A JOIA ISEPPE

Mateus Iseppe: Atlético adota cautela para blindar joia da base

No Ataque consultou pessoas próximas ao atleta para traçar perfil do principal nome da base do Galo; Iseppe já treina com o sub-20
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O jovem Mateus Iseppe, de 17 anos, é um dos assuntos do momento entre torcedores do Atlético. Os belos lances e os números do meia-atacante nas categorias de base do Galo são motivos de sobra para que atleticanos usem as redes sociais para pedir chances ao garoto no profissional. O clube, apesar disso, adota cautela para não cometer erros nessa transição.

A reportagem de No Ataque consultou pessoas envolvidas na formação de Iseppe para traçar um perfil. Gerente das categorias de base do Atlético, Erasmo Damiani começou abordando as características do jovem dentro das quatro linhas.

“Hoje, o ponto fundamental do Iseppe é a finalização. Ele tem pisado muito na área também. São características bem interessantes, principalmente pelo posicionamento dele. Ele não é um atleta que só joga em uma área específica do campo. Ocupa alguns espaços para construir as jogadas. Ele faz hoje esse meia-atacante, mas também vem de trás. Não joga só no meio para frente. Constrói muito fora desse espaço também”, analisou.

O dirigente também falou sobre o comportamento de Iseppe no extracampo. Fontes próximas consideram o garoto focado, com a missão clara de se destacar como profissional.

“Até hoje, não tenho nada a reclamar do Iseppe na conduta. Ele é um atleta elogiado aqui no clube. É um atleta que cumpre com tudo, questões de colégio e de clube. Disciplinarmente, sem problema nenhum. Focado no que ele quer como objetivo futuro. Ele é profissional. Iseppe, mesmo quando não tinha contrato profissional, foi um menino muito tranquilo e profissional na concepção da palavra. Espero que ele continue”, avaliou Damiani.

Iseppe, meia da base do Atlético - (foto: Pedro Souza/Atlético)
Iseppe, meia-atacante da base do Atlético(foto: Pedro Souza/Atlético)

Dominante no sub-17 e “promovido”

2023 foi um “ano de ouro” para Iseppe no sub-17. Ao todo, foram 21 gols em 19 jogos – cinco em quatro partidas na Copa do Brasil, quatro em seis compromissos no Campeonato Mineiro e 12 em nove duelos do Campeonato Brasileiro da categoria.

Iseppe e Atlético encerraram o Brasileirão sub-17 na quinta colocação do Grupo A, com campanha insuficiente para avançar às quartas de final. Logo ao fim da participação alvinegra na competição nacional, o jovem meia-atacante foi definitivamente integrado ao sub-20 do Galo.

Para Erasmo Damiani, o salto do sub-20 ao profissional também está muito associado ao desempenho do atleta na nova categoria. O gerente da base do Atlético destacou que Iseppe também treina constantemente entre os profissionais.

“Já tínhamos planejado essa subida para o sub-20 caso não avançássemos no Brasileiro. Aí, vai depender dele. Se treinar bem… Daqui para frente, vai depender muito da evolução da atleta. Futebol não dá para planejar muito nesse sentido. Ele treina bastante com o profissional. Não é um jogador que o profissional não conhece”, afirmou.

“O profissional conhece, porque o Lucas [Gonçalves, auxiliar fixo] vai ver jogos da categoria. Também treinam contra o profissional. Para que ele seja um destaque, vai depender muito do atleta. Não adianta estar bem hoje e achar que está tudo maravilhoso. Olhar as redes sociais e só elogios. Se você sentar em cima disso, daqui a pouco está atropelado”, prosseguiu.

Multa rescisória baixa?

No início de agosto, Iseppe renovou contrato com o Atlético. A multa rescisória para clubes do Brasil saltou para R$ 24 milhões. Nas redes sociais, diversos torcedores demonstram preocupação com o valor e com a possibilidade de perder o jovem para outro clube brasileiro.

“A multa do Iseppe está dentro de uma realidade da categoria. Eu entendo a preocupação, que todos têm, mas a multa está dentro do padrão do mercado nacional. Não estamos muito distantes. O Iseppe fez o primeiro contrato profissional no ano passado e, em menos de um ano, já renovamos com ele. Estamos atentos a isso e conversando internamente com o atleta e com o representante para que o clube e ele estejam protegidos”, assegurou Erasmo Damiani.

Por fim, o gerente do Galo refletiu sobre a preocupação com a mentalidade de Iseppe e a relação de torcedores do Atlético com jogadores advindos das categorias de base.

“Eu me preocupo é com a cabeça do atleta. É achar que isso está lindo, maravilhoso, e sentar em cima do que as pessoas estão falando agora. Tem que querer algo mais. A gente tem que estar sempre controlando o entorno. (…) Eu converso bastante com ele: ‘Pé no chão, calma. Ao mesmo tempo que a pessoa está te elogiando agora, daqui a pouco pode te criticar. Tem que estar preparado para isso’. A gente conversa bastante aqui no clube. É um menino em formação. O nosso processo é formação, não é só o rendimento. É um atleta que eu tenho que formar para a vida.”

Erasmo Damiani, gerente da base do Atlético

“Ao mesmo tempo que o torcedor do Atlético quer muito o jogador da base, ele é impaciente com o jogador da base. É um processo que você tem que construir aos poucos. É um ativo do clube que nós não podemos queimar porque uma parte da torcida quer”, encerrou.

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