Campeão da Série B de 1995 e do Brasileirão de 2001 pelo Athletico-PR, Flávio foi um dos jogadores que mais contribuíram para o ressurgimento do América. Contratado pelo clube em 2008, aos 37 anos, o ex-goleiro permaneceu no Lanna Drumond por quase quatro temporadas, jogou 133 partidas e se despediu em 2011. O ídolo do Coelho morreu nesse domingo (13/7), aos 54 anos, em Maceió, capital de Alagoas. Ele enfrentava um câncer de próstata.
O No Ataque colheu depoimento do diretor-executivo do Santos, Alexandre Mattos, que trabalhou no América de 2005 a 2012. Foi ele o responsável pela negociação com Flávio, por indicação do técnico Marcelo Oliveira, que havia dirigido o goleiro no CRB e, posteriormente, viria a ser bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro em 2013 e 2014.
“O Flávio, meu querido amigo, gostava muito dele. O América vivia um momento duro, na segunda divisão do Campeonato Mineiro em 2008. A gente tinha dificuldade até para contratar. Eu lembro como se fosse hoje. O Flávio estava treinando bem no CRB, e o Marcelo Oliveira, com quem trabalhei junto no Cruzeiro em 2013 e 2014, tinha passado por lá. Ele me falou: ‘Alexandre, se você estiver precisando de goleiro no América, o Flávio está treinando muito bem no CRB. Peguei o telefone, liguei para o Flávio, falei todo o projeto, e ele topou. Na época, ele nem tinha empresário. Aliás, ele sempre resolveu as coisas”.
Antes de assinar com o América, Flávio pediu para que o irmão Fabinho, também jogador de futebol, fizesse parte do “pacote”. Por entender que o goleiro teria papel importante na reconstrução do clube, Mattos aceitou incorporar o zagueiro ao elenco alviverde.
“A gente fez um acordo, foi até interessante para o América. Ele disse: ‘eu vou, cara, mas sou muito família, enfim. Levou até o irmão para o América, estava no pacote também. Foi um cara excepcional. É um dos grandes atletas que ajudaram a remodelar o América, porque o clube estava sem divisão nacional. Foi um nome forte, grande, tinha sido campeão brasileiro no Athletico-PR”.
Alexandre Mattos
Do Módulo 2 do Mineiro para a Série A do Brasileiro
Quando Flávio chegou ao América, o primeiro desafio era a disputa do Módulo 2 do Campeonato Mineiro. A competição teve 11 equipes se enfrentando em turno e returno, totalizando 20 rodadas. O Coelho conquistou o título ao somar 41 pontos – 12 vitórias, cinco empates e três derrotas – e retornou à elite estadual ao lado do vice-campeão Uberlândia.
Por ter alcançado a semifinal da Taça Minas Gerais de 2007, o América teve direito a uma das vagas mineiras na Série C de 2008. Embora tenha ficado pelo caminho no campeonato nacional, obteve a 20ª posição entre 64 clubes, suficiente para assegurar a permanência na terceira divisão. A Confederação Brasileira de Futebol inseriu a Série D no calendário a partir de 2009.
Em 2009, o América se sagrou campeão da Série C do Campeonato Brasileiro. A campanha foi de nove vitórias dois empates e três derrotas em 14 jogos. Já em 2010, o time alviverde subiu para a Série A ao terminar a B na quarta posição, com 63 pontos (19 vitórias, seis empates e 13 derrotas). Flávio foi titular absoluto nos torneios e recebeu elogios pela conduta dentro e fora de campo.
“O Flávio pegou muito nos tempos de América. Sempre foi um destaque jogando. Fora de campo, no vestiário, muito profissional. Trabalhava bastante, nunca deixou nenhuma adversidade atrapalhar, jogava da mesma maneira um clássico contra Cruzeiro ou Atlético e na Segunda Divisão do Mineiro. Jogou a Série C pelo América, em que fomos campeões, e chegou até a primeira divisão, em 2011”.
Alexandre Mattos
‘Foi um dos que acreditaram’
Para Alexandre Mattos, Flávio e o atacante Euller ‘Filho do Vento’ foram os pilares do grupo do América que ascendeu da segunda divisão estadual para a elite nacional em três anos. Outros jogadores daquele time criaram identificação com o clube, casos do zagueiro Preto (campeão brasileiro pelo Santos em 2002), os volantes Dudu Pitbull e Leandro Ferreira e o meia-atacante Luciano.
“Era pra ficar seis meses, mas permaneceu por anos no América. A gente fica sentido (pelo falecimento de Flávio), um cara que eu gosto, que foi muito, mas muito importante para a história do América. No momento mais difícil, foi um dos que acreditaram e fez o papel com o brilhantismo. Mais uma vez, foi pra ficar, no primeiro momento, por seis meses. E ficou anos como titular jogando muito”.
