FUTEBOL INTERNACIONAL

Ex-ator mirim de cinema no Brasil brilha como artilheiro na Tailândia

Natural de Santa Luzia, na Grande BH, Alberto Gouvêa celebra título com o Rasisalai United, da Terceira Divisão tailandesa

Quem conheceu Alberto Gouvêa ainda criança, nas telas do cinema brasileiro, talvez não imaginasse que aquele menino, acostumado aos holofotes e às câmeras, fosse um dia trocar os sets de filmagem pelos gramados do outro lado do mundo. Hoje com 26 anos, o luziense radicado no Bairro São Benedito, em Santa Luzia, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte, construiu uma carreira sólida no futebol tailandês e acaba de viver sua melhor temporada desde que chegou à Ásia.

Atualmente vestindo a camisa do Rasisalai United, clube da Terceira Divisão da Tailândia, Alberto foi artilheiro da competição com 22 gols e peça fundamental na conquista do título da liga em 2024.

“Foi um ano memorável. A competição é muito difícil, são muitos clubes, muitos jogos, e conseguir esse desempenho foi algo especial. A sensação de levantar a taça e saber que ajudei o time a chegar lá foi indescritível”, afirma.

A paixão pelo futebol surgiu antes mesmo da fama como ator mirim. “Desde pequeno, sonhava com o futebol. Imaginava cada lance, cada comemoração. O cinema aconteceu, foi lindo, me levou a viver experiências únicas. Mas o futebol sempre foi o que fazia meu coração bater mais forte”, explica Alberto, que atuou em comerciais e filmes nacionais quando era criança.

Seu último trabalho como ator foi no filme “O segredo dos diamantes”, de Helvécio Ratton, lançado em 2014, quando contracenou com a atriz Dira Paes.

“O personagem na época foi o protagonista e tive oportunidade de atuar ao lado de grandes profissionais. Atores e atrizes conhecidos no Brasil e no mundo. Fiz outros trabalhos como ator, mas o maior mesmo foi esse filme”, conta.

Alberto Gouvêa (à direita na foto) em imagem do filme “O segredo dos diamantes”. Foto: Estevam Avellar/Divulgação

De volta a Santa Luzia

A adaptação à vida fora do Brasil, especialmente na Tailândia, exigiu coragem e resiliência.

“No começo, tudo parecia impossível. O idioma era muito difícil, cheguei a pensar que não conseguiria aprender. Mas como minha mãe me colocou em cursos de inglês desde cedo, mesmo eu não gostando na época, isso me ajudou demais. Consegui usar o inglês para me virar e depois fui aprendendo tailandês só ouvindo e convivendo com o pessoal do clube e da cidade.”

De férias no Brasil, Alberto fez questão de retornar à cidade onde nasceu e cresceu. O reencontro com Santa Luzia, especialmente com o Bairro São Benedito, teve sabor especial.

“Aqui foi onde tudo começou. Cada rua tem uma lembrança. Lembro das peladas com os amigos, da alegria simples de jogar bola na rua. Voltar pra cá, mesmo que por pouco tempo, me dá força. É como se recarregasse minhas energias. Sinto gratidão por tudo isso.”

A carreira de Alberto Gouvêa

A distância da família e dos amigos pesa, mas ele mantém o foco. “É um desafio diário, tem dias que a saudade aperta muito. Mas eu sei que estou vivendo meu sonho e que, nas férias, posso voltar e estar com quem amo. Isso me acalma e me dá mais motivação.”

Sobre a carreira artística, ele é direto, mas não descarta possibilidades futuras. “Hoje em dia não me vejo mais atuando. O futebol é onde me sinto vivo, feliz. Mas a vida dá voltas, quem sabe um dia, depois que eu me aposentar, eu volte a atuar.”

E o futuro? Alberto ainda sonha em jogar profissionalmente no Brasil: “Não tenho um time do coração em especial, mas quero sim um dia voltar e mostrar meu futebol no meu país. Acredito que Deus vai abrir essa porta no momento certo”.

Enquanto isso, ele segue fazendo história no outro lado do mundo – com a bola nos pés, o sorriso no rosto e Santa Luzia sempre no coração.

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