ENTREVISTA

Ex-jogador Alessandro expande complexo esportivo em BH e quer formar futuros craques

Ídolo do América e ex-Cruzeiro e Atlético, Alessandro é dono da Arena Pampulha, que tem escolinha de futebol e conta com 400 alunos
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Ídolo do América e com passagens por Fluminense, Flamengo, Vasco, Cruzeiro e Atlético, Alessandro se preparou durante toda a carreira para ter uma vida tranquila fora dos gramados. Com duas lesões sucessivas – uma no joelho esquerdo e outra no tornozelo -, o ex-atacante decidiu parar de jogar futebol profissionalmente aos 32 anos, em 2014.

A oportunidade de empreender no mundo da bola motivou o centroavante a adquirir um terreno no bairro Bandeirantes, em Belo Horizonte. Assim, ele fundou em 2015 a Arena Pampulha, complexo esportivo com quadras de futebol society (fut 6 e fut 7), espaço para aniversários e eventos corporativos, bar, lanchonete e brinquedos para crianças.

A Arena Pampulha está situada na Avenida Heráclito Mourão de Miranda, número 3895, perto da Lagoa da Pampulha e da Toca da Raposa 1 – CT da base do Cruzeiro. Alessandro recebeu a reportagem do No Ataque no local e contou mais detalhes do estabelecimento que divide a agenda entre a escolinha de futebol e as peladas de amigos.

“A ideia de abrir as quadras surgiu de 2013 para 2014, quando tive a segunda lesão do ligamento cruzado. Tive a oportunidade de ir para o Japão. Na minha segunda passagem por lá, a experiência não foi boa. O pensamento de deixar o futebol já estava maduro. Eu tinha alguns colegas com o projeto da quadra esportiva. Meu sogro e meu cunhado também trabalhavam com escolas de futebol. A iniciativa, então, saiu do papel”.

Alessandro, ex-jogador do América

“Quando retornei do Japão, encontrei o terreno que dava direitinho para o projeto. Assim, em 2015, iniciamos a construção, que durou entre oito e dez meses. No mesmo ano, inauguramos a Arena Pampulha e iniciamos o projeto das escolas de futebol, espaços para eventos e mensalistas. Com o crescimento, não tinha mais cabeça para voltar a jogar. Recebi muitas propostas, mas o psicológico não era o mesmo que vivi por 20 anos”.

Atletas da escolinha de futebol da Arena Pampulha (Divulgação)

Escolinha de futebol

A escolinha da Arena Pampulha cresceu a ponto de se transformar em uma das principais portas de entrada para o futebol de alto rendimento em Belo Horizonte. Com 400 alunos matriculados, Alessandro precisou expandir a estrutura. A solução encontrada foi a parceria com o Terrestre Esporte Clube, do bairro Vale das Amendoeiras, em Contagem. O campo recebeu grama sintética em fevereiro de 2024 e sedia partidas de futebol de 11.

A coordenação da escolinha está a cargo do cunhado, o educador físico Francisco Rangel Júnior. Alessandro, por sua vez, usa os contatos no futebol para inserir algum garoto com potencial na base dos grandes times de Belo Horizonte (Cruzeiro, Atlético e América) ou até mesmo de outros estados. Já os serviços de bares e alimentação da Arena Pampulha são terceirizados.

“Fizemos uma junção com o Terrestre na Arena Pampulha Terrestre. Passamos para o alto rendimento e disputamos o Mineiro e outros torneios regionais. Fizemos o arrendamento do espaço e começamos a construir salas e vestiários para dar mais suporte aos atletas e também aos pais”.

Alessandro, em entrevista ao No Ataque

Garotos do time da Arena Pampulha no campo do Terrestre Esporte Clube, em Contagem

A escolinha da Arena Pampulha abrange crianças de 4 a 14 anos em três níveis: iniciante, intermediário e alto rendimento. Alessandro conta que é comum ver garotos subindo de patamar na medida em que aprimoram as aptidões no futebol. Além disso, segundo o ex-jogador, jovens que se destacam ganham bolsa quando a família não tem condições de arcar com as mensalidades. Existem parcerias para descobrir promessas em comunidades de Ribeirão das Neves, Sabará e outros municípios da Grande BH.

Com relação ao staff, profissionais especializados em treinamento esportivo compõem a comissão técnica. “Hoje estou trabalhando com sete professores. Temos um preparador físico, um preparador de goleiros e um massagista. Quando o garoto tem algum tipo de lesão, um pouquinho mais grave, que a gente não consegue atender aqui, direcionamos para alguns fisioterapeutas com os quais tenho bom relacionamento”, disse Alessandro.

Conforme o ex-camisa 9 do América, independentemente do estágio de desenvolvimento das crianças, todas participam das partidas. “Estamos disputando três competições: Supercopa, Copa Ouro e IMEF. O IMEF (Instituto Mineiro de Escolas de Futebol) é como se fosse um Campeonato Mineiro, então a gente vai com a equipe principal. Como os outros dois campeonatos são de nível intermediário, a gente põe os outros. Conseguimos dar minutagem para todos os garotos”.

Professores da Arena Terrestre Pampulha em 2024 (Divulgação)

Futebol feminino

A Arena Pampulha também dispõe de vagas para meninas que se interessam em jogar futebol. Como a procura ainda é insuficiente para montar uma equipe completa, elas competem ao lado dos meninos. Alessandro explicou que, nessas circunstâncias, as garotas podem jogar com crianças do gênero masculino um ano mais novas (exemplo: uma atleta nascida em 2012 se juntará a garotos de 2013). Segundo o empresário, uma jovem integra o time de alto rendimento.

“A Carol joga no alto rendimento, muito boa jogadora, é lateral-direita, joga de igual para igual (com os meninos). Ela já disputava alguns campeonatos de futebol de 7, então já tinha uma certa experiência. Fizemos um pouquinho de transição, vimos que ela estava conseguindo e a levamos para o alto rendimento. Temos também cinco meninas que ainda estão na iniciação, com um nível de trabalho mais lúdico”.

Alessandro também contou que a jogadora Duda Santana, do sub-17 do Internacional, deu seus primeiros passos no futebol na Arena Pampulha. “Ela começou comigo aqui com 10 anos de idade, ficou até os 13 e a gente conseguiu indicar para Atlético. Como o Atlético acabou não mexendo muito com as categorias femininas, ela foi para o Internacional”.

Clube formador

Presente em torneios importantes de base de Belo Horizonte e região, a escolinha da Arena Pampulha já levou meninos para clubes que possuem departamento profissional de futebol. Alessandro citou alguns nomes em Atlético, América e Boston City e vislumbrou o sonho de, no futuro, tornar o projeto referência na formação de craques para o futebol brasileiro. A parceria com o Terrestre resguarda o direito de lucrar, caso um atleta chegue ao profissional e seja envolvido em venda de direitos econômicos.

“Hoje a gente tem o Gustavinho, tem o Davi, que tá no sub-11 do Atlético; tem o João, que está no Boston, que é um garoto que a gente pegou de um projeto no Palmital, em Santa Luzia, e hoje ele tem proposta do Atlético e do Red Bull. Tem o Igor, que está no Atlético, no sub-14; o Kauan, que está no América. Se a gente colocar um total, gira em torno de uns 12 garotos”.

“A Arena Pampulha, como projeto, cresceu. Fizemos essa junção com o Terrestre, um clube filiado à Federação Mineira que estava parado. Fizemos a Arena Pampulha Terrestre. Conseguimos federar todos os jogadores que estão disputando essas competições de alto rendimento. Com isso, o Terrestre tem direito, se um garoto desses virar um jogador profissional, aos 5% da taxa de solidariedade (da Fifa). É um parceiro que buscamos, pois o clube estava parado. Com esse crescimento, conseguimos fazer essa parceria. Quem sabe daqui a pouco surgem futuros craques do nosso futebol. É um sonho deles e nosso também”.

Alessandro

Entrevista de Alessandro ao No Ataque

Alessandro fez o gol do América que valeu o título estadual em 2001. O Coelho perdeu o segundo jogo da final do Mineiro para o Atlético, por 3 a 1, porém ficou com o troféu por ter vencido o primeiro duelo por 4 a 1. Aos 32 minutos da etapa final, o então jovem de 19 anos dominou na área e chutou com muita força. O goleiro Velloso, do Galo, espalmou a bola para dentro da meta.

De acordo com o historiador Carlos Paiva, autor da Enciclopédia do América, Alessandro Nunes do Nascimento é o 27º maior artilheiro da história do clube, com 56 gols em 169 jogos. O ex-atacante ainda brilhou no Ipatinga, pelo qual foi duas vezes melhor marcador da Série B do Campeonato Brasileiro: 25 gols, em 2007, e 21 gols, em 2010.

Na entrevista ao No Ataque, Alessandro falou de diversos temas, como a presença do filho na base do América, a preparação para ter uma vida confortável fora do futebol profissional e os momentos marcantes nos gramados por Coelho, Fluminense, Flamengo, Vasco, Ipatinga, Cruzeiro, Atlético e demais clubes. Fique ligado no portal para conferir outras reportagens desse bate-papo!

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