O jornalista Mauro Cezar Pereira questionou o colégio eleitoral da Bola de Ouro após o atacante brasileiro Vinicius Júnior ficar na segunda colocação da edição 2024 do prêmio, vencido pelo volante espanhol Rodri. Na opinião de Mauro, a premiação da revista France Football é superestimada e determinada por pessoas não especializadas no futebol mundial.
“Dou a mínima a esse prêmio. Acho uma bobagem colossal tratá-la com uma importância que não deveria ter. Um prêmio individual para um esporte coletivo. O colégio eleitoral é muito questionável. As pessoas que elegem não são dedicadas, comprovadamente, à observação, atenta e profunda, do futebol pelo mundo, para a escolha do melhor jogador. Os jogadores também têm culpa pelo ego e pelo dinheiro que podem ganhar com a evidência do prêmio. Acho esse prêmio superestimado”, iniciou Mauro, em vídeo do Uol Esporte, nesta terça-feira (29/10).
Mauro Cezar também apontou a luta de Vini Jr. contra o racismo na Espanha como determinante para a perda do prêmio. Segundo o jornalista, a Europa é conivente com casos de discriminação racial e desmerece o enfrentamento do brasileiro contra os racistas.
“Ele [Vini] arrumou muitos inimigos quando decidiu não ser mais chamado de ‘macaco’, entre outras coisas. Ele comprou uma briga com uma sociedade que tolera o racismo. No Brasil, estamos mais avançados na questão do racismo do que muitas nações consideradas mais evoluídas. Vini comprou uma briga que transcende o racismo. Ele foi rotulado de abusado, de provocador, mas isso veio depois que ele se posicionou contra o racismo. A luta dele contra o racismo também influencia nos votos de um colégio eleitoral muito questionável”, concluiu.
Como funciona a eleição da Bola de Ouro?
A definição do vencedor ocorreu a partir dos votos de jornalistas dos 100 países mais bem colocados no ranking da Fifa. A escolha dos 30 jogadores que concorreram à Bola de Ouro foi feita pela redação da France Football em parceria com o jornal L’Equipe, o melhor jurado da edição anterior (Costa Rica) e o ex-jogador português Luís Filipe Figo, embaixador da Uefa.
Cada participante da votação precisou escolher dez atletas, que contabilizaram 15 pontos, 12, 10, 8, 7, 5, 4, 3, 2 e 1 ponto, respectivamente. O jogador com a maior somatória, que foi Rodri, recebeu a bola de ouro.
Em entrevista ao Estadão, em 2023, Cléber Machado explicou como surgiu o convite para votar na Bola de Ouro.
“A Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo (Aceesp) tinha um horário num campo de futebol atrás do shopping Center Norte, da Fupe, e a gente ia jogar bola lá de manhã. E entre quem jogava tinha um jornalista francês que trabalhava na Gazeta Esportiva e escrevia para a France Football. Ele me disse que estavam ampliando o colégio eleitoral do prêmio e perguntou se poderia me sugerir. Depois começaram a me enviar e-mail e desde então estou votando anualmente”, explicou Cléber.
Vini Jr. fica sem Bola de Ouro
O espanhol Rodri Hernández, do Manchester City, superou Vinicius Junior e foi eleito Bola de Ouro 2024, prêmio da France Football e da UEFA que elege o melhor jogador do mundo na temporada 2023/2024.
Vencedor da Liga dos Campeões na temporada passada, o atacante brasileiro ficou na segunda colocação. Tanto ele quanto o restante da delegação do Real Madrid cancelaram a presença no evento após receberem a informação que Vini Jr não venceria o prêmio.
Já Rodri, última temporada, que vale para a eleição da Bola de Ouro, foi fundamental para conquistar a Eurocopa com a Espanha. O volante foi eleito o melhor jogador do torneio pela UEFA.
Além disso, venceu a Premier League e o Mundial de Clubes pelo Manchester City. No total, ele teve 12 gols e 14 assistências em 63 partidas na última temporada, somando números por clube e seleção.