Parte da história da Placar, renomada revista esportiva brasileira, mas, sobretudo, parte da história do Brasil. Essa é a proposta do documentário “Placar: A Revista Militante”, que chegará aos cinemas em 14 de agosto e tem pré-estreia em Belo Horizonte nesta terça-feira (29/7), a partir das 19h30, no Centro Cultural Unimed-BH Minas.
A sessão – que é aberta ao público, com ingressos custando R$ 12 e à venda via on-line ou presencialmente – terá como diferencial um bate-papo com os jornalistas Ricardo Corrêa e Sérgio Xavier Filho, realizadores do projeto, após a exibição do filme.
Na noite dessa segunda-feira (27/7), os diretores do longa estiveram no Mineirão em uma apresentação semelhante para integrantes da imprensa esportiva mineira. O encontro teve como convidados, ainda, os ex-jogadores Reinaldo, do Atlético, e Dirceu Lopes, do Cruzeiro.
Em quase 1h30 de imagens e entrevistas, a revista Placar é reconstruída na grande tela – ora como protagonista, ora como coadjuvante dos cenários sociais, culturais e políticos do Brasil.
Para quem gosta de bastidores, um prato cheio. A elaboração de reportagens marcantes é desvelada no documentário, com destaque para os dribles à censura sofrida pela imprensa na época da Ditadura, a relação com craques de diferentes gerações e a detalhada apuração que deu origem à matéria que denunciou a máfia da loteria, entre outros.
Pela voz de jornalistas que trabalharam na revista e de personalidades do futebol, o filme resgata a história da Placar com todas as suas facetas, positivas e negativas. Astros como Pelé, Zico e Casagrande têm contribuição preciosa para a cronologia da obra.
Capítulo à parte é o trecho que conta a “logística” para fotografar Pelé em uma comunidade do Rio de Janeiro, nos anos 1980, com a camisa das Diretas Já, e a “tática” adotada para garantir que o registro icônico fosse publicado.
“Futebol, sexo e rock n’ roll”
Outro momento marcante é a transição editorial, em meados de 1995, para uma revista “mais moderna”, na forma e no conteúdo, focada em atrair público mais jovem. Foi a era do slogan “Futebol, sexo e rock n’ roll”.
Nesse contexto, Ricardo Corrêa aproveitou para fazer um mea-culpa sobre o enfoque machista adotado pela Placar, que usava e abusava da objetificação de mulheres para agradar a ala masculina e alavancar as vendas. “Fizemos coisas das quais hoje me envergonho. Porém, faziam parte do contexto da época”, disse.
Sérgio Xavier Filho conta que o fio condutor do longa foi mostrar que o futebol ultrapassa a fronteira do entretenimento: “Nossa intenção foi mostrar como o jornalismo pode e deve se engajar para denunciar o que está errado na sociedade. A Placar sempre foi assim, e por isso nós a chamamos de ‘revista militante’, no melhor sentido da palavra”.