AMÉRICA

Pela primeira vez na Série A1, América mira fortalecimento do futebol feminino 

No Ataque fez entrevista exclusiva com Luiza Parreiras, coordenadora do futebol feminino do América, sobre o crescimento da modalidade
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O América vai disputar a Série A1 do Campeonato Brasileiro pela primeira vez em 2024. A mudança de patamar passa pelo fortalecimento e crescimento interno do clube, que passou a enxergar o futebol feminino como uma potência. Luiza Parreiras, coordenadora da modalidade desde 2019, é uma das responsáveis pelo planejamento e garantiu que a meta é permanecer nos voos mais altos. 

A categoria feminina do América passou por grandes mudanças desde a criação, em 2015. Sob nova gestão em 2019, o clube conseguiu traçar novas metas e passou a investir mais na modalidade. O objetivo de chegar à elite demorou alguns anos para ser alcançado. 

Em 2019, o Coelho chegou às quartas de final, mas não conseguiu o acesso. No ano seguinte, com a pandemia, o desafio foi ainda maior, já que as competições ficaram suspensas e o retorno era incerto. O acesso veio em 2023, mas caiu para o Bragantino na semifinal. 

Futebol feminino sob o comando de mulheres 

Luiza Parreiras chegou ao América como supervisora do feminino. Advogada de formação, ela se especializou em direito desportivo e gestão no esporte, mas chegou ao Coelho de supetão. No início, ainda tentou conciliar os dois trabalhos, mas não teve jeito. 

Recentemente, com o aumento dos cargos administrativos, Luiza se tornou coordenadora do futebol feminino. Dentro do clube, além do acompanhamento das atletas, ela também está diretamente ligada ao mercado de contratações, orçamentos internos e planejamento do departamento. 

“O crescimento e evolução que trouxe o acesso, passa pelo crescimento de uma organização interna. E o crescimento do clube. É um clube centenário, que começou a  despontar no cenário nacional de 10 anos pra cá. Isso traz retorno financeiro. Quando a gente transforma o departamento feminino, mais organizado, e que traz o retorno, a gente ganha um suporte e um aval interno para fazer mais investimento”

Luiza Parreiras, diretora do futebol feminino do América

Além da ‘virada de chave’ interna, Luiza apontou que ver os rivais – Atlético e Cruzeiro – ocupando espaço no cenário, foi um ‘alerta’ para que o América começasse a investir mais no feminino.

“Em 2021, acho que foi um marco quando vimos que os nossos rivais estavam investindo na qualificação do elenco e que ali também estávamos precisando melhorar nosso nível de contratações para ter equipes competitivas. Em 2021, o América é eliminado nas quartas de final pelo Atlético, que sobe para a A1, nesse momento a gente viu que a gente precisava investir mais. Ter uma estrutura maior de comissão técnica, investir na preparação física das atletas, na nutrição, na parte física”, disse.

Mudanças estruturais 

Mesmo que todo o masculino do América esteja concentrado no CT Lanna Drumond, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o feminino não realiza as atividades diárias lá. 

Até 2019, as jogadoras treinavam no estádio Baleião, por uma parceria firmada com a Prefeitura de Belo Horizonte. Em 2020, migraram para o Sesc Venda Nova, que tinha mais estrutura de atendimento médico. 

Em 2022, o América fez parceria com a Pontifícia Universidade Católica (PUC). Deste então, o dia a dia das jogadoras é no campus, onde tem acesso a academia, estrutura de fisioterapia, fisiologia – tanto para o profissional, como para o Sub-20.

Para 2024, o contrato foi renovado. Contudo, o clube tem planos para levar as atividades do feminino para o CT.

“Viemos para o CT em janeiro, por um momento ainda de negociação com a PUC, aqui conseguimos atender as categorias, mas foi só por um curto período. Foi importante pela sensação de pertencimento. Verem que aqui são atletas de qualquer categoria. Mas seguimos em parceria com a PUC. O plano é trazer para o CT a partir de 2025, por isso renovamos só por mais um ano. Que a gente possa estar aqui, pudemos ver que fazemos parte”

Luiza Parreiras

Desafios no futebol feminino 

Com o sarrafo mais alto, os objetivos mudaram – o clube quer manter o alto nível e aprimorar a categoria aos poucos. Os desafios, contudo, ainda esbarram numa tecla antiga: o preconceito externo.

Luiza evidenciou que dentro do clube não há barreiras com o tratamento da modalidade. O feminino é valorizado e visto como uma potência. Nas arquibancadas, os torcedores são apoiadores. Mas o preconceito cultural ainda é o maior desafio a ser superado.

“Em relação ao clube, não vejo dificuldades criadas por ser feminino. O futebol feminino já está aqui há alguns anos. A torcida abraça muito o feminino, acompanha e sabe o que a gente enfrenta. Ano a ano, estamos tendo mais apoio. Quanto mais investimento, mais apoio. Temos que buscar mais resultados esportivos. A gente encara as dificuldades culturais. A gente esbarra no preconceito – seja por orientação sexual ou por ser uma mulher praticando esporte”

Luiza Parreiras
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