Festa para os torcedores do Independiente Rivadavia. A equipe de Mendonza venceu o Argentinos Juniors na decisão da Copa Argentina, nos pênaltis, após empate por 2 a 2 e vai disputar, pela primeira vez na história, a Copa Libertadores.
Diante de cerca de 25 mil espectadores e com um jogador a menos desde o primeiro tempo, o time mostrou coragem em Córdoba para conquistar o título, na noite dessa quarta-feira (5/11).
O Azul del Parque vive o melhor momento desde a fundação, em 1913. A conquista da Copa é a mais expressiva do clube e coroa uma ascensão iniciada em 2023 – quando, após vencer a Nacional B (segunda divisão), chegou pela primeira vez, em 110 anos, à Liga Profissional da Argentina (primeira divisão). Antes disso, havia vencido a terceira divisão duas vezes, em 1999 e 2007.
Independiente Rivadavia x Argentinos Juniors
O Independente Rivadavia abriu o placar logo no início, aos nove minutos, com gol de cabeça do atacante paraguaio Alex Arce. Ainda na primeira etapa, aos 41, o meio-campista Franco Amarfil foi expulso ao receber o segundo amarelo.
Mesmo com um a menos, o time de Mendonza ampliou aos 17 da segunda etapa, com o também meio-campista Matías Fernández. Um jogo que parecia definido ganhou outro contorno dois minutos depois, com o gol marcado por Alan Lescano para o Argentinos Juniors.
O Rivadavia tentou, então, segurar a pressão e preencher as lacunas deixadas pela expulsão, mas sofreu com mais uma baixa. Aos 47, o zagueiro Alejo Ossela recebeu o segundo amarelo e deixou o campo.
Aproveitando-se da vantagem numérica, o time de Buenos Aires empatou aos 52 minutos, com o zagueiro Erik Godoy, levando a decisão para as penalidades.
Nos pênaltis, brilhou a estrela do goleiro Gonzalo Marinelli, que entrara aos 45 do segundo tempo após lesão do titular Ezequiel Centurión.
Marinelli defendeu a cobrança do atacante Tomás Molina e deixou nos pés do ponta-esquerda Sebastian Villa a responsabilidade de selar o placar. Dito e feito. Villa marcou, e o Rivadavia conquistou seu principal título na elite argentina.
Sebastian Villa e condenação
Capitão do Independiente Rivadavia e autor do gol que definiu o marcador, Sebastian Villa foi escolhido o melhor jogador do torneio, reacendendo os debates a respeito de sua condenação em 2023, por violência de gênero contra sua ex-companheira Daniela Cortés.
A acusação foi feita em 2020, quando a ex-namorada do jogador publicou fotos em redes sociais denunciando a agressão. Daniela afirmou ter sofrido um aborto devido aos episódios de violência doméstica.
Ele voltou a ser acusado depois, mas por outra mulher, Tamara Doldán, com quem também teve um relacionamento. A denúncia formal desse caso, por “abuso sexual com acesso carnal”, foi feita em junho de 2023. Nesta semana, ele foi absolvido pela Justiça após retratação da suposta vítima e do promotor de Justiça.
Sebastian Villa foi condenado, em 2023, a dois anos e um mês de prisão no processo movido por Daniela. Como a pena era inferior a três anos, segundo a imprensa argentina, ele não iria para a cadeia e sim cumpriria regras de conduta – entre elas, a proibição a álcool e drogas, além de passar por tratamento psicológico e cumprir medida cautelar.
Villa foi dispensado pelo Boca Juniors, clube pelo qual atuava e onde também foi campeão da Copa da Argentina de 2020, ele deixou o país.
O atacante buscou, então, refúgio na Bulgária (atuou pelo Beroe, da primeira divisão, em 2023), voltando para o futebol argentino só em 2024, para jogar no Rivadavia.
Negociação com Atlético
Em 2020, após ser dispensado pelo Boca Juniors, Villa chegou a ter acerto encaminhado com o Atlético. Mas, após pressão dos torcedores alvinegros e da péssima repercussão na mídia, o clube recuou na negociação.
“O Atlético do futuro precisa de pilares sólidos que estão além das quatro linhas. Comissão e departamento de futebol têm independência para avaliar e indicar, mas a palavra final é minha. Não vai vir também”, publicou nas redes sociais o então presidente atleticano, Sérgio Sette Câmara.