JOGOS OLÍMPICOS

Paris 2024: japonesa teve dica do pai para vencer o Brasil em jogo histórico de Marta

Brasil perdeu por 2 a 1 para o Japão, pela segunda rodada da fase de grupos dos Jogos Olímpicos de Paris; virada foi amarga
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A 200ª partida de Marta, 38, pela Seleção Brasileira foi festiva até os 46 minutos do segundo tempo. A estrela do feminina de futebol criou a jogada do gol que abriu o placar contra as japonesas e saiu ovacionada pela torcida aos 39, mandando um beijo para a arquibancada do Parque dos Príncipes.

Então, tudo mudou. Nos acréscimos, o Japão virou o jogo, em uma das derrotas mais amargas da história olímpica, e venceu por 2 a 1. No banco de reservas, Marta levou as mãos à cabeça.

“Agora é continuar focada, porque não acabou o mundo”, desabafou, irritada, após a partida. “O bicho tá pegando, e vai pegar mais ainda. A gente infelizmente acabou vacilando em alguns momentos, o que custou muito caro. Poderíamos estar aqui já comemorando uma classificação.”

Depois de marcar de pênalti, já nos acréscimos, o Japão conseguiu a virada. O gol da vitória japonesa – um perfeito chute de primeira, por cobertura, da substituta Momoko Tanikawa – se deveu a uma dica que a autora recebeu do pai.

“Antes do jogo, meu pai me contatou e me disse que a goleira brasileira [Lorena] jogava bastante à frente, e que eu deveria mirar nela cada vez mais”, revelou Tanikawa.

Encerrada a partida, Marta formou uma roda com as jogadoras ainda no gramado, sem a presença do técnico Arthur Elias, e, gesticulando muito, conversou com elas. Não revelou o que disse.

Como foi o jogo?

O Brasil abriu o placar aos 10 minutos do segundo tempo. Marta lançou a veloz Ludmila, que passou para Jheniffer, livre, marcar. Mérito do técnico Arthur Elias, que pôs tanto Ludmila quanto Jheniffer em campo no intervalo, buscando mais eficiência no ataque.

O Japão teve a chance de abrir o placar de pênalti nos acréscimos do primeiro tempo, quando Moriya chutou e a bola bateu no braço da zagueira Rafaelle. Mina Tanaka cobrou mal, rasteiro, e Lorena defendeu.

Depois de sair na frente, as brasileiras tentaram segurar o resultado, cada vez com mais dificuldade. O Japão empatou graças ao VAR: Yasmin deu um carrinho na área e a bola bateu em seu braço. A zagueira Saki Kumagai deslocou Lorena na cobrança.

Precisando da vitória, depois da derrota para a Espanha na estreia, as japonesas partiram para o desespero. Aos 50 minutos, Tanikawa aproveitou um passe errado da zagueira Rafaelle e encobriu Lorena, adiantada.

O que deu errado?

O cansaço da longa viagem de trem de Bordeaux para Paris, na sexta-feira (26/7), devido à sabotagem da rede ferroviária francesa no dia da abertura dos Jogos Olímpicos, foi um dos fatores para o resultado, segundo o técnico Arthur Elias.

O comandante, porém, se recusou a pôr a culpa de tudo na viagem. “Isso é um desempenho multifatorial. Falaram para mim do ‘apagão da seleção’, essas coisas muito genéricas, muito pobres, que podem dar matéria, mas a análise não pode ser assim, jogar [a culpa] em uma viagem, de maneira nenhuma. O que aconteceu foi que atrasou e teve uma logística horrível de nove horas para um deslocamento que não demora tanto. Mas faz parte da competição.”

O resultado complica a classificação do Brasil para a segunda fase, mas as chances ainda são boas. Das doze equipes que disputam o torneio olímpico feminino de futebol, oito passam às quartas de final: as primeiras e segundas colocadas de cada um dos três grupos e as duas melhores terceiras. O Brasil tem três pontos, da vitória sobre a Nigéria na estreia.

Porém, a Espanha, próxima adversária, é a atual campeã mundial. O jogo será em Bordeaux, na quarta-feira (31/7), às 12h. Uma nova viagem de trem, que, segundo o governo francês, desta vez não será problemática: a normalização do tráfego ferroviário foi prometida para o início da semana.

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