Completando 60 anos nesta sexta-feira (5/9), o Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, é o grande palco do futebol de Minas Gerais. O sexagenário já recebeu confrontos históricos e públicos enormes. Assim, o No Ataque traz os detalhes dos 19 jogos que tiveram mais de 100 mil pessoas no Gigante da Pampulha.
Não cabe mais tanta gente. Com o advento do futebol moderno, vieram novas exigências da Fifa e da legislação brasileira, e o Mineirão teve que reduzir a capacidade até os cerca de 62 mil que hoje podem ocupar o estádio. Assim, todos os públicos acima de 100 mil foram no século passado.
Os jogos com mais de 100 mil torcedores no Mineirão
- Cruzeiro 1 x 0 Villa Nova – 22/6/1997 – Campeonato Mineiro – 132.834
- Atlético 0 x 1 Cruzeiro – 4/5/1969 – Campeonato Mineiro – 129.296
- Cruzeiro 3 x 1 Atlético – 9/10/1977 – Campeonato Mineiro – 122.534
- Cruzeiro 0 x 0 Bayern de Munique – 21/12/1976 – Copa Intercontinental (Mundial) – 117.000
- Atlético 1 x 0 Cruzeiro – 26/10/1980 – Campeonato Mineiro – 115.983
- Atlético 2 x 1 Flamengo – 13/2/1980 – Amistoso – 115.142
- Atlético 0 x 0 Santos – 15/5/1983 – Campeonato Brasileiro – 113.479
- Atlético 1 x 1 Cruzeiro – 8/11/1981 – Campeonato Mineiro – 112.919
- Cruzeiro 2 x 1 Atlético – 2/6/1968 – Campeonato Mineiro – 110.432
- Atlético 1 x 2 Cruzeiro – 15/12/1974 – Campeonato Mineiro – 109.363
- Cruzeiro 1 x 2 Atlético – 5/12/1982 – Campeonato Mineiro – 108.935
- Atlético 1 x 0 Flamengo – 4/2/1987 – Campeonato Brasileiro (Copa União) – 107.497
- Cruzeiro 1 x 0 Sporting Cristal – 13/8/1997 – Copa Libertadores – 106.853
- Cruzeiro 1 x 2 Atlético – 2/8/1970 – Campeonato Mineiro – 106.155
- Atlético 2 x 0 Cruzeiro – 3/4/1977 – Campeonato Mineiro – 103.725
- Cruzeiro 3 x 1 Portuguesa – 29/11/1998 – Campeonato Brasileiro – 103.294
- Atlético 0 x 0 São Paulo – 5/3/1978 – Campeonato Brasileiro – 102.974
- Atlético 0 x 0 Fluminense – 21/11/1976 – Campeonato Brasileiro – 102.531
- Cruzeiro 1 x 2 Atlético – 25/4/1976 – Taça Minas Gerais – 101.404
A maioria dos confrontos na lista foram clássicos entre Cruzeiro e Atlético: 10 dos 19 jogos. Foram 15 partidas do Galo no Mineirão com mais de 100 mil pessoas, contra 14 do Cruzeiro.
É provável que mais duelos tenham superado a marca de 100 mil, mas em muitos dos jogos do século passado só se contabilizava os pagantes e, portanto, não é possível concluir o público com precisão.
Cruzeiro 1 x 0 Villa Nova – 1997 – 132.834
A Raposa pode se orgulhar de ter o maior público da história de Minas Gerais, que é o 65º maior de todo o futebol brasileiro. No jogo de volta da final do Campeonato Mineiro de 1997, em 23 de junho, a torcida celeste lotou as arquibancadas para acompanhar o 28º título estadual.
“A festa cruzeirense começou bem antes do jogo. Pela manhã, era impossível não ter o azul como referência, em variadas tonalidades. Nos bares, clubes, no trânsito, por todos os lados, a cor dominava a paisagem urbana, prenunciando a grande festa no Mineirão”, relatou o jornal Diário da Tarde, no dia seguinte.
Na ida, no Castor Cifuentes, o Leão tinha saído na frente por 2 a 1. Assim, o Cruzeiro precisava de uma vitória simples do Mineirão para levantar a taça, já que tinha vantagem do empate por ter campanha melhor na primeira fase.
O jogo histórico, conforme relatam os jornais da época, foi mais atrativo pela festa da torcida do que pelo que se viu em campo. Logo nos primeiros minutos, o ídolo Marcelo Ramos abriu o placar para a Raposa no Mineirão, garantindo o título do Estadual. Embalada pelo grito de “Eu estou maluco!”, a torcida do Cruzeiro celebrou e marcou para sempre a história do futebol mineiro.
O recorde foi embalado por uma promoção do time celeste, que permitiu que mulheres e crianças entrassem de graça no Gigante da Pampulha – 57.977 dos presentes estavam nesse público, enquanto o restante, 74.859, eram homens, que pagaram pelo ingresso.
Atlético 0 x 1 Cruzeiro – 1969 – 129.296
O maior público da história do clássico foi pela 13ª rodada do Campeonato Mineiro de 1969, evidentemente, no Mineirão. A vitória ficou com o Cruzeiro, que conquistou o Estadual naquele ano.
O jogo também marca o maior público pagante na história do Gigante da Pampulha.
Quem anotou o gol da Raposa foi Natal, ídolo celeste apelidado de “Diabo Loiro”. Ex-ponta-direita, ele relatou, em entrevista ao No Ataque, que hoje vive dificuldades financeiras e chegou a vender camisas, faixas de títulos e medalhas para sobreviver.
Cruzeiro 3 x 1 Atlético – 1977 – 122.534
Nos primeiros anos do Mineirão, o Cruzeiro foi dominante – venceu 10 das 13 primeiras edições do Campeonato Mineiro no estádio. E o deca foi justamente em 1977, quando uma multidão invadiu o Gigante da Pampulha para assistir ao segundo jogo da final estadual.
O favoritismo era alvinegro, já que o Atlético contava com um timaço comandado pelo ídolo Reinaldo e venceu o jogo de ida por 1 a 0. Na volta, o centroavante uruguaio Revetria marcou o primeiro hat-trick da história do clássico no Mineirão, fez o a Raposa vencer por 3 a 1, e forçou o jogo do desempate.
Diante de 122.534 pagantes, o terceiro duelo começou com o Galo na frente, com gol de Reinaldo. No segundo tempo, Revetria empatou e forçou a prorrogação, em uma final que parecia não querer acabar. No tempo extra, entretanto, Lívio e Joãozinho marcaram para garantir o décimo título estadual do Cruzeiro no Mineirão.
Cruzeiro 0 x 0 Bayern de Munique – 1976 – 117.000
Quando se fala dos grandes públicos do Mineirão, esse duelo vem logo à tona. A final da Copa Intercontinental de 1976 levou 117 mil pessoas ao Gigante da Pampulha em 21 de dezembro daquele ano.
Após conquistar a Copa Libertadores pela primeira vez, o Cruzeiro se classificou para enfrentar o Bayern de Munique, campeão da Liga dos Campeões, no Mundial. Entre 1960 e 1980, o torneio era disputado com jogos de ida e volta.
Assim, o elenco celeste viajou à Alemanha para disputar a primeira partida no Estádio Olímpico de Munique, vencido pelo Bayern por 2 a 0, com gols de Jupp Kapellmann e Gerd Müller. À época, o time bávaro tinha a base da Seleção Alemã campeã da Copa do Mundo em 1974, com nomes históricos, como Sepp Maier, Franz Beckenbauer e Karl Heinz Rummenigge.
O Mineirão recebeu a volta, com milhares de cruzeirenses esperançosos por uma virada. Os alemães, contudo, seguraram a pressão celeste e levantaram o título mundial pela primeira vez depois do empate por 0 a 0.
Atlético 1 x 0 Cruzeiro – 1980 – 115.983
Após o domínio celeste nos primeiros anos de Mineirão, o Galo montou um time histórico e começou a reverter a escrita.
Em 26 de outubro de 1980, 115.983 pessoas foram ao estádio para acompanhar o time alvinegro derrotar o rival em jogo do Campeonato Mineiro, disputado naquele ano em fases de pontos corridos.
Quem marcou para o Atlético foi o ídolo Toninho Cerezo, que avançou pela esquerda e chutou de canhota com ângulo reduzido, mas conseguiu encobrir o goleiro Luiz Antônio, anotando um golaço.
O Galo acabou conquistando o Campeonato Mineiro daquele ano, que foi o terceiro título consecutivo para o alvinegro.
Atlético 2 x 1 Flamengo – 1980 – 115.142
No mesmo ano, outra multidão acompanhou o Galo vencer outro rival, o Flamengo, dessa vez em jogo amistoso pelo Troféu Minas Gerais.
Parte da renda de Cr$ 7.572.580,00 acumulada pelos mais de 100 mil pagantes foi revertida à construção do Memorial JK, em Brasília. O ex-presidente do Brasil, governador de Minas Gerais e prefeito de Belo Horizonte Juscelino Kubitschek tinha morrido há quatro anos em um trágico acidente de carro.
Os dois gols do Atlético no confronto foram marcados por Fernando Roberto, apelidado de Mastiguinha, no primeiro tempo. Na etapa complementar, o ídolo Adílio descontou para o rubro-negro.
Atlético 0 x 0 Santos – 1983 – 113.479
O Galo ostenta o maior público da história do Campeonato Brasileiro em Minas Gerais, que é o 17º maior do torneio em todos os tempos.
A memória do duelo, contudo, não é boa para os torcedores alvinegros. As equipes disputavam a semifinal do nacional, e o Santos tinha vencido a partida de ida, por 2 a 1, na Vila Belmiro, e precisava de um empate para avançar.
Assim, 113.479 pagantes assistiram ao jogo sem gols entre os alvinegros no Gigante da Pampulha, que culminou na classificação do time paulista à final, em que perdeu para o Flamengo.
Atlético 1 x 1 Cruzeiro – 1981 – 112.919
112.919 pagantes marcaram presença no Mineirão para o clássico da fase final do Campeonato Mineiro de 1981.
Quem saiu na frente foi o Atlético, com Éder Aleixo. Depois, Edmar empatou para o Cruzeiro. Na sequência do torneio, o Galo se sagrou campeão, conquistando o quarto título estadual consecutivo.
Cruzeiro 2 x 1 Atlético – 1968 – 110.432
Pouco antes de completar três anos, o Mineirão recebeu 100 mil torcedores pela primeira vez. E a ocasião não tinha como ser outra senão o clássico entre Atlético e Cruzeiro.
Pela 11ª rodada do Mineiro de 1968, as duas maiores torcidas do estado assistiram à virada celeste. O Galo abriu o placar já no segundo tempo, com Vaguinho. Depois, Rodrigues e Tostão marcaram para garantir a vitória da Raposa.
O Cruzeiro viria a ser campeão do torneio, que conquistou pela 15ª vez na ocasião.
Atlético 1 x 2 Cruzeiro – 1974 – 109.363
Uma multidão estava no Gigante da Pampulha na tarde de 15 de dezembro de 1974 para acompanhar um clássico histórico.
O Campeonato Mineiro já estava na última rodada do octangular final, mas o título ainda estava em aberto. Cruzeiro e Atlético estavam empatados na liderança com 23 pontos.
O destino colocou os rivais para duelarem justo na rodada derradeira. Assim, quem saísse vitorioso na partida, levaria a taça. A Raposa tinha a vantagem no saldo de gols e ainda se sagrava campeã com um empate, mas não precisou.
Com o brilho da estrela de Joãozinho, o Cruzeiro venceu por 2 a 1. Foi o ídolo celeste quem marcou o primeiro gol e fez a jogada do segundo, anotado por Vanderlei. Já outro Wanderley, do Atlético, descontou, mas não foi suficiente.
A súmula do clássico ainda relata que um torcedor do Cruzeiro morreu “de colapso” no primeiro gol do jogo, de Joãozinho.
Cruzeiro 1 x 2 Atlético – 1982 – 108.935
Situação parecida se deu no Mineirão seis anos depois, mas o resultado foi contrário. No octangular final, os rivais também estavam empatados em pontos, ambos com 17, e foram definir o título em clássico na rodada final.
Dessa vez, a vantagem do empate era alvinegra, mas também não foi necessária. Quem abriu o placar foi Tostão, para o Cruzeiro, no primeiro tempo. Mas instantes antes do intervalo, Renato Queiróz, de cabeça, empatou o jogo.
Logo após a bola voltar a rolar na etapa complementar, o ídolo Reinaldo foi quem marcou o gol da virada e do título, para a festa da torcida alvinegra no Gigante da Pampulha.
Foi o quinto título consecutivo do Atlético no Campeonato Mineiro, o 29ª na história.
Atlético 1 x 0 Flamengo – 1987 – 107.497
O Campeonato Brasileiro de 1986 foi um dos mais controversos de toda a história, em meio a uma grande crise política na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Com disputas na Justiça desportiva e comum, o torneio sofreu com mudanças de regulamento e foi até paralisado, tendo a fase final disputada em fevereiro de 1987.
Atlético e Flamengo se enfrentavam pela terceira fase do campeonato, equivalente às oitavas de final. No jogo de ida, no Maracanã, no Rio de Janeiro, as equipes empataram por 1 a 1.
Na volta, disputada no Mineirão, uma multidão de atleticanos acompanhou a vitória sobre o rubro-negro, por 1 a 0, que garantiu vaga nas quartas de final do Brasileiro. O gol do Galo foi marcado pelo ídolo Nelinho.
O Atlético ainda eliminou o Cruzeiro na fase seguinte da competição, mas perdeu para o Guarani na semifinal.
Cruzeiro 1 x 0 Sporting Cristal – 1997 – 106.853
Menos de dois meses depois de bater o recorde histórico do estádio, o Cruzeiro voltou a lotar o Mineirão para o jogo de volta da final da Copa Libertadores de 1997, contra o Sporting Cristal, do Peru, e atingiu outra marca expressiva. Foi o maior público de um time brasileiro na história da Copa Libertadores.
A ida foi disputada em Lima, no Estádio Nacional, e terminou com o empate por 0 a 0, e a Raposa poderia definir em casa.
Com gol de Elivelton no segundo tempo, o Cruzeiro levantou a Libertadores pela segunda vez e encantou os mais de 100 mil torcedores no Gigante da Pampulha.
Cruzeiro 1 x 2 Atlético – 1970 – 106.155
Pela 11ª rodada do Campeonato Mineiro de 1970, Cruzeiro e Atlético arrastaram outra multidão para o Mineirão. Dessa vez, 106.155 pagantes assistiram ao clássico.
Quem saiu na frente foi a Raposa, com Rodrigues, no primeiro tempo. Mas o Galo não demorou a empatar, com gol de Dario, o Dadá Maravilha. Foi ele quem também virou o confronto na etapa complementar.
Na sequência do torneio, o Atlético levantou o título do Mineiro pela 25ª vez em 1970.
Atlético 2 x 0 Cruzeiro – 1977 – 103.725
O Campeonato Mineiro de 1976 teve a primeira fase disputada em julho, mas os jogos da final só foram jogados oito meses depois, em 1977.
Nesse meio tempo, o time do Atlético passou por uma reformulação e recebeu grandes reforços: Toninho Cerezo, Paulo Isidoro, Marcelo Oliveira e Reinaldo. O novo time alvinegro não deu chances para o rival, vencendo os dois jogos da decisão por 2 a 0.
O primeiro duelo da final, em 27 de março de 1977, quase entrou na lista – foram 99.044 pagantes.
Mas o jogo em questão foi na volta, quando 103.725 pessoas marcaram presença no Mineirão para assistir à vitória alvinegra por 2 a 0, com gols de Reinaldo e Marcelo Oliveira, e a celebração do título do Galo.
Cruzeiro 3 x 1 Portuguesa – 1998 – 103.725
A última vez que o Gigante da Pampulha recebeu mais de 100 mil pessoas foi em Cruzeiro x Portuguesa, no primeiro jogo da semifinal do Campeonato Brasileiro de 1998.
Com Fábio Júnior e Marcelo Ramos, o Cruzeiro abriu vantagem de 2 a 0 com apenas 12 minutos de jogo, mas a Portuguesa não demorou a diminuir, com Leandro Amaral. Nos acréscimos da segunda etapa, Alex Alves marcou para a Raposa e “matou” o jogo: 3 a 1.
Na volta, no Canindé, a Portuguesa venceu por 2 a 1 e forçou o jogo do desempate. O duelo derradeiro foi disputado novamente no estádio da Lusa, mas teve vitória celeste, por 1 a 0, com gol de Djair.
Na final do Brasileiro de 1998, contudo, o Cruzeiro acabou derrotado pelo Corinthians.
Atlético 0 x 0 São Paulo – 1978 – 102.974
O jogo em questão é um “fantasma” na história do Atlético. Invicto, o Galo chegou como favorito na final do Campeonato Brasileiro de 1977 contra o São Paulo. Fez 10 pontos a mais que o tricolor na fase inicial e teve o direito de decidir a final única em casa, no Mineirão lotado.
Entretanto, os problemas começaram antes mesmo do jogo. O alvinegro não poderia contar com seu principal jogador, Reinaldo, artilheiro do campeonato, que estava suspenso.
No Mineirão, as equipes empataram por 0 a 0, levando a decisão para os pênaltis. Toninho Cerezo, Joãozinho Paulista e Márcio isolaram pelo Atlético, e o São Paulo conquistou o Campeonato Brasileiro pela primeira vez.
Atlético 0 x 0 Fluminense – 1976 – 102.531
Pela terceira fase do Brasileiro daquele ano, o Galo recebia o Fluminense com 102.531 torcedores no Mineirão.
O jogo não saiu do 0 a 0, mas a campanha do Atlético o levou à semifinal da competição, em que foi eliminado pelo Internacional, campeão daquela edição.
Cruzeiro 1 x 2 Atlético – 1976 – 101.404
Para fechar a lista, um clássico pela final da Taça Minas Gerais, torneio disputado de forma independente entre 1973 e 1977. Depois, virou parte do Campeonato Mineiro e hoje não existe mais.
Com 101.404 pagantes, o Mineirão viu o Atlético bater o rival com gols de Cafuringa e Toninho Cerezo, enquanto o tento celeste foi de Palhinha.