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CEO do Atlético explica falhas na Arena MRV e projeta prazo para soluções

Bruno Muzzi fez questão de detalhar vários problemas que repercutiram após a estreia do Galo no seu novo estádio, no domingo (27/8)
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CEO do Atlético, Bruno Muzzi explicou as falhas de operação na Arena MRV durante a estreia oficial, que ocorreu no domingo (27/8), na vitória atleticana sobre o Santos por 2 a 0, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro. O profissional do Galo também projetou o prazo para soluções. 

Em entrevista à rádio 98FM na noite desta terça-feira (29/8), Bruno Muzzi fez questão de detalhar vários problemas que repercutiram após a estreia alvinegra no novo estádio. Veja as falas na íntegra do CEO do Atlético no fim da matéria.

Muzzi falou sobre wi-fi, que não funcionou corretamente, esmiuçou a situação das comidas e bebidas, que torcedores reclamaram de falhas no momento da compra, e ainda deixou claro a sua insatisfação com a necessidade de usar múltiplos aplicativos para acessar o ingresso.

Mesmo assim, o CEO do Galo frisou a evolução em relação ao Jogo das Lendas, evento que ocorreu na Arena MRV em 16 de julho, pouco mais de um mês antes da estreia oficial.

“Na minha concepção, o evento teve um salto muito grande na qualidade do Jogo das Lendas para esse evento. Saímos de 20 para 30 mil pessoas, tiveram vários aspectos positivos, então eu fiquei satisfeito com o salto de qualidade. Mas, do mesmo jeito que a gente teve muitas qualidades, nós tivemos também muitos novos defeitos”. 

Bruno Muzzi, CEO do Atlético

Falas de Bruno Muzzi, CEO do Atlético, sobre problemas na Arena MRV

Wi-fi, internet e 5G

“A Arena está com 70%, 80% da sua capacidade dos access points instalados. Eu fiz um teste sábado à noite lá na Arena, com 100% da Arena coberta. Na hora que a gente começou a operar veio funcionando o wi-fi normal, mas tivemos um erro grave de configuração, que só foi possível descobrir na hora do evento. 

“Uma controladora, que é aquilo que faz a conexão de todos os access points – são quase 600 instalados -, tem 16 vias e na hora que os access points vão se conectando, eles vão enchendo aquelas vias. Só uma encheu. Ela encheu e não estava configurada para fazer um balanceamento automático”. 

“Com isso, ela travou e jogou o wi-fi inteiro no chão. E a gente não conseguia descobrir o que que era, a Cisco, que é empresa fornecedora americana, entrou no circuito, conseguiu descobrir o erro, nós conseguimos voltar o wi-fi por volta de 16h nos pontos principais, depois só 16h30 [que melhorou], mas já tinha dado muitos problemas”. 

“E isso é wi-fi de internet, diferente do 5G. Nós temos um projeto 4G e 5G para a Arena é que é rede de telefonia para colocar, mas a gente ainda está aguardando com esse projeto, porque não temos um recurso suficiente para poder fazer. Mas esse projeto está pronto, ele existe. Assim que a gente puder ter, a gente coloca lá dentro”.

Comidas e bebidas

“Primeiro, é importante falar que a empresa que opera na Arena, a Gourmet Sports Hospital (GSH), é europeia, já opera em diversos estádios e tem operado no Allianz Parque. Eles estão fazendo um investimento gigantesco na Arena, nas cozinhas, nos equipamentos. Então, a questão é uma operação mais de logística do que de alimentação”.  

“Acho que a gente atendeu melhor, mas tivemos muitos problemas. O totem de compra, na hora que caiu a internet, parou. Nós já estamos resolvendo o problema da internet, mas vamos deixar um backup também para funcionar. É possível também você trazer uma antena de 4G momentânea para poder funcionar nas maquininhas. Então nós vamos pensar nessa solução para se faltar wi-fi, a gente consiga controlar”.

“Nós tivemos um problema que a gente imaginava que pudesse ter, mas não imaginávamos que pudesse ter já nesse jogo, porque, no cruzamento das rampas, nós tivemos gente passando de um setor para o outro. Houve um desbalanceamento forte no abastecimento dos bares. Aquele bar que havia previsto conforme a carga nossa de público, ele teve mais gente do que esperava”.

“Teve falta de cerveja, mas super pontuais. Do outro evento [Jogo das Lendas] para esse [a estreia oficial], a gente tinha mais de 40 caixas térmicas que a gente não tinha no outro. A cerveja estava gelada. 

“Nós não tivemos problemas de abastecimento nos camarotes, que talvez seja uma das operações mais complexas, porque cada um tem um tipo de buffet, cada um tem um tipo de, a gente chama de line-up de comida, até o jogo começar é um tipo de comida; entre o jogo e o fim do primeiro tempo, quem contratou, serve um almoço; depois, no intervalo, serve a sobremesa. Então, nós não tivemos esses problemas, mas acho que falta um pouco mais de capricho, no geral”.

“A gente fez um planejamento de vender aproximadamente R$ 600 mil nesse jogo de alimentos e bebidas, e nós vendemos, mesmo com esse problema, R$ 1,3 milhão na estreia, com todas essas situações”. 

Problemas em múltiplos aplicativos de ingressos

“Um ponto que eu achei que foi gravíssimo: a questão dos ingressos e o Super App. A gente tem um Super App, que a estratégia nossa é que cada vez mais as pessoas acessem o estádio utilizando o Super App. A gente tem o Galo na Veia, que é onde você compra o ingresso e, por sinal, a compra em si foi muito fluida: vendemos em 40 minutos, então a compra do ingresso foi fácil. A gente tem a NewC, a ‘etiqueteira’, que você tem que fazer o cadastro. É uma empresa dinamarquesa que a gente trouxe nova agora. E a gente tem também a Futebol Card, que é quem comprou cadeira e camarotes”. 

“Quando você vai comprar, tudo tem que conversar. São quatro bases distintas: de quem fez cadastro no Super App, quem fez no Galo Na Veia, e etc. Aí nós tivemos muitos problemas dessas bases conversarem, muitos problemas, porque são quatro aplicativos diferentes. Tem que unificar isso. E qual é a estratégia da Arena? A gente quer utilizar o Super App o melhor possível”. 

“Na estreia, essa integração foi muito difícil, mas mesmo assim a gente conseguiu ter mais de 53 mil aplicativos do Super App baixados. Por exemplo, no Mineirão, no jogo com o Palmeiras, a gente teve duas ou três mil pessoas acessando o Mineirão com o App. Nesse, na Arena, a gente já teve 21 mil pessoas acessando a Arena através do Super App”. 

“Foi dolorido, foi muito ruim, foi um sofrimento. A gente tinha outras opções, tá? Mas a gente deixou arder um pouco. Por quê? Porque a gente quer que isso aconteça [a alternativa mais tecnológica]. Agora, nós estamos com 20 dias para poder fazer uma alteração, que é o Galo ID, que na hora que você baixa o app, você unifica tudo. Então esse é o próximo passo. Depois disso, a gente vai fazer uma melhor usabilidade do Super App na questão dos ingressos, como a facilidade de transferir para outra pessoa. De fato, a experiência foi muito ruim, mas foi uma estratégia adotada”. 

Prazos para solucionar

“Eu sempre tenho enfatizado em todas as minhas entrevistas que a gente demorou três anos para construir e a gente está começando a operar o estádio agora. Eu não acho que a Arena MRV estará pronta do ponto de vista de operação, do ponto de vista da excelência da operação em menos de um ano. Eu acho que nós temos aí um ano de aprendizado forte”.

Alguns pontos positivos citados por Bruno Muzzi

“E a gente teve pontos positivos que eu acho que vale ressaltar: estacionamento, chegada e tal. Nós tivemos uma questão da acessibilidade. Foi super legal, super elogiado. Os banheiros foram um ponto muito forte, muito positivo. Tivemos também a questão de banheiros de família. Acho que isso foi muito legal também”. 

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