), “muda o cenário” do julgamento, pois “iguala o crime de abuso com o de agressão sexual” e foca o consentimento. Assim, a lei considera agressão qualquer ação sexual sem o consentimento da outra pessoa.
Outros jornais espanhóis, como o El País e o La Vanguardia, deram destaque a falas de Daniel Alves no tribunal, em que ele busca construir a versão de que teve relação sexual consentida com a mulher que o acusa de abuso: “Em nenhum momento, ela me pediu para parar” e “Estávamos aproveitando”, disse ele.
‘A frágil defesa de Daniel Alves’
O jornal francês Le Parisien colocou em evidência a defesa do jogador no tribunal, considerada fraca e sem fundamentos. Daniel Alves disse, no depoimento, que não houve sexo sem consentimento, que só soube das acusações pela imprensa e que estava embriagado na noite em que aconteceu a suposta agressão sexual. Foi a quinta versão dele sobre o caso.
Na primeira, Daniel disse não conhecer a mulher que o acusa. Na segunda, afirmou que a encontrou no banheiro, mas não teria feito nada. Na terceira, a defesa declarou que ela teria “se jogado” no jogador e que houve sexo oral consensual.
Na quarta versão, o lateral-direito afirmou que houve relação sexual consensual com penetração. Já na quinta, ele adicionou que estava embriagado, o que indicaria que não teria consciência total das ações realizadas na boate. Isso poderia ajudá-lo a pegar pena menor, se condenado.
O jornal L’Équipe, também da França, focou a análise justamente nas frequentes mudanças de versões e questionou: “Alves estava tão embriagado a ponto de não se lembrar mais dos detalhes de sua relação com a suposta vítima?”.
‘Angústia e terror’
O jornal britânico The Guardian destacou que a defesa da vítima e testemunhas expuseram sentimentos de “angústia e terror” provocados por Daniel Alves na jovem, enquanto o jogador continuou rebatendo as denúncias e negando que cometeu estrupro.
Quanto tempo Daniel Alves pode pegar de prisão?
O julgamento de Daniel Alves terminou nessa quarta-feira (7/2), após três dias de audiências no Tribunal de Barcelona. A sentença do brasileiro, que é acusado de estupro, ainda não teve a data definida pela Justiça espanhola. A previsão é que ocorra em até 30 dias.
O Ministério Público espanhol pede nove anos de prisão ao ex-lateral da Seleção Brasileira. Já a defesa da jovem que o denunciou quer pena máxima para esse tipo de crime na Espanha: de 12 anos de prisão.
Daniel Alves depôs no último dia do julgamento. A advogada do jogador, Inés Guardiola, alegou que ele estava embriagado e pede liberdade condicional e absolvição.
Por outro lado, a advogada da denunciante, Ester García, questionou as seguidas mudanças de versões dadas por Daniel Alves.
Espera pela sentença
À espera da sentença, Daniel Alves seguirá no presídio Brians 1, em Barcelona.
Daniel Alves está preso preventivamente desde 20 de janeiro de 2023. Ele é acusado de ter agredido sexualmente uma jovem de 24 anos no banheiro da boate Sutton, em Barcelona, na noite de 30 de dezembro de 2022.
Cabe recurso?
Depois de divulgada a sentença, há possibilidade de recurso no Tribunal de Apelação. É a segunda instância da Justiça da Espanha.