O projeto da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Atlético tem sido alvo de críticas de parte da torcida do clube mineiro. Em entrevista ao jornalista Breno Galante, o empresário Rubens Menin, que será um dos sócios majoritários da Galo Holding, respondeu questionamentos constantemente levantados sobre o tema.
O primeiro deles diz respeito a declarações antigas dos investidores que compõem o órgão colegiado do Atlético. Em reiteradas oportunidades, os empresários garantiram que não tinham o intuito de serem “donos” da instituição.
“Não tinha solução. O ideal era que fosse feito a SAF. O Atlético era um time muito endividado, com a maior dívida do Brasil. Nós tentamos (investidores estrangeiros). Se não fizesse a SAF, o Atlético explodia. Aí nós tivemos que ir, pô. Foi uma decisão com a cabeça fria. Não foi para a gente ganhar dinheiro. Se não fizesse, o Atlético ia ter problemas muito sérios.”
Rubens Menin, empresário atleticano
Valuation da SAF
Em janeiro deste ano, o Atlético compartilhou, por meio de suas redes sociais, um estudo que apontava evolução no valuation do clube desde 2021. O termo de origem inglesa diz respeito à avaliação que determina o valor de determinado ativo, financeiro ou real.
O tweet segue publicado pelo clube mineiro, mas a página do site oficial que compartilhava o estudo não está mais disponível. O documento pontuava que o Galo havia sido avaliado em mais de R$ 3,1 bilhões pela SportsValue, empresa especializada na área.
No entanto, em 20 de julho, o Conselho Deliberativo do Atlético aprovou a transformação em SAF com valuation de R$ 2,1 bilhões e a consequente venda de 75% das ações do clube-empresa à Galo Holding. O aporte inicial será de R$ 913 milhões – sendo R$ 313 milhões em perdão de dívidas com as famílias Menin e Guimarães.
“O valuation nunca caiu. Sempre foi esse. Está tendo uma confusão nisso aí. Ninguém nunca falou em R$ 3,1 bilhões de valuation. Isso foi feito com muito carinho, muito estudo. Duas empresas com muita tradição, a EY e o BTG. Nunca teve isso”, afirmou Rubens Menin.
“O mesmo valuation foi apresentado para todos os investidores do mundo”, garantiu o investidor.
Dívidas assumidas
Rubens Menin voltou a destacar o fato de que a SAF passará a ser responsável pela quitação integral da dívida do Atlético, que hoje ronda a casa de R$ 1,7 bilhão e é a maior do futebol brasileiro. O investidor também reforçou o prazo para que esses pagamentos aconteçam.
“Quando a gente incorporou as dívidas, quem incorporou foi a SAF. O Atlético não deve mais nada. A SAF vai dever por algum tempo. A gente pretende quitar essa dívida nos próximos três anos, mas quem tem a dívida hoje é a SAF. Inclusive, o CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) da Arena MRV (R$ 440 milhões) foi para a SAF”, assegurou.
“Como (ficar livre de todas as dívidas)? Não tem jeito, uai. Nunca se falou isso. O Atlético Associação ficou livre de todas as dívidas. Aquilo poderia ficar insolvente. A SAF, quando absorve, é uma empresa que tem sócios e tem que pagar. Entra com o CPF deles, essa é a diferença. Agora, se não pagar, os sócios da SAF estão com o nome deles em jogo.”
Rubens Menin, empresário atleticano
Otimismo para o futuro
Por fim, em recado para a torcida, o investidor se mostrou animado com o futuro alvinegro. Pregou a necessidade de “disciplina financeira”, mas garantiu que o investimento no futebol será uma das premissas básicas do clube-empresa.
“Uma empresa tem que ter duas coisas: primeiro, disciplina financeira. Depois, tem que ter sucesso. O Atlético tem uma série de coisas boas: Arena MRV, dívidas sendo pagas, sobra um orçamento… Vai melhorar, poxa. Não tem porque piorar, não. Sou otimista.”
Rubens Menin, empresário atleticano
“Tudo passa por ter um belo time de futebol. A gente quer isso. A premissa é ter um time sempre com futebol competitivo. Não vai ter o elenco mais caro do Brasil, mas vai ter um elenco bom. Hoje, o orçamento do Flamengo é maior que o nosso. Vai ser por algum tempo”, encerrou.
