O Atlético deve optar por trocar o gramado da Arena MRV: do natural para o sintético. Diante do fato, o No Ataque entrevistou Alessandro Oliveira, especialista no tema, que comparou custos de manutenção entre as alternativas e estimou um prazo para a troca do piso no novo estádio do Galo, se assim ocorrer.
Alessandro é fundador da Soccer Grass, empresa especializada em pisos esportivos e parceira do Palmeiras no Allianz Parque. O grupo também presta serviços nos centros de treinamento de São Paulo e Corinthians, além da Granja Comary, CT da Seleção Brasileira no Rio de Janeiro.
A intenção do Atlético em trocar o gramado tem sido confirmada pelo CEO do clube, Bruno Muzzi, em entrevistas concedidas ao longo das últimas semanas. O Atlético espera ter um calendário repleto de eventos musicais no novo estádio, além, obviamente, dos jogos.
À reportagem, Alessandro Oliveira assegurou que a manutenção de um gramado sintético é mais barata do que a do gramado natural. “Total. Principalmente quando você usa a arena para shows e eventos. Tem situações em shows e eventos em que você é obrigado a trocar a grama. O Allianz Parque chegou a trocar três, quatro vezes ao ano por conta da quantidade de eventos que tinha. Imagina o que custa trocar um campo inteiro. Já é um absurdo”, afirmou.
Custos de manutenção
Alessandro estimou que a manutenção de um gramado natural ronde a casa de R$ 100 mil mensais em custos. Isso sem considerar os gastos anuais com insumos e eventuais trocas do piso.
“O custo mensal de manutenção de uma grama natural fica em torno de R$ 40 mil a R$ 50 mil. Pode colocar R$ 50 mil em um estádio de muitos shows. Mais a parte de iluminação, que você vai ter que usar nesses estádios de arquibancada coberta, que o sol não bate 100%. Aquela iluminação artificial para fazer a fotossíntese do gramado. Isso já consome uma energia significativa, em torno de R$ 50 mil de energia”, explicou.
Em comparação, o empresário destacou que a conservação do gramado sintético exige, em estádios repletos de eventos, em torno de R$ 40 mil mensais.
“Hoje, um gramado sintético, em uma arena que não tem shows, vai gastar em torno de R$ 15 mil por mês. Com shows, dependendo da demanda, chega até R$ 40 mil. Se você somar, sai muito mais barato. Porque na grama natural você também precisa da iluminação para fazer a manutenção. Já gasta aí R$ 50 mil. Mais R$ 50 mil de insumos que você vai gastar no ano todo. E mais as trocas… Se tiver que trocar duas vezes o gramado, mais uns R$ 400 mil. Se somar tudo, você vê que é uma diferença significativa”, argumentou.
“Se tiver uma demanda de profissional, sub-20, feminino e shows no estádio, você vai ter que trocar o gramado natural pelo menos quatro vezes no ano. Não vai resistir”, acrescentou.
Prazo para troca
Se optar pelo sintético, o Atlético provavelmente fará a mudança ao fim da temporada 2023. Isso porque a troca de gramado exige prazo mínimo de 45 dias, e a Arena MRV já tem calendário cheio até o dia 3 de dezembro.
“É melhor fazer na baixa temporada. Porque vai levar em torno de 45 a 60 dias trabalhados. Eu acho muito arriscado fazer nessas janelas. Dá para abreviar, isso dá. Mas eu não recomendo não. Acho mais prudente fazer na entressafra de fim de ano e correr atrás, para estar tudo em ordem quando voltar”, estimou Alessandro Oliveira.
“60 dias. Fazendo com tranquilidade. Se tiver que realmente acelerar, dá para fazer em menos”, reafirmou.
De acordo com Bruno Muzzi, o Atlético gastou cerca de R$ 900 mil para instalar o gramado natural. Ainda segundo o dirigente, a opção pelo gramado sintético resultaria em despesa de R$ 10 milhões ao clube.
A maior probabilidade, de toda forma, é que o Galo realize a troca. Na estreia oficial na Arena MRV, o clube enfrentou problemas no trecho do campo que recebe menor iluminação solar. Além disso, o cronograma de eventos tende a intensificar a deterioração do gramado natural.
