ENTREVISTA COM NELINHO

A vida de Nelinho como dono de academia em BH: ‘Minha salvação’

Academia no bairro Sion, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, leva o nome da esposa de Nelinho, Wanda Bambirra

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Nelinho ainda jogava no Atlético quando começou a pensar no que faria após se aposentar do futebol. Ele adquiriu um terreno na Avenida Uruguai, no bairro Sion, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, na época em que se transferiu do Cruzeiro para o Galo, em 1982. Sua esposa, Wanda Bambirra, era professora de balé na Escola Estadual Bueno Brandão, na Savassi. Partiu dela a ideia de construir um empreendimento que proporcionou uma tranquilidade financeira para a família.

Inicialmente, não havia condições financeiras para implantar a academia. Contudo, Nelinho resolveu arriscar, conforme contou em entrevista ao No Ataque. “Pedi um dinheiro emprestado aos bancos, alguns diretores do Atlético eram diretores dos bancos Agrimisa e Mercantil do Brasil. Com isso, consegui construir uma parte em 1984. Ali era só balé clássico para criança e para adulto”.

Com o sucesso do negócio e a procura por atividades de ginástica e musculação, Nelinho decidiu expandir o leque de modalidades. “Comecei a implementar, a coisa foi melhorando, o pessoal visava esse negócio de academia”. O ex-jogador não tem dúvidas ao comentar a importância da empresa para a sua vida. “Foi minha salvação, por que eu falava: ‘o que vou fazer quando parar de jogar futebol’?”.

Piscina da academia Wanda Bambirra - (foto: Divulgação)
Piscina da academia Wanda Bambirra(foto: Divulgação)

Em funcionamento desde 1985, a academia Wanda Bambirra fica na Avenida Uruguai, número 473, no Sion, em BH. Atualmente, oferece aulas de balé clássico e infantil, dança, hidroginástica, artes marciais (judô, jiu-jitsu, karatê e outras), natação para adultos e crianças, pilates e parkour. O prédio de Nelinho ainda tem espaços alugados para restaurantes e lanchonetes.

Hoje com 75 anos, o ex-jogador diz que o momento é de parar para curtir os netos. Por isso, terceirizou alguns serviços. “Estou cansado, querendo aproveitar a vida, o que me resta. Então comecei a alugar algumas partes da academia, a musculação eu já saí. Eu permaneço nas áreas de natação, hidroginástica, lutas e balé clássico”.

Nelinho vai à academia somente pela manhã. À tarde, dedica o tempo à mulher e aos netos. Inclusive, o ídolo de Cruzeiro e Atlético afirma que, se possível, venderá toda a estrutura. “A minha ideia principal era vender tudo, não só alugar, vender o prédio e acabou. Mas estamos aguardando para ver se aparece um interessado”.

Nelinho, ex-lateral de Cruzeiro e Atlético, em entrevista ao No Ataque - (foto: Edésio Ferreira/EM D.A Press)
Nelinho, ex-lateral de Cruzeiro e Atlético, em entrevista ao No Ataque(foto: Edésio Ferreira/EM D.A Press)

Filmes e futevôlei

Em casa, Nelinho curte filmes, ao passo que Wanda prefere assistir a séries. “Gosto muito de filmes, fico com minha esposa à tarde e à noite. Estou até com dificuldade agora, porque ela quer eu veja série, e eu detesto série, porque série poderia ser resolvido em duas horas de filme e eles conseguem enrolar o troço, 10 capítulos, depois tem outra temporada, eu não aguento isso”.

Uma vez por semana, o ex-lateral se reúne com amigos para as partidas de futevôlei. Por causa de problemas na coluna, Nelinho não consegue mais participar das peladas. Porém, para ele, o que importa são os momentos de conversa e confraternização.

“Na segunda-feira à noite eu tenho meu futevôlei com amigos e ex-atletas, como Mancini, Dênis, Wellington Paulo, Sandro, um monte de ex-jogador. Nos reunimos, cada segunda-feira é um que faz um jantar. É um dia muito bom em que podemos ver os amigos.”

Nelinho

“Enquanto eu estava jogando, malhando, então eu conseguia numa boa (jogar futevôlei), agora não. Já operei quatro vezes da coluna, e eles estão querendo a quinta, e eu fugindo. O pessoal fala ‘continua jogando, você fica paradinho na rede’. Vou ficar enganando quem? Já era. Mas não perco uma segunda-feira, ir lá bater papo, é isso que eu gosto”.

Outras atividades pós-futebol

Além da academia, Nelinho foi deputado estadual de 1987 a 1990. Filiado ao PDT, partido de Leonel Brizola, o jogador recebeu 15.426 votos nas eleições de 1986. No pleito seguinte, em 1990, foi escolhido por apenas 7.218 pessoas e não se manteve na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para o exercício de 1991 a 1994.

Ainda na política, Nelinho foi secretário-adjunto de esportes do governo de Minas Gerais, bem como presidiu a extinta Administração dos Estádios de Minas Gerais (Ademg), responsável pelo Mineirão. No futebol, treinou o Atlético em 1993 e o Cruzeiro em 1994, mas não quis seguir na carreira. O ex-lateral-direito ainda trabalhou como comentarista no programa EM Esportes (Diários Associados) e da TV Globo.

Foi graças à independência financeira conquistada com o sucesso da academia Wanda Bambirra que Nelinho pôde dizer não sempre que discordava de alguma coisa. “Me deu um suporte para falar o que eu queria, quando quisesse, não gosto disso, não gosto. Modéstia à parte, podia ser quem fosse, se tivesse que falar algo, eu falava”.

Primeiro programa EM Esportes, transmitido pela TV Horizonte, tendo como responsáveis Geraldo Teixeira da Costa Neto (Zeca) e o jornalista Jaeci Carvalho (ambos no centro); como comentaristas Nelinho e Son Salvador; e os convidados Marques, atacante do Atlético, e Ricardinho, volante do Cruzeiro - (foto: Beto Novaes/Estado de Minas - 19/03/2001)
Primeiro programa EM Esportes, transmitido pela TV Horizonte, tendo como responsáveis Geraldo Teixeira da Costa Neto (Zeca) e o jornalista Jaeci Carvalho (ambos no centro); os comentaristas Nelinho e Son Salvador; e os convidados Marques, atacante do Atlético, e Ricardinho, volante do Cruzeiro(foto: Beto Novaes/Estado de Minas – 19/03/2001)

Entrevista de Nelinho ao No Ataque

Nelinho completou 75 anos de idade no último sábado (26/7). O No Ataque fez uma entrevista especial com o ex-lateral-direito, que se tornou famoso no mundo da bola devido à capacidade de fazer muitos gols cobrando faltas e em chutes de longa distância.

Em quase 20 anos de carreira, Nelinho marcou cerca de 180 gols – número extraordinário por se tratar de um jogador de defesa. Pelo Cruzeiro, conquistou a Copa Libertadores de 1976 e os Mineiros de 1973, 1974, 1975 e 1977. No Atlético, ganhou os estaduais de 1982, 1983, 1985 e 1986. Também venceu o Campeonato Gaúcho de 1980 pelo Grêmio e integrou a Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1974 e 1978.

Assista à íntegra da entrevista de Nelinho

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