O técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti, foi condenado a um ano de prisão na Espanha por fraude fiscal. A informação é da Justiça do país ibérico, que sentenciou o treinador italiano nesta quarta-feira (9/7).
Ancelotti, contudo, não será obrigado a cumprir a pena em reclusão. Isso porque, segundo as leis espanholas, sentenças inferiores a dois anos em condenações por crimes não violentos dificilmente exigem que um réu que não tenha antecedente cumpra pena em regime fechado.
“Condenamos Carlo Ancelotti à pena de um ano de prisão como autor de um crime contra a Fazenda Pública relativo ao período fiscal do ano de 2014”, reza o auto de um tribunal de Madri.
O treinador também foi condenado a pagar à Receita Federal espanhola multa de 386 mil euros (aproximadamente R$ 2,5 milhões).
Os juízes consideram provado que Ancelotti tinha “conhecimento claro do dever tributário derivado de sua residência fiscal na Espanha no exercício 2014” e “intenção consciente de evitar o pagamento de impostos”, afirma a sentença.
Por outro lado, o técnico italiano de 66 anos foi absolvido da acusação de ter cometido crimes fiscais em 2015.
A promotoria havia pedido condenação de quatro anos e nove meses de prisão para Ancelotti por considerar que ele havia sonegado mais de 1 milhão de euros (R$ 6,3 milhões na cotação atual) que recebeu em direitos de imagem em 2014 e 2015, durante sua primeira passagem pelo Real.
Ancelotti no Real Madrid
A investigação remonta à primeira passagem do treinador pelo Real Madrid.
Ancelotti comandou a equipe merengue entre 2013 e 2015 e, mais recentemente, entre 2021 e maio de 2025.
A segunda passagem pelo clube madrilenho foi encerrada em junho, quando ele assumiu o comando da Seleção Brasileira.
Durante seu depoimento no julgamento realizado em abril, na capital espanhola, Ancelotti afirmou que nunca pensou em cometer fraude.
O italiano disse que aceitou receber 6 milhões de euros (R$ 38,3 milhões) líquidos por temporada e foi o Real Madrid que propôs que ele recebesse 15% desse valor em direitos de imagem, com uma tributação diferente, o que acabou lhe causando problemas.
“Quando o Madrid me sugeriu isto, coloquei o clube em contato com o meu assessor inglês. Eu nunca me envolvo nisso porque nunca tinha recebido assim”, declarou Ancelotti, garantindo que nunca teve ciência de que estava fazendo algo que “não era correto”.
“Todos os jogadores tinham, Mourinho tinha isto”, explicou o italiano, citando como exemplo um de seus antecessores no Real Madrid, o português José Mourinho, que também acabou condenado a um ano de prisão após se declarar culpado de fraude fiscal em 2019.
A sentença desta quarta-feira conclui que Ancelotti sonegou impostos conscientemente “mediante mecanismos artificiais”.
Como não tem antecedentes criminais e a pena é inferior a dois anos, Ancelotti, que já não vive na Espanha, não será preso.
O italiano, que deixou o Real Madrid em maio para assumir a Seleção Brasileira, é o técnico mais bem-sucedido da história do clube merengue, com 15 títulos conquistados, incluindo três Ligas dos Campeões (2014, 2022 e 2024).
Messi e CR7 também foram condenados
Ancelotti não é a primeira personalidade ligada ao mundo do futebol que tem problemas com o fisco espanhol.
O astro argentino Lionel Messi, então jogador do Barcelona, foi condenado em 2015 a 21 meses de prisão e a pagar mais de 5 milhões de euros (aproximadamente R$ 32 milhões).
Em 2018, o português Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, pagou uma multa de 18,8 milhões de euros (R$ 120 milhões) e foi condenado a dois anos de prisão.
Em um caso muito parecido com o de Ancelotti, o ex-jogador e agora treinador do Real Madrid Xabi Alonso foi acusado de fraude fiscal por transferir seus direitos de imagem a uma empresa radicada no exterior, mas foi absolvido.
E a cantora colombiana Shakira, ex-esposa do zagueiro Gerard Piqué, teve que chegar a um acordo em novembro de 2023 para evitar um julgamento por fraude fiscal.