AMÉRICA

Maior artilheiro do América também foi árbitro e investigador da polícia

Satyro Taboada atuou pelo Coelho de 1922 a 1931 e foi um dos protagonistas da sequência de títulos que integram o decacampeonato mineiro
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O maior artilheiro do América pertenceu a uma época em que se jogava futebol unicamente por amor. Satyro Taboada atuou pelo Coelho de 1922 a 1931 e foi um dos protagonistas dos títulos que integram o icônico decacampeonato mineiro de 1916 a 1925.

Diferentes fontes apontam o número de gols do atacante: enquanto o site Futebol 80 listou 166, dados do historiador Carlos Paiva reportam 165. Há quem diga que Taboada anotou mais de 200 tentos com a camisa alviverde. Fato é que esse recorde perdurará por décadas ou até mesmo séculos.

Nascido em Belo Horizonte em 19 de novembro de 1900, Satyro começou a carreira no Sete de Setembro, pelo qual fez quatro gols no Campeonato Mineiro de 1920 (chamado de Campeonato da Cidade) e 13 no de 1921. Em 1922, ele cedeu o seu estilo de jogo rápido e objetivo para o América, tornando-se a principal referência do clube em quase 10 anos.

Taboada conciliou o futebol com o trabalho de detetive na Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais. A experiência como investigador da polícia o levou comandar o sistema de vigilância de duas instituições financeiras: Banco de Crédito Real e Banco Comércio e Indústria.

Satyro Taboada, maior artilheiro da história do América

Homenagens a Satyro Taboada

Satyro Taboada faleceu ao sofrer um infarto, em 26 de julho de 1972, aos 71 anos. O Estado de Minas deu a manchete na edição do dia seguinte. “Nosso futebol está de luto. Satyro morreu”.

Em 27/7/1972, o EM trouxe depoimentos de personagens contemporâneos ao artilheiro americano, sepultado no Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, com a bandeira do clube do coração sobre o caixão.

“Era desses jogadores peitudos, de muita coragem. Veloz e inteligente. Era uma espécie de pivô do América. Todas as principais jogadas de ataque convergiam sobre ele e os técnicos baseavam seus sistemas em suas avançadas. Satyro marcou gols memoráveis. Era perfeito no toque de bola e nas tabelas. Enfim, um jogador completo”, declarou Raimundo Sampaio (1904-1984), ex-presidente do Sete de Setembro (o Estádio Independência foi batizado em sua homenagem).

“Satyro era um juiz enérgico, desses que expulsam por qualquer motivo. Não permitia indisciplina e, pela sua categoria, costumava dar algumas aulas para os dois times em plena arbitragem”, frisou Saint’Clair Valadares Júnior (1900-1984), ex-presidente da Federação Mineira, referindo-se ao desempnho de Satyro como árbitro de futebol nas décadas de 1930 e 1940.

Números “insuperáveis”

Os mais de 160 gols colocam Satyro Taboada com bastante folga na primeira posição entre os artilheiros do América. O segundo é Gunga, grande nome do Coelho na década de 1950, com 109 gols em 153 jogos.

Nenhum outro atleta superou 100 gols pelo clube. Considerado o maior ídolo, Jair Bala fez 78 em 144 jogos. Euller, o “Filho do Vento”, somou 79 em 236 partidas. Já Fábio Júnior, que defendeu o Coelho de 2010 a 2013, atingiu 72 em 183 jogos.

Com relação a Satyro Taboada, foram várias ocasiões em que ele fez muitos gols em um só jogo. Na lista do Futebol 80 constam nove tentos na vitória por 14 a 0 sobre o Palmeiras de Belo Horizonte no Mineiro de 1928.

Em 1929, o detetive estufou a rede do Santa Cruz sete vezes na goleada por 11 a 1. Ele ainda deixou seis gols em cima de Yale (10 a 0, em 1923), Guarany (11 a 1) e Sete de Setembro (9 a 0).

Os 113 gols de Satyro em todas as participações no Campeonato Mineiro o colocam à frente de Ninão (111), Dadá Maravilha (108) e Dirceu Lopes (106 gols) entre os artilheiros de todos os tempos do torneio. Tostão aparece acima, com 123 gols.

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