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Comentarista da Globo questiona ‘bandeira branca’ de Cuca em caso de violência sexual

Comentarista Ana Thaís Matos, do Grupo Globo, criticou possível comoção pública após o discurso do técnico Cuca
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A comentarista Ana Thaís Mattos questionou o discurso do técnico Cuca sobre o envolvimento em caso de violência sexual contra uma mulher, ocorrido em 1987, na Suíça. Em publicação no Instagram, nesta segunda-feira (11/3), a profissional do Grupo Globo criticou uma possível comoção pública após o pronunciamento treinador do Athletico-PR.

“Que me desculpem amigos e amigas que ficaram comovidos com a bandeira branca em forma de leitura de papel. Mas histórico para o futebol brasileiro foi a postura de algumas mulheres e alguns homens do jornalismo esportivo, e também de alguns atletas”, iniciou a jornalista.

“Não só no caso do retorno atual do agora técnico do Athletico, mas durante a passagem pelo Corinthians e a última pelo Galo. “No caso do ex-jogador do Santos [Robinho], no caso do Daniel Alves e entre outros menores nesses últimos cinco anos”, acrescentou Ana Thaís, citando outros futebolistas envolvidos em caso de violência sexual contra a mulher.

“Nunca mais uma mulher sofrerá violência no esporte, e a vida de um agressor seguirá normalmente. Nunca mais”, concluiu.

Discurso de Cuca

O técnico Cuca fez pronunciamento após a vitória do Athletico-PR sobre o Londrina, por 6 a 0, na Ligga Arena, pelas quartas de final do Campeonato Paranaense, nesse domingo (10/3).

Ele abordou o tema da violência sexual em função do ressurgimento da discussão do caso ocorrido na Suíça.

“Quero e me comprometo a fazer parte da transformação. Vou fazer isso com o poder da educação. Quero ajudar. Quero jogar luz, usar a voz que tenho para, ao mesmo tempo que me educo, educar também outros homens, principalmente os jovens que amam futebol. Sucesso repentino é desafio. Muitos se perdem pelo caminho com fama e dinheiro”, disse.

“Somos levados a acreditar que podemos tudo, inclusive desrespeitar as mulheres. Precisamos dar aos mais novos a oportunidade de não errarem como tantos de nós erramos. É ali que podemos sensibilizar, colocar para pensar, orientar. Sucesso, dinheiro e fama não servem para nada se você se perder no caminho”, completou.

Cuca disse que não ficará só no discurso. “Eu pensei que eu estava livre da minha angústia quando solucionei meu problema com a anulação do processo e a indenização. Mas entendi que não acabou porque não dependia apenas da decisão judicial, mas que eu precisava entender o que a sociedade esperava de mim. O que vocês vão ver de mim daqui para frente não serão palavras, serão atitudes. Mas obrigada por me ouvirem hoje.”

O caso envolvendo Cuca

Em 1987, ainda quando era jogador do Grêmio, Cuca e outros três atletas – Henrique Etges, Eduardo Hamester e Fernando Castoldi – foram detidos na Suíça por uma acusação de relação sexual com uma menor de idade sem consentimento.

Eles pagaram fiança e deixaram a cadeira. Dois anos depois, Cuca, Henrique e Eduardo foram condenados a 15 meses de prisão pelos crimes de coação e ato sexual com menor. Fernando foi condenado por coação. Eles estavam no Brasil e não cumpriram a pena.

No ano passado, Cuca pediu anulação do caso alegando que o julgamento de 1989 ocorreu à revelia, sem a presença da defesa.

O tribunal da Suíça anulou o caso por esse erro no processo, mas não entrou no mérito do julgamento que ocorreu décadas atrás. Cuca foi indenizado em 9,5 mil francos suíços (cerca de R$ 50 mil).

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