FUTEBOL MINEIRO

Os jogadores que marcaram mais gols ‘combinados’ por Atlético e Cruzeiro

No Ataque pesquisou os jogadores que fizeram pelo menos 10 gols por cada um dos rivais; lista tem Palhinha, Nelinho, Guilherme e outros nomes

Poucos jogadores tiveram o privilégio de balançar a rede por Atlético e Cruzeiro. Um deles, o lateral-direito Nelinho, “furou a bolha” e se tornou ídolo dos dois times. Outros se destacaram predominantemente em um lado, casos dos atacantes Palhinha, referência na Raposa, e Guilherme Alves, identificado com o Galo.

Com base em pesquisas nos sites Cruzeiropedia, Galo Digital, Futebol 80 e nos arquivos do jornal Estado de Minas, o No Ataque elaborou uma lista com atletas que fizeram pelo menos 10 gols por ambos os times. Conheça, a seguir, a trajetória de cada um deles com as camisas dos arquirrivais mineiros.

Os jogadores com mais gols ‘combinados’ por Atlético e Cruzeiro

Palhinha – 183 gols

Vanderlei Eustáquio de Oliveira, o Palhinha, lidera o ranking com folga. Ele marcou 156 gols em 457 jogos pelo Cruzeiro, além de 27 gols em 77 partidas pelo Atlético.

Palhinha com as camisas de Atlético e Cruzeiro(foto: Arquivo Estado de Minas)

Sete vezes campeão mineiro, o atacante viveu seu grande momento pela Raposa em 1976, quando conquistou a Copa Libertadores como artilheiro, com 13 gols.

Em 1977, Palhinha se transferiu para o Corinthians por 7 milhões de cruzeiros – maior negociação futebol brasileiro na época (o equivalente a mais de R$ 15 milhões na atualidade).

Em fevereiro de 1980, o jogador trocou o Timão pelo Atlético. Nessa época, passou a atuar no meio-campo. No Galo, celebrou dois Campeonatos Mineiros.

Palhinha morreu em 17 de julho de 2023, aos 73 anos, em consequência de uma parada cardíaca. Ele estava internado para tratamento de uma inflamação na vesícula.

Nelinho – 157 gols

Nelinho é ídolo de Cruzeiro e Atlético(foto: Nelinho é ídolo de Cruzeiro e Atlético)

Manoel Rezende de Matos Cabral, o Nelinho, concedeu entrevista exclusiva ao No Ataque na última semana. Ele completou 75 anos de idade no sábado, 26 de julho.

Notabilizado pelos potentes chutes em cobranças de falta, o ex-lateral-direito se tornou ídolo tanto do Cruzeiro, clube que defendeu de 1973 a 1982, quanto do Atlético, para o qual foi vendido em 1982 e permaneceu até encerrar a carreira, em 1988.

Numa época em que os laterais dificilmente ultrapassavam a linha do meio-campo, Nelinho ajudou a revolucionar as funções da posição. Por causa de atletas como ele, os volantes tiveram mais responsabilidade com a marcação.

Pelo Cruzeiro, Nelinho marcou 105 gols em 411 jogos, sendo campeão da Copa Libertadores em 1976 e do Campeonato Mineiro em 1973, 1974, 1975 e 1977. No Atlético, fez 52 gols em 274 partidas e venceu os estaduais de 1982, 1983, 1985 e 1986.

Guilherme Alves – 153 gols

Os gols de Guilherme de Cássio Alves quase levaram o Atlético ao título do Campeonato Brasileiro de 1999. Em atuação memorável, o camisa 7 anotou um hat-trick no primeiro jogo da final, contra o Corinthians, vencido pelo Galo por 3 a 2.

Contudo, a vitória do time paulista no segundo duelo (2 a 0) e o empate por 0 a 0 no terceiro confronto fizeram o clube mineiro amargar o vice. Guilherme foi o artilheiro isolado da competição, com 28 gols.

Finalizador nato, seja com o pé ou de cabeça, o eterno parceiro de Marques se tornou o sétimo maior goleador de sempre do Atlético, com 139 gols em 205 partidas. Ele foi campeão mineiro em 2000.

Guilherme por Atlético (2002) e Cruzeiro (2004)(foto: Gualter Naves e Marcos Michelin/EM D.A Press)

Em 2004, Guilherme frustrou os atleticanos ao aceitar proposta para jogar no Cruzeiro. Inclusive, em um clássico no Mineirão, pediu silêncio à torcida alvinegra ao marcar dois gols pela Raposa na derrota por 5 a 3, pelo Campeonato Mineiro.

Vencedor do estadual daquele ano, Guilherme caiu de produção no segundo semestre, sobretudo a partir da chegada de Fred à Toca. No geral, foram 14 gols em 40 jogos.

Guilherme parou de jogar profissionalmente aos 31 anos, em 2005, pelo Botafogo. Depois disso, tornou-se técnico, com trabalhos expressivos por equipes do interior de São Paulo. Recentemente, acertou com o Noroeste de Bauru para os torneios de 2026.

Nívio – 142 gols

Nívio Gabrich, ex-atacante de Atlético e Cruzeiro(foto: Arquivo/Estado de Minas)

Nívio Gabrich era um ponta-esquerda de extrema qualidade na finalização. Pelo Atlético, entre 1945 e 1952, alcançou a expressiva marca de 126 gols em 182 jogos.

Cinco vezes campeão mineiro, Nívio integrou o elenco alvinegro na excursão pela Europa, em 1950, conhecida como “Campeonato do Gelo”. Também foi ídolo do Bangu, do Rio de Janeiro, pelo qual somou 140 gols em 241 partidas.

Em 1958, Nívio recebeu oferta para jogar no Cruzeiro. Embora a passagem tenha sido curta, o atacante esteve no time campeão mineiro de 1959. Ao todo, marcou 16 gols pelo clube celeste.

Nívio faleceu aos 53 anos, em 16 de julho de 1981, por problemas cardiovasculares.

Fred – 123 gols

Fred, ex-atacante de Atlético e Cruzeiro(foto: Ramon Lisboa/EM D.A Press e Fernando Michel/Divulgacao)

Com 199 gols em 382 jogos pelo Fluminense, do qual se tornou um dos maiores ídolos, Fred também mostrou seu faro de artilheiro pelos clubes mineiros. Ele iniciou a carreira no América e passou por Cruzeiro e Atlético.

No Cruzeiro, Fred teve duas passagens: a primeira, entre 2004 e 2005, e a segunda, de 2018 a 2019. O centroavante acumulou 81 gols em 140 partidas, sendo campeão da Copa do Brasil (2018) e bicampeão mineiro (2018 e 2019).

Pelo Atlético, o camisa 9 do Brasil na Copa do Mundo de 2014 balançou a rede 42 vezes em 83 jogos. Ele integrou o elenco campeão mineiro em 2017.

Aposentado dos gramados desde maio de 2022, Fred, de 41 anos, é diretor de planejamento esportivo do Fluminense.

Fábio Júnior – 111 gols

Cria do Democrata-GV, Fábio Júnior jogou no Cruzeiro de 1997 a 1998, em 2000 e 2002. Na somatória, foram 81 tentos em 190 jogos.

Um dos momentos mais especiais do ex-atacante na Raposa foi na final da Copa do Brasil de 2000, contra o São Paulo. Fábio marcou o primeiro gol da vitória de virada por 2 a 1, diante de mais de 85 mil torcedores no Mineirão.

Fábio Júnior celebra gols por Cruzeiro (2000) e Atlético (2005)(foto: Juarez Rodrigues e Jorge Gontijo/Estado de Minas)

Pelo clube celeste, também venceu o Campeonato Mineiro (1998), a Copa Sul-Minas (2002) e o Supercampeonato Mineiro (2002).

No Atlético, o centroavante fez 30 gols em 65 jogos nos anos de 2003 e 2005. A época não é de boas lembranças para os alvinegros, pois o Galo caiu para a Série B em 2005.

Aos 47 anos, Fábio Júnior é comentarista esportivo da Globo, cargo que ocupa desde agosto de 2019.

Guilherme Milhomem – 63 gols

O caso de Guilherme Milhomem Gusmão é o mais curioso da lista. Individualmente, ele viveu o auge técnico no Cruzeiro. No entanto, mostrou-se decisivo em conquistas importantes do Atlético.

Guilherme subiu ao time principal do Cruzeiro em 2007, aos 18 anos, após ser o protagonista da equipe no título da Copa São Paulo de Futebol Júnior.

Desde a primeira época, demonstrou grande capacidade de finalização e apurada visão de jogo, podendo exercer tanto a função de atacante quanto a de armador. Também ganhou fama pelos gols nos clássicos – foram seis em oito duelos com o Atlético.

Pelo Cruzeiro, Guilherme jogou 84 vezes e marcou 36 gols, sendo campeão mineiro em 2008 e ajudando a equipe a se classificar duas vezes para a Copa Libertadores via Brasileirão.

Guilherme Milhomem no Atlético (2015) e no Cruzeiro (2008)(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press e Paulo Filgueiras/EM D.A Press)

Em março de 2011, o Atlético investiu US$ 8,5 milhões na compra do jogador, que estava no Dinamo de Kiev, da Ucrânia.

Embora tenha oscilado no Galo, Guilherme foi peça relevante da geração que venceu a Copa Libertadores de 2013, a Copa do Brasil de 2014, a Recopa Sul-Americana de 2014 e três Campeonatos Mineiros: 2012, 2013 e 2015.

O meia teve participações essenciais ao marcar um gol na semifinal da Libertadores de 2013 – vitória por 2 a 0 sobre o Newell’s Old Boys (Argentina) – e dois nas quartas de final da Copa do Brasil de 2014 – goleada por 4 a 1 sobre o Corinthians.

Durante pouco mais de quatro anos no Galo, Guilherme fez 27 gols em 147 jogos. Posteriormente, o atleta rodou por Antalyaspor (Turquia), Corinthians, Athletico-PR, Bahia, Fluminense, América, Brusque, São Joseense e Cianorte, seu último clube em 2024.

Thiago Ribeiro – 59 gols

Thiago Ribeiro por Atlético (2015) e Cruzeiro (2010)(foto: Rodrigo Clemente e Jorge Gontijo/EM D.A Press)

Atacante veloz e de movimentação, Thiago Ribeiro jogou no Cruzeiro de 2008 a 2011. Nesse período, firmou boas duplas com Wellington Paulista, Kleber e Wallyson.

O ápice de Ribeiro na Toca foi em 2010, quando alcançou a artilharia geral da Copa Libertadores, com oito gols. Ao todo, o camisa 11 somou 49 tentos em 147 partidas, números expressivos para quem não era centroavante.

De abril de 2016 a março de 2016, o ponta jogou no Atlético emprestado pelo Santos. Em 43 apresentações, contabilizou 10 gols.

Aos 39 anos, Thiago Ribeiro segue atuando profissionalmente. Em 2025, ele jogou a Série A3 do Campeonato Paulista pelo Rio Branco, clube onde começou a carreira em 2004.

Ramon Menezes – 50 gols

Exímio cobrador de faltas e escanteios, Ramon Menezes foi formado na base do Cruzeiro e esteve no time principal de 1988 a 1993. Nesse período, disputou 131 partidas, fez 22 gols e integrou o grupo campeão da Copa do Brasil de 1993.

De janeiro de 2000 a fevereiro de 2002, o meia anotou 28 gols em 94 jogos pelo Atlético.

Ramon Menezes em ação pelo Atlético no clássico contra o Cruzeiro pelo Brasileirão de 2001

Com status de ídolo no Vasco e no Vitória, Ramon somou 291 gols na carreira, de acordo com o Futebol 80.

Aos 53 anos, o mineiro nascido em Contagem, na Grande BH, é técnico da Seleção Brasileira Sub-20.

Leonardo Silva – 47 gols

O zagueiro de 1,92m foi uma das lideranças do Cruzeiro de 2009 a 2010. Além da qualidade defensiva, caiu nas graças da torcida pelos gols de cabeça marcados diante do Atlético – dois deles na decisão do Campeonato Mineiro de 2009.

Leonardo Silva entrou em campo em 75 oportunidades pela Raposa, com 11 gols assinalados. Em 2011, transferiu-se justamente para o Galo.

Leonardo Silva com as camisas de Cruzeiro (2009) e Atlético (2019)(foto: Paulo Filgueiras e Alexandre Guzanshe/EM D.A Press)

Foram nove temporadas pelo Atlético. Nesse período, Leonardo fez parceria com Réver na dupla apelidada de “Torres Gêmeas”, devido à estatura acima de 1,90m de ambos.

Em 390 jogos pelo alvinegro, Leonardo Silva marcou 36 gols. O mais emblemático foi na final da Libertadores de 2013, o segundo do triunfo por 2 a 0 sobre o Olimpia, do Paraguai. O tento salvador levou a decisão para a prorrogação e, posteriormente, aos pênaltis – o Galo venceu por 4 a 3.

Hoje com 46 anos, o ex-defensor trabalha nas categorias de base do Galo.

Alecsandro – 41 gols

Alecsandro por Atlético (2013) e Cruzeiro (2007)(foto: Gladyston Rodrigues e Auremar de Castro/Estado de Minas)

Tecnicamente, Alecsandro jogou melhor no Cruzeiro, pelo qual somou 30 gols em 65 jogos e celebrou o Campeonato Mineiro de 2006. No Atlético, fez parte do grupo campeão estadual e da Copa Libertadores de 2013 ao lado do irmão, o lateral-esquerdo Richarlyson.

Mesmo sendo reserva de Jô, Alecsandro foi bastante acionado naquela temporada. Em 50 partidas (18 como titular), fez 11 gols.

O ex-centroavante de Internacional, Flamengo, Vasco e Vitória parou de jogar futebol profissionalmente aos 41 anos, em 2022. Em novembro de 2023, passou a integrar a equipe de comentaristas do Sportv.

Alex Mineiro – 40 gols

Revelado no América, Alexander Pereira Cardoso foi comprado pelo Cruzeiro em janeiro de 1997 por R$ 1,2 milhão. Em sua primeira época no clube, sagrou-se campeão mineiro e da Copa Libertadores.

Nos anos seguintes, Alex Mineiro perdeu espaço na Toca. A Raposa o emprestou a Vitória, União Barbarense-SP, Bahia e Ceará.

Em 2001, o Cruzeiro quis a contratação do volante Marcus Vinícius, do Athletico-PR. Em troca, ofereceu Alex, que se tornou ídolo no Furacão com a conquista do Campeonato Brasileiro daquele ano (fez 17 gols no certame).

Alex Mineiro em treino no Cruzeiro (2001) e no Atlético (2004)(foto: Euler Júnior e Jorge Gontijo/Estado de Minas)

Na temporada 2004, Alex Mineiro foi contratado pelo Atlético. Apesar de o clube ter lutado contra o rebaixamento até as últimas rodadas, o centroavante obteve bons números particulares: 15 gols em 43 jogos na Série A.

No geral, Alex marcou 14 gols em 52 jogos pelo Cruzeiro e 26 em 67 partidas pelo Galo. Ele pendurou as chuteiras em março de 2010, aos 35 anos.

Renato Gaúcho – 28 gols

Renato Gaúcho fez 11 gols no Campeonato Mineiro de 1992

Renato fez sucesso nas décadas de 1980 e 1990 como ponta-direita de Grêmio, Flamengo, Botafogo e Fluminense. Por duas vezes, o gaúcho com sotaque carioca se aventurou em terras mineiras.

Em 1992, ele jogou três meses no Cruzeiro e agitou a torcida com 18 gols em 18 jogos. Seu momento mais icônico foi contra o Atlético Nacional, da Colômbia, pela Supercopa Libertadores. Renato anotou cinco gols na vitória celeste por 8 a 0.

Pela Raposa, Renato Gaúcho se sagrou campeão da Supercopa e também do Mineiro (nessa competição, ele contribuiu com 11 gols).

Dois anos mais tarde, em 1994, o jogador vestiu a camisa do Atlético. Foram 10 gols em 36 partidas.

Desde 2000, Renato Gaúcho é treinador. Nessa função, obteve êxitos principalmente por Grêmio e Fluminense (seu clube atual), sendo duas vezes campeão da Copa do Brasil (2007 e 2016) e uma da Copa Libertadores (2017).

Roni – 26 gols

Roni jogou a Série B de 2006 pelo Atlético. Ao lado de Marinho, formou dupla de ataque que ajudou a resgatar o orgulho da torcida alvinegra em uma fase bastante nebulosa do clube. Naquele ano, ele marcou 14 gols em 22 partidas.

No embalo de Marinho e Roni, o Galo retornou à elite do futebol brasileiro ao se sagrar campeão da Série B, com 71 pontos em 38 rodadas.

Roni por Atlético (2006) e Cruzeiro (2007)(foto: Jorge Gontijo/EM D.A Press)

Em 2007, Roni se transferiu para o Flamengo, mas permaneceu por pouco tempo no Rio. Isso porque o Cruzeiro lhe apresentou uma proposta em maio e fechou a sua contratação.

Rapidamente, Roni ganhou a confiança dos cruzeirenses. Ele se tornou titular, a ponto de usar a braçadeira de capitão em algumas oportunidades, e teve Guilherme, Araújo e Marcelo Moreno como colegas no setor ofensivo.

Pela Raposa, Roni entrou em campo 31 vezes e acumulou 12 gols. O time terminou o Brasileirão de 2007 em quinto lugar e se classificou para a Copa Libertadores de 2008.

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