O dia 1º de abril de 2025 marcou o aniversário de 61 anos de uma das maiores manchas da história do Brasil: o golpe militar de 1964, que depôs o presidente João Goulart e deu início à longa e truculenta Ditadura Empresarial-Militar. No entanto, a grande maioria dos clubes de futebol do país – instituições que são polo da identidade cultural e social brasileira – escolheu ignorar a data. Apenas nove times das Séries A, B, C e D se manifestaram.
A maior parte das equipes que se posicionaram é da Série A do Campeonato Brasileiro. Foram seis: Vasco, Botafogo, Bahia, Corinthians, Sport e Internacional. Embora baixo, o número é maior do que o do ano passado, quando apenas quatro se lembraram da data.
As três outras divisões têm cada uma um representante. Na Série B, o Remo; na Série C, o Náutico e, na Série D, o Sousa-PB. Veja, abaixo, como cada clube se manifestou.
Vasco
O clube carioca se manifestou ainda no dia 31 de março – data que divide com o dia 1º de abril o posto de “aniversário” do golpe, pois o movimento para a retirada de João Goulart do poder teria começado no dia 31 e acabado no dia 1º do mês seguinte.
O Vasco fez um post com a cruz de malta e o lema “Ditadura nunca mais”. Na legenda, escreveu: 31 de Março. Lembrar para não se repetir. #DemocraciaSempre”.
Bahia
O clube baiano destacou estrofe da música “Para não dizer que não falei das flores”, música lançada em 1968 que foi um dos ícones da resistência contra a Ditadura.
“Os amores na frente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinanro uma nova lição”
Na legenda, o Bahia escreveu: “Democracia! #NuncaMais”.
Botafogo
O Botafogo fez post destacando o mesmo lema do rival Vasco: “Ditadura nunca mais”. Abaixo, ainda havia os dizeres: 61 anos do Golpe de Estado no Brasil e, ao fundo do letreiro, imagens de jornais na época da Ditadura. Na legenda, o alvinegro escreveu: “Pela Democracia!”.
Corinthians
O Corinthians foi, talvez, o clube brasileiro mais ativo na resistência à Ditadura. Lá, na década de 1980, grupo de jogadores encabeçados pelo meia Sócrates, grande ídolo do time alvinegro, iniciaram o movimento “Democracia Corinthiana”, que criou uma espécia de “autogestão” do time e promoveu diversos atos pelo fim do regime militar.
O clube escolheu destacar justamente isso no dia 1º de Abril, publicando foto de braço erguido com punho cerrado e tatuagem de Sócrates. O meia fazia esse movimento com o braço para comemorar seus gols como um símbolo da luta contra a Ditadura. A imagem veio com os seguintes dizeres: ganhar ou perder, mas sempre com democracia.
Na legenda, o Corinthians escreveu: “A Democracia Corinthiana é um dos capítulos mais poderosos da nossa história. E é por isso que fazemos questão de lembrar: memória é resistência. Hoje, relembramos os dias 31 de março e 1º de abril de 1964 — quando um Golpe de Estado deu início à Ditadura Militar no Brasil. Ditadura nunca mais. Democracia, sempre”.
Sport
O clube pernambucano também publicou arte com o lema “Ditadura nunca mais”, além dos seguintes dizeres: “Para que nunca se esqueça, para que nunca se repita”.
Internacional
Além do slogan “Ditadura nunca mais” estilizado em arte com o estádio Beira-Rio ao fundo, o Inter escreveu na legenda do post nas redes sociais: “Há 61 anos, o Brasil vivia um período sombrio de sua história. Em memória às vítimas e em respeito à liberdade, o Clube do Povo reitera o seu compromisso com a democracia e os direitos humanos: ditadura nunca mais!”.
Remo
O Remo também destacou o slogan “Ditadura nunca mais”, além da frase: “Em memória às vítimas e em defesa da democracia!”. Na legenda do post, o clube paraense escreveu: Lembrar para nunca esquecer, para nunca se repetir”.
Náutico
Único representante da Série C na lista, o clube pernambucano publicou foto de protesto, em que há destaque para faixa com a frase: “Abaixo a Ditadura. Povo no poder”. À frente da imagem, o Náutico colocou outra frase: “Não há futebol sem torcida, nem país justo sem democracia. #DitaduraNuncaMais” e, na legenda, escreveu: “Pela democracia e pela liberdade”.
Sousa
O Sousa escolheu publicou famosa foto de um evento específico da Ditadura, em que dois policiais correm atrás e derrumam um estudante que protestva contra o regime: “No dia 21 de Junho de 1968 estudantes foram às ruas protestar contra ditadura militar naquela que ficou conhecida como a “sexta feira sangrenta”, apenas um episódio entre tantos outros desse período nefasto! Que não se repita nunca mais! Democracia sempre”.