O jornalista Gean Oddi publicou vídeo, nesta quarta-feira (9/4), em que explica o afastamento imposto pela ESPN Brasil após críticas à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Além dele, a emissora suspendeu outros cinco profissionais por dois dias.
Dimas Coppede (editor-chefe), William Tavares (apresentador), Gian Oddi, Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida e Victor Birner (comentaristas) foram os afastados pela ESPN.
O grupo participou da edição dessa segunda-feira (7/4) do Linha de Passe, que repercutiu a reportagem da Revista Piauí sobre irregularidades na gestão de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF.
Diferente do que havia sido divulgado na imprensa anteriormente, Oddi afirmou que o afastamento durou dois dias, e não um. O jornalista ainda destacou que voltará à programação da emissora porque sabe que terá liberdade para dizer o que pensa.
“Se volto ao Linha de Passe nesta quinta é porque tenho a consciência de que vamos continuar falando as coisas da maneira que sempre falou, com a liberdade que sempre tive desde que entrei na ESPN há mais de 15 anos”, disse.
“Se não fosse para ser assim, sinceramente, nem voltaria. Nem à ESPN e talvez nem faria jornalismo esportivo, porque é uma parte importante do que a gente faz. Vou continuar agindo desta maneira”, completou o jornalista.
Argumentação da ESPN
A versão de Oddi vai de encontro com o apurado pelo No Ataque anteriormente. O jornalista afirmou que a ESPN justificou o afastamento pela responsabilidade do assunto, que foi debatido sem aviso prévio aos diretores da emissora.
“A argumentação que a gente recebeu é que certos processos precisam ser seguidos para um programa do gênero, e não foram. Até para que a direção da ESPN pode estar preparada para as consequências. Essa foi a argumentação”, disse.
Afastamento de jornalistas
Segundo fonte ligada à emissora, pela complexidade do tema, a ESPN afirmou que priorizaria a divulgação de um ‘Linha de Passe especial’ durante a grade de programação e intervalos comerciais.
Com a ausência do sexteto, o Linha de Passe dessa terça-feira (8/4) teve André Pilhal na apresentação e André Kfouri, Breiler Pires, Eugênio Leal e Leonardo Bertozzi como comentaristas.
O No Ataque procurou a CBF para um posicionamento sobre a suspensão dos jornalistas, mas não teve retorno até a publicação desta maneira.
Denúncias contra presidente da CBF
No início deste mês, Piauí divulgou a matéria ‘Coisas extravagantes, uma radiografia da gestão de Ednaldo Rodrigues na CBF‘, assinada pelo repórter Allan de Abreu.
A matéria informa que a CBF aumentou os salários dos presidentes das federações estaduais de R$ 50 mil para R$ 215 mil – reajuste de 330%.
Ednaldo Rodrigues foi reeleito presidente da CBF por mais quatro anos de mandato no dia 24 de março. Candidato único, ele conquistou 100% dos votos das federações estaduais e dos clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro.
Ídolo do futebol mundial, Ronaldo chegou a se candidatar, mas optou por se retirar da disputa, pois não conseguiu interlocução com as federações.
Outras denúncias da Piauí
De acordo com a revista, durante a Copa do Mundo do Catar “só as despesas extras da mulher do presidente da CBF na hospedagem bateram em 37 mil reais”.
Além dela, um grupo de 49 brasileiros usufruiu de mordomia durante o último Mundial, com tudo pago pela CBF.
“Muitos tiveram atendimento vip na chegada ao Aeroporto Internacional de Doha, alguns voaram de primeira classe e pelo menos um ganhou cartão corporativo para gastar livremente até 500 dólares por dia (2,5 mil reais). Tudo à custa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a mais alta entidade do futebol nacional, embora nenhum dos 49 tivesse relação direta com a confederação ou as federações estaduais”, diz a revista.
A reportagem da Piauí ainda detalha as extravagâncias de Ednaldo Rodrigues no comando da CBF: das despesas com parlamentares aos gastos milionários com advogados estrelados, além da contratação de garotas de programas para atender convidados em viagens.