Quem é mais rico? Rubens Menin, investidor do Atlético, ou Pedro Lourenço, acionista do Cruzeiro? O tema certamente é alvo de debate entre torcedores dos dois clubes.
Ainda que seja difícil mensurar quanto dinheiro cada um tem nas contas bancárias, não há como negar a relevância das empresas das quais eles são sócios em Minas Gerais, estado com a segunda maior população no Brasil – 20,5 milhões de habitantes – e que fechou o ano de 2023 com Produto Interno Bruto (PIB) acima de R$ 1 trilhão.
O No Ataque reuniu informações sobre os negócios de cada empresário. Enquanto Rubens Menin se dedica aos setores de construção civil e de serviços financeiros, Pedro Lourenço se tornou referência no comércio e distribuição de alimentos.
Rubens Menin: MRV e Banco Inter
Nascido em Belo Horizonte, Rubens Menin Teixeira de Souza, de 67 anos, é engenheiro civil formado na UFMG. Em 1979, ele foi um dos fundadores da MRV, construtora que atua no ramo de empreendimentos residenciais.
Em 45 anos de atividade, a MRV já lançou mais de 550 mil imóveis em 160 cidades brasileiras. A incorporadora diz focar em três conceitos para os seus produtos: localização, preço e formas de pagamento.
Em 2023, a MRV atingiu o recorde de faturamento, de R$ 8,54 bilhões, embora tenha encerrado o ano com prejuízo de R$ 29,8 milhões. A construtora espera alcançar receita de R$ 10 bilhões em 2026.
A MRV é muito visada no meio do futebol por ser detentora dos naming rights do estádio do Atlético até 2033. Inaugurada em agosto de 2023, a arena no bairro Califórnia, em Belo Horizonte, comporta 46 mil torcedores.
Rubens Menin tem 32,5% das ações da MRV, cujo valor de mercado na Bolsa de Valores (B3) é de quase R$ 4 bilhões.
Banco Inter
Em 1994, a família Menin criou o banco Intermedium, inicialmente com o objetivo de conceder crédito imobiliário. A instituição cresceu de forma substancial a partir de 2017, quando divulgou a nova identidade visual, adotou o nome Inter e se concentrou na abertura de contas digitais por aplicativo para smartphones.
O banco Inter saltou de pouco menos de 200 mil correntistas, em 2017, para os atuais 30,7 milhões, conforme o Banco Central do Brasil. No ranking de clientes, ocupa o 11º lugar, abaixo de Caixa (151 milhões), Bradesco (106 milhões), Itaú (100 milhões), Nubank (89,7 milhões), Banco do Brasil (75 milhões), Santander (67 milhões), Original (54,9 milhões), Mercado Pago (52,7 milhões), AME Digital (32,4 milhões) e Pagbank (31,4 milhões).
No balanço do primeiro trimestre de 2024, o Inter contabilizou lucro de R$ 195 milhões e receita de R$ 1,401 bilhão. Já a carteira de crédito (lista de todos os empréstimos e financiamentos em andamento) atingiu R$ 32 bilhões. Com isso, o patrimônio líquido gira em torno de R$ 8,5 bilhões.
Também integram o grupo de Rubens Menin os veículos de comunicação Rádio Itatiaia e CNN Brasil; a vinícola Menin Douro Estates, sediada em Portugal; e a Log Commercial Properties, focada no aluguel de galpões.
Pedro Lourenço: Supermercados BH
Pedro Lourenço de Oliveira, de 68 anos, nasceu em Paineiras, a 270 quilômetros de Belo Horizonte. O município de pouco mais de 4 mil habitantes fica próximo às cidades de Abaeté e Martinho Campos, onde o empresário possui propriedades rurais.
De origem humilde, Pedrinho estudou somente até a quarta série e se mudou para a capital no início da década de 1970, aos 18 anos. Por ter trabalhado durante grande parte da vida em supermercados, ganhou conhecimento para abrir o próprio negócio.
A primeira unidade dos Supermercados BH foi inaugurada em 1996, quando Lourenço já tinha 40 anos. Desde então, a companhia decolou em meio à estratégia de apostar no volume de vendas, ainda que precisasse diminuir a margem de lucro.
Quinto maior faturamento do Brasil
Hoje, o BH conta com mais de 300 lojas – 35 delas no Espírito Santo – e gera 35 mil empregos. Em 2023, a empresa registrou o quinto maior faturamento do segmento do país: R$ 17 bilhões. Os dados são da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
- Carrefour: R$ 115,458 bilhões
- Assaí Atacadista: R$ 72,875 bilhões
- Mateus Supermercados: 30,245 bilhões
- GPA – Extra e Pão de Açúcar: R$ 20,617 bilhões
- Supermercados BH: R$ 17,388 bilhões
- Irmãos Muffato & Cia.: R$ 15,658 bilhões
- Grupo Pereira: R$ 13,196 bilhões
- Cencosud Brasil Comercial: R$ 11,18 bilhões
- Mart Minas: R$ 9,436 bilhões
- Koch Hipermercado: R$ 7,996 bilhões
Segundo a Abras, a margem média de lucro do setor no Brasil é de 2,9%. Assim, caso o Supermercados BH tenha alcançado esse percentual, somente o superavit em 2023 ultrapassou R$ 500 milhões.
Claro que nem todo esse valor vai para o bolso de Pedro Lourenço, pois a empresa investe na abertura de mais unidades e há ainda a presença de sócios, sendo o principal deles Waldir Rocha Pena.
As participações em Atlético e Cruzeiro
Rubens Menin e Pedro Lourenço estão envolvidos com Atlético e Cruzeiro muito antes de se tornarem acionistas. Conselheiros dos clubes, eles colaboraram num primeiro momento com cotas de patrocínio e empréstimos para a compra de jogadores.
No Galo, Menin integrou o grupo popularmente denominado “4 Rs”, que tinha o seu filho mais velho, Rafael Menin; o banqueiro e ex-presidente do clube, Ricardo Guimarães; e o empresário Renato Salvador.
De 2020 a 2023, o quarteto participou de decisões estratégicas no Atlético, sobretudo a partir do mandato do presidente Sérgio Coelho, iniciado em 2021 – ano em que o clube ganhou o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil e o Brasileirão.
No Cruzeiro, Pedro Lourenço presta auxílio há pelo menos 15 anos. Um dos episódios mais notáveis foi em 2015, quando o dono do BH ajudou a Raposa a comprar 50% dos direitos econômicos do uruguaio Giorgian De Arrascaeta.
Pedrinho cumpriu com a própria parte, de 2 milhões de euros, pagos à vista, enquanto o Cruzeiro atrasou 15 das 29 parcelas de 70 mil euros dos 2 milhões restantes, a ponto de o caso ser discutido na Fifa.
Lourenço também fez operações financeiras para colocar os salários de jogadores e funcionários em dia. A partir de 2022, o empresário se tornou grande parceiro da gestão do ex-jogador Ronaldo Nazário, primeiro investidor da SAF do Cruzeiro.
Qual a participação de cada um nos clubes?
Rubens Menin, em parceria com o filho Rafael, chegou a ter mais de 50% das ações da SAF do Atlético. Contudo, em razão do aporte de R$ 200 milhões do banqueiro Daniel Vorcaro, a cota dos donos da MRV caiu para 41,8%.
SAF do Atlético
- Rubens e Rafael Menin: 41,8%
- Associação: 25%
- Galo Forte FIP: 20,2%
- Ricardo Guimarães: 6,3%
- FIGA (ainda a pagar): 6,7%
Pedro Lourenço, por sua vez, criou a BPW Sports Ltda, empresa que terá o controle de 90% da SAF do Cruzeiro, anteriormente pertencente à Tara Sports, de Ronaldo Fenômeno.
A BPW está no nome de dois dos três filhos de Pedrinho – Bruno Santos de Oliveira e Pedro Junio de Oliveira – e de Waldir Rocha Pena.
SAF do Cruzeiro
- BPW Sports (Pedro Lourenço): 90%
- Associação: 10%
Rubens Menin e os demais acionistas do Atlético pagaram R$ 913 milhões por 75% da SAF e assumiram a dívida de R$ 1,2 bilhão.
No Cruzeiro, Pedrinho desembolsará R$ 500 milhões por 90% da empresa e administrará os débitos em torno de R$ 750 milhões repactuados no plano de recuperação judicial.
Afinal, quem é mais rico, Menin ou Pedrinho?
Rubens Menin e Pedro Lourenço nunca comentaram publicamente o tamanho de suas fortunas. Todavia, há quem faça os cálculos de quanto dinheiro os magnatas têm.
A Forbes, revista especializada em negócios e economia, já estimou o patrimônio de Menin em US$ 3,9 bilhões em 2021 (R$ 19,5 bilhões), graças à alta das ações da MRV na B3 naquela época (R$ 16,50 a unidade).
Hoje, de acordo com a Forbes, Menin seria detentor de US$ 1,8 bilhão (R$ 9,5 bilhões). Já Pedro Lourenço teria R$ 7,5 bilhões – número citado em reportagens do Lance! e da Folha de S.Paulo. Portanto, o investidor atleticano estaria à frente do cruzeirense.
Independentemente de quem for mais milionário, Menin e Pedrinho são esperanças de dias melhores para os clubes que entraram em bola de neve de dívidas de gestões passadas e tentam se manter competitivos diante de adversários com orçamentos vultosos.
Ranking de receitas dos clubes em 2023*
- Flamengo – R$ 1,36 bilhão
- Corinthians – R$ 936 milhões
- Palmeiras – R$ 817 milhões
- São Paulo – R$ 579 milhões
- Athletico-PR – R$ 510 milhões
- Bragantino – R$ 488 milhões
- Fluminense – R$ 458 milhões
- Atlético – R$ 434 milhões
- Santos – R$ 424 milhões
- Internacional – R$ 423 milhões
- Grêmio – R$ 421 milhões
- Botafogo – R$ 388 milhões
- Vasco – R$ 363 milhões
- Fortaleza – R$ 257 milhões
- Cruzeiro – R$ 243 milhões
- América – R$ 195 milhões
- Bahia – R$ 176 milhões
- Cuiabá – R$ 164 milhões
- Goiás – R$ 98 milhões
- Coritiba – R$ 70 milhões
* Pesquisa feita por No Ataque nos balanços dos clubes com base nas categorias de receita: televisão/premiação, transferências de jogadores,, patrimoniais/sociais/licenciamento/royalties, patrocínios/comerciais/publicidade/marketing e sócio/bilheteria