
A decisão do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC) que absolveu Daniel Alves em março gerou polêmica e um intenso debate ao redor do mundo com opiniões divergentes. O Ministério Público e a acusação anunciaram, inclusive, que recorreriam à Suprema Corte.
Inicialmente, o ex-jogador foi condenado a quatro anos e meio de prisão por um crime de agressão sexual. Agora, no entanto, o brasileiro é um homem livre e todas as medidas cautelares foram suspensas.
Especialista vai ao Ministério Público e aponta erro
Nesse cenário, o perito forense Antonio Alonso, ex-diretor do Instituto Nacional de Toxicologia e Ciências Forenses, se manifestou nesta semana com uma informação que pode mudar a sentença. Esse profissional enviou uma carta ao Ministério Público na qual adverte sobre um suposto erro, por parte do TSJC, na interpretação de um dos testes.
A situação foi revelada no programa Tot es mou, da TV3, por Rebeca Carranco, jornalista especializada em crime, que também é autora de um artigo publicado no jornal El País sobre o caso.
“Ele [Antonio Alonso] enviou uma carta à Procuradoria onde explica que o TSJC teria cometido um erro interpretativo ao falar sobre a felação que Daniel Alves afirma que a mulher lhe deu e que ela nega”, começou por explicar a jornalista.
“O que esse especialista forense diz? Ele diz que isso não pode ser afirmado, pois o TSJC afirma que havia esmegma na boca da mulher. O TSJC diz que, como há esses restos na boca dela, é muito provável que o que Dani Alves diz, que ele fez sexo oral nela, seja verdade. Portanto, esse é um elemento que tira a confiabilidade dessa mulher e eles censuram o Tribunal de Barcelona por não ir mais longe com as perguntas”, continuou Rebeca na TV3.
No entanto, essa especialista forense ressalta que, embora tenham sido encontradas partículas muito pequenas contendo o DNA de Daniel Alves na boca da jovem, “não há nenhuma indicação de que elas tenham traços de próstata e não se pode dizer que seja esmegma”, diz a jornalista. Ela acrescenta que essas partículas seriam “compatíveis com saliva e até com algo secundário, que eles tivessem bebido do mesmo copo”.
No entanto, a jornalista da TV3 também esclareceu que a apresentação desse documento não significa que Daniel Alves não será mais absolvido. “Mas há uma sombra de dúvida sobre um dos elementos que é uma pequena parte de um caso muito complexo”, disse ela.
A questão, no entanto, dificilmente pode mudar a sentença. É o que aponta a própria reportagem de El País.
“Diversas fontes judiciais consultadas por este jornal consideram muito difícil que isso possa ser usado como argumento no recurso, já que os motivos de cassação perante o Supremo são muito restritos e não permitem debater, novamente, sobre fatos já avaliados”, publicou.