Parceiro comercial do Atlético, Rogério Dezembro disse, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas/No Ataque, que shows podem tirar jogos do Galo da Arena MRV, novo estádio do clube em Belo Horizonte. O profissional de marketing, propaganda e entretenimento é CEO da LivePark.
A empresa se dedica à inteligência, gestão, controle e operação de espaços para esportes, entretenimento e eventos. A LivePark também foi parceira do Palmeiras na administração do Allianz Parque, em São Paulo.
Desde junho de 2021, o grupo cuida da comercialização dos patrocínios da Arena MRV. A união da empresa com o clube mineiro também visa potencializar a geração de receitas a partir do uso do estádio.
Rogério Dezembro assegura que a gestão do empreendimento fará o possível para conciliar jogos e shows na nova casa do Atlético. De toda forma, admite a possibilidade de que a realização de eventos musicais faça com que o Atlético recorra a outros locais, como o Mineirão e o Independência, para mandar algumas partidas.
“Esse é o eterno desafio. No mundo ideal, você deveria ter todos os jogos e todos os shows. Mas a gente sabe que o mundo ideal não existe. Em algumas situações, a Arena MRV vai ter que abrir mão de shows em função de ser um período importante para o Atlético. A gente também não pode esquecer que é uma arena multiuso, mas antes de tudo é a casa do Atlético. Fatalmente, vai acabar abrindo mão de alguns shows”, afirmou ao No Ataque.
“E vai acontecer o inverso também. Vai abrir mão de alguns jogos para receber determinados shows. Não tem como fugir disso. O desafio permanente desses espaços é tentar encontrar um grau de maximizar a utilização da agenda. Receber o máximo de shows e jogos possíveis”, prosseguiu.
Calendário cheio como prioridade
O CEO da LivePark enfatiza que um dos objetivos da parceria é estabelecer uma agenda repleta de eventos na Arena MRV – tanto esportivos como musicais. “Tem que estar cheio o tempo todo”, frisou.
“Uma coisa que às vezes a imprensa de futebol coloca, de maneira equivocada, é que existiria uma rivalidade, vamos chamar assim, entre jogos e shows. Do ponto de vista do dono da arena, não existe rivalidade nenhuma: ele quer ter os dois”, disse Rogério.
“São essas receitas que viabilizam a manutenção do estádio e seu constante aperfeiçoamento. É como um cinema ou um restaurante vazio: não é bom. Tem que estar cheio o tempo todo. O ideal é maximizar, receber o máximo de jogos e shows possíveis”, acrescentou.
Dirigente falou sobre o tema em 2020
Em entrevista à Rede 98, em abril de 2020, o empresário atleticano Rafael Menin comentou o calendário da Arena MRV. Naquela oportunidade, assegurou que o Atlético, como dono do estádio, teria autoridade absoluta na definição do cronograma do local de acordo com as próprias prioridades.
“O caso Arena MRV é muito diferente do Palmeiras. Por quê? Porque a arena, integralmente, será do clube. Clube detém todo o espaço, e a definição vai ser do clube. No caso do Allianz Parque, a WTorre detém o direito de todos os eventos não futebol, e o Palmeiras gerencia o futebol. A prioridade do uso dos eventos é do Allianz Parque”, disse Menin.
“A gente viu, por exemplo, na Copa do Brasil e na Libertadores, no ano passado (2019), o Palmeiras teve que mandar alguns jogos no Pacaembu. E não vai acontecer isso na Arena MRV. A definição será exclusivamente do clube. Se o clube entender que aquele jogo não é de uma importância muito grande, ele pode sim colocar um mega show no dia e jogar no Mineirão. Agora, se o clube entender que o jogo é muito importante e a prioridade do clube é futebol, não vai ter evento no dia”, prosseguiu.
“Cabe única e exclusivamente ao Clube Atlético Mineiro escolher quais eventos poderão impactar ou não a agenda do futebol. É um caso único no Brasil”, encerrou.
O cenário, de toda forma, se alterou. Isso porque Rafael, junto aos também empresários Rubens Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador, será um dos sócios majoritários da Galo Holding, que deterá 75% das ações da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Atlético.
Na votação que definiu a transformação do Galo em clube-empresa, estabeleceu-se que a empresa terá 75% do futebol alvinegro e também da Arena MRV. Mais recentemente, em entrevista ao jornalista Henrique Muzzi, Rafael Menin garantiu: “Nossa prioridade sempre será o futebol”.