Referência no meio-campo do Cruzeiro nas décadas de 1980 e 1990, Douglas também é ídolo de um clube de bastante tradição na Europa. De 1998 a 1992, ele brilhou com a camisa do Sporting de Portugal.
Em quatro temporadas no Velho Continente, o volante acostumado a proteger a zaga e a cobrir os laterais mostrou sua qualidade ofensiva. Foram 14 gols em 124 jogos oficiais pelos Leões.
Embora não tenha sido campeão no Sporting, Douglas caiu nas graças da torcida. Em entrevista ao Cruzeiro Cast, ele relembrou ter recusado uma oferta do Torino, da Itália, por orientação de seu empresário, o uruguaio Juan Figer.
“Eu tinha assinado com o Torino. O Júnior (ex-Flamengo) estava voltando e eu indo para o Torino no lugar dele. Aí, o presidente do Sporting chegou a São Paulo. E o técnico Manuel José me queria. O homem ficou doido. O Sr. Juan me chamou e falou: ‘se você for para o Torino, é um time que joga dois anos e cai. E o Sporting disputa títulos. É pacote completo, torcida igual à do Cruzeiro, briga por títulos. Time top. E ainda paga mais. Contrato maior. Se eu fosse você, ia para o Sporting”.
Douglas optou pelo Sporting e teve a companhia de outros brasileiros: o zagueiro Ricardo Rocha, o meia Silas e o centroavante Paulinho Cascavel. Durante o período em Portugal, o ex-camisa 8 do Cruzeiro acompanhou o surgimento do meia Luís Filipe Figo, craque de Barcelona, Real Madrid e da Seleção Portuguesa.
Douglas indicou lenda do Atlético ao Sporting
Logo na primeira época, Douglas se tornou uma das lideranças do clube de Lisboa. Em conversa com o então presidente José de Sousa Cintra, foi perguntado sobre algum zagueiro para ser contratado no futebol brasileiro. Não teve dúvidas ao indicar Luizinho, lenda do Atlético e titular do Brasil na Copa do Mundo de 1982.
“No Sporting, fui eu quem o indicou. Assim, claro que ele não precisava de indicação. Mas é que um dia o Sousa Cintra me falou assim. ‘Douglas, lá no Brasil não tem um zagueiro?’. Eu respondi: ‘para você ganhar dinheiro ou resolver o problema?. Ele falou: ‘para resolver o problema!’. Eu disse: ”o Luizinho’. Ele perguntou: ‘o da Copa de 1982? Ele ainda joga?’ Eu disse: ‘ainda joga, e joga muito!'”.
Douglas, ex-volante do Cruzeiro
“Eu era muito amigo do Luizinho. Nossas esposas se dão bem, a gente conversava muito. Liguei pra ele e perguntei: ‘Luizinho, você topa vir para o Sporting? Eles pagam tanto, é muito bom’. Ele disse: ‘eu vou’. E virou ídolo lá também”.
Luizinho representou o Sporting nas temporadas 1989/90, 1990/91 e 1991/92. Segundo o site OGol, o zagueiro disputou 87 partidas oficiais e anotou três gols.
Campeões no Cruzeiro
A amizade de Douglas e Luizinho abriu portas para uma nova parceria, dessa vez no Cruzeiro. Juntos, sagraram-se campeões da Supercopa Libertadores de 1992, da Copa do Brasil de 1993 e do Campeonato Mineiro em 1992 e 1994.
O passado de mais de uma década do defensor no Atlético – 537 jogos e 21 gols de 1978 a 1989 – não foi empecilho para representar o Cruzeiro. Luizinho chegou à Raposa em 1992 e saiu somente em 1995, aos 37 anos. Nesse intervalo, participou de 111 partidas e contribuiu com seu estilo clássico e refinado no combate aos atacantes adversários.
“Agradecer ao nosso presidente Lidson (Potsch). Ele fez esse intercâmbio na época. Conversava muito comigo, é meu padrinho. Me disse que faríamos o time do futuro. Daí perguntei: ‘por que você não traz o Luizinho?’ Ele disse: ‘será que ele vem?’ Eu respondi: ‘claro!’ Jogou demais aqui”.
Douglas e Luizinho integraram a geração que tinha Paulo César Borges, Paulo Roberto, Paulão, Adílson Batista, Nonato, Roberto Gaúcho, Renato Gaúcho, Marco Antônio Boiadeiro e outros atletas de renome. Paralelamente, os jovens Célio Lúcio, Cleisson e Ronaldo despontavam da base.
Trajetória de Douglas no Cruzeiro
Nascido em Belo Horizonte em 1º de março de 1963, William Douglas Humia Menezes começou na base do Cruzeiro em 1974, aos 11 anos, e se firmou como titular a partir de 1982.
Em duas passagens pelo clube (entre 1982 e 1987 e de 1992 a 1994), o volante disputou 391 partidas e marcou 13 gols, conquistando quatro Mineiros (1984, 1987, 1992 e 1994), uma Copa do Brasil (1993) e a Supercopa Libertadores (1992).
Reconhecido pela marcação eficiente e capacidade para sair com a bola, Douglas acumulou convocações para a Seleção Brasileira, pela qual jogou 11 partidas e esteve na Copa América em 1983 e 1987.