MORTE DE ZIRALDO

Torcedor do Flamengo, Ziraldo desenhou versões de mascotes de gigantes brasileiros

Apesar de ser mineiro, Ziraldo criou identificação com o rubro-negro e participou de diversas ações do clube

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Um dos maiores cartunistas do Brasil, Ziraldo citou diversos clubes em seus cartuns e foi o responsável por desenhar as mascotes de gigantes do futebol brasileiro na década de 1980. O escritor morreu neste sábado (6/4), aos 91 anos.

Torcedor do Flamengo, Ziraldo esteve envolvido com o rubro-negro carioca em diversas oportunidades. Ele escreveu o livro ‘O Mais Querido Em Quadrinhos’ e desenhou a logo ‘Eu amo o Fla’, além da marca do clube no centenário, em 2012.

O cartunista produziu a mascote dos 16 clubes que participaram da Copa União de 1987, o Campeonato Brasileiro daquela época. O jornalista foi contratado pelo Clube dos 13, que organizou a competição.

Além disso, participou das ilustrações do livro ‘Verdão, o Campeão do Século’, em alusão ao Palmeiras, e do ‘Todo Poderoso Timão em Quadrinhos’, relacionado ao Corinthians.

Em Minas Gerais, Ziraldo tinha certa identificação com o Atlético e homenageou Luan, ídolo do clube, ao criar uma versão do Menino Maluquinho em alusão ao jogador, que tinha esse apelido.

“Eu gosto de ver jogo do Atlético por causa do Luan. Aquele menino tem uma coisa diferente dos outros jogadores. Parece que ele joga por amor, com raça. Parece que a pilha dele não acaba nunca. Realmente, ele tem uns traços do Menino Maluquinho”, disse o escritor, à época, ao ge.

Homenagem dos clubes

Após o falecimento de Ziraldo, diversos clubes prestaram homenagens nas redes sociais. Veja, abaixo, algumas das mensagens:

Atlético: Ziraldo marcou época como cartunista. Ilustrou nosso Galo em diversas oportunidades, sendo também o criador do mascote infantil “Galo Ziraldo”. Em 2015, o “Menino Maluquinho” ganhou uma versão em homenagem ao atacante Luan, ídolo Atleticano! Eterno, Ziraldo!

Corinthians: Hoje, o Brasil se despede de um ícone da literatura e da ilustração. Nos deixou neste sábado (6), Ziraldo, chargista, desenhista, jornalista e escritor. Em suas obras, alguns trabalhos envolveram o futebol e o nosso Timão. O Corinthians se solidariza com amigos, familiares e todos os fãs do artista. Eternamente dentro dos nossos corações.

Cruzeiro: O Cruzeiro lamenta o falecimento de Ziraldo, grande cartunista e criador do Menino Maluquinho. Mineiro de Caratinga, suas obras fizeram parte da formação de crianças e jovens de todo o país. O desenhista e escritor também era um apaixonado pelo futebol e em 1987 desenhou os mascotes dos times, dentre eles, a nossa Raposa. Seu legado é eterno! Descanse em paz

Palmeiras: A Sociedade Esportiva Palmeiras lamenta o falecimento do desenhista e escritor Ziraldo, aos 91 anos. Criador de personagens icônicos, entre eles o Menino Maluquinho, Ziraldo lançou em 2010 o livro ilustrado “Verdão, o Campeão do Século”. Desejamos força aos familiares, amigos e fãs neste momento de dor e saudade.

São Paulo: O São Paulo lamenta o falecimento do grande artista Ziraldo.Em 1989, Ziraldo criou esta versão do nosso mascote, o Santo Paulo. Desejamos força aos familiares e amigos neste momento, com a certeza de que sua arte estará para sempre na história brasileira.

Morte e carreira de Ziraldo

Chargista, escritor e jornalista e um dos fenômenos da literatura brasileira, Ziraldo morreu neste sábado (06/4), aos 91 anos. A causa da morte não foi informada. O velório será amanhã, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), das 8h às 14h, e o sepultamento no Cemitério São João Batista, às 16h30, no Rio de Janeiro.

Nascido em 24 de outubro de 1932, em Caratinga, no Vale do Aço mineiro, Ziraldo Alves Pinto é o filho mais velho de uma família de sete irmãos. Foi batizado com a inusitada combinação entre os nomes da mãe, a costureira Zizinha, e do pai, o bancário Geraldo.

Menino, Ziraldo era conhecido por rabiscar todos os lugares por onde passava – da calçada às carteiras da sala de aula. Aos 7 anos, publicou seu primeiro desenho no extinto jornal Folha de Minas, de Belo Horizonte. Em 1949, mudou-se com o avô para o Rio de Janeiro, onde divulgou seu primeiro cartum nas páginas da revista A Cigarra.

Em 1957, ele se formou em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mudou-se novamente para o Rio de Janeiro. Lá, trabalhou na revista O Cruzeiro, publicação dos Diários Associados que circulou de 1928 a 1975. Foi ali que lançou, em 1959, a série de quadrinhos que o projetaria: a Turma do Pererê, formada por personagens bem brasileiros liderados por um saci, amigo do índio Tininim e da onça-pintada Galileu.

Essas histórias de Ziraldo, que valorizam a brasilidade, o meio ambiente e a inclusão social, uniram a leveza do humor à postura crítica diante da realidade sociopolítica do Brasil. O sucesso fez com que a turminha ganhasse um gibi à parte, cuja circulação durou até 1964 e se encerrou com a chegada da ditadura militar. A Editora Abril retomou a publicação entre 1975 e 1976.

Em 1963, Ziraldo tornou-se colaborador do Jornal do Brasil e da revista Pif Paf, dirigida por Millôr Fernandes (1923-2012). Suas charges eternizaram personagens do dia a dia brasileiro, como Jeremias, o Bom, símbolo dos conformados com a ditadura militar, e a Supermãe, espécie de caricatura da maternidade. Mineirinho, o Comequieto, por sua vez, era um conquistador machista.

Artista gráfico respeitado – com passagens em agências de publicidade –, Ziraldo assinou cartazes de vários filmes. Entre eles, Os fuzis (1974), Os cafajestes (1962) e Os mendigos (1962).

Seu best-seller “O Menino Maluquinho”, lançado em 1980, vendeu 3 milhões de cópias e ganhou 116 edições.

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