MINEIRÃO 60 ANOS

Mineirão 60 anos: por que o ‘gol da lagoa’ é do Atlético e o ‘gol da cidade’, do Cruzeiro

Entenda como foi a decisão dos lados tradicionalmente ocupados pelas torcidas do Atlético e do Cruzeiro no Mineirão

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Há exatos 60 anos – em 5 de setembro de 1965 – o Mineirão era inaugurado em Belo Horizonte. E, pouco mais de um mês depois, o Gigante da Pampulha recebia seu primeiro clássico entre Atlético e Cruzeiro.

Desde o início, um costume se estabeleceu: em dias de clássico com torcida dividida, o lado do “gol da lagoa”, ou seja, o lado virado para a Lagoa da Pampulha, é ocupado pela torcida do Galo. Já o lado do “gol da cidade”, ou seja, virado para o centro de Belo Horizonte, é ocupado pelos adeptos da Raposa.

Mas, afinal, como foi feita essa divisão? O No Ataque conversou com José da Silva França Sobrinho, o “Zé França”, de 85 anos, funcionário que trabalhou por mais tempo no estádio – foi contratado quando o Mineirão ainda estava em obras, em 1961 – para descobrir.

Por que o ‘gol da lagoa’ é do Atlético e o ‘gol da cidade’, do Cruzeiro?

Segundo o ex-funcionário do estádio, a definição saiu da forma mais simples possível. “Foi escolhido por sorteio entre o Atlético e o Cruzeiro. Saiu o lado da cidade para o Cruzeiro e o lado da lagoa para o Atlético”, explicou Zé França.

Até hoje a divisão é respeitada. O último clássico com torcida dividida foi em 2021, mas sempre que o Cruzeiro joga no estádio, sua principal torcida organizada, a Máfia Azul, se concentra no setor Amarelo Superior, atrás do “gol da cidade”. Já a principal torcida organizada do Atlético, a Galoucura, sempre se reúne no setor Laranja Superior, atrás do “gol da lagoa”.

Na sequência, Zé França ainda relembrou história curiosa sobre a divisão das torcidas no clássico. Em 1984, o então presidente do Atlético, Elias Kalil, tomou decisão “drástica” após muito tempo reclamando que o Cruzeiro era sempre beneficiado pelo bandeirinha – que ficava à frente do banco de reservas do time celeste.

Elias Kalil mandou construir outro túnel, atrás do bandeirinha do outro lado, próximo à torcida do Atlético. No entanto, a ideia durou pouco: no primeiro clássico, o dirigente viu que o sol era frontal ao novo túnel e ninguém o aguentaria.

“Só tinha túnel do bandeirinha do lado do Cruzeiro. Aí nós construímos um túnel do outro lado, mas viram que era um sol de 30 graus e disseram: ‘Ta louco!’. No outro dia, tivemos que voltar”, explicou Zé França ao No Ataque.

Obra do Mineirão em julho de 1961. Foto: Arquivo EM/D.A Press – 13/7/1961

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