Por Josué Seixas – O zagueiro Kayk Almeida, 21, presenciou o momento em que o goleiro Ramón Souza, 22, foi atingido por uma bala de borracha na coxa esquerda dentro de campo após o jogo entre Grêmio Anápolis e Centro Oeste. Eles são companheiros de time e estavam lado a lado.
De acordo com Kayk, ambos foram em direção ao tumulto para dispersar os jogadores. A confusão teria começado entre o gandula do time e o goleiro adversário, Luan.
“Tanto eu quanto o Ramón fomos para tirar os meninos ali da confusão. Reclamamos porque queríamos que o goleiro adversário fosse punido por ter agredido o nosso gandula. O policial me empurrou e apontou a arma para mim, meio que na cabeça e no peito, e ouvi quando ele engatilhou. Andamos para trás e o Ramon falou duas, três vezes, para ele abaixar a arma. Foi aí que ele atirou”, contou à reportagem.
Dali em diante, Kayk e outros companheiros tentaram ajudar no socorro de Ramón. Ele revela que ficou com medo e se sentiu desrespeitado com tudo o que aconteceu.
“O Ramón saiu correndo depois do tiro e se abaixou assim, na beira do campo, com a mão na cabeça. Foi muito sangue. Ele tomou cinco pontos. Realmente não poderá mais jogar com a gente nessa reta final desse campeonato, que já está acabando, e ele era o nosso goleiro titular. A gente sai de casa com um sonho de jogar futebol e acontece uma situação dessas”, lamentou.
Família apoia o goleiro
No relato registrado no boletim de ocorrência, Ramón afirma que pediu ao policial que abaixasse a sua arma, mas foi atingido logo em sequência, momento em que saiu gritando e correndo com dor. Enquanto isso, afirma o goleiro, o policial perguntava aos outros jogadores: ‘Quer também?’, com a arma apontada na direção deles.
A mãe do atleta afirmou à Folha que ele não jogará mais durante a Divisão de Acesso do Campeonato Goiano por conta do ferimento e que, devido à grande perda de sangue, chegou a desmaiar em campo.
“Estava muito calado, acho que com uma tristeza muito grande. Ele sangrou muito e desmaiou em campo. Ele disse que queimava muito, doía muito, perdeu as forças. A ambulância demorou bastante para fazer o socorro, mas, graças a Deus, ainda assim foi um grande livramento. Eu não consegui pregar o olho e fico imaginando se fosse em outro lugar, se esse policial atira na barriga dele, coisa assim, poderia ter causado algo muito mais sério”, lamentou Carliane.
A Polícia Militar informou, por meio de nota, que foi determinada a abertura de um procedimento administrativo para apurar os fatos com rigor.
A corporação disse que reafirma o seu compromisso com o cumprimento da lei e reitera que não compactua com qualquer desvio de conduta praticado por seus membros.