NO ATAQUE COM GUILHERME

Fala, Zezé? Ex-Atlético relembra ligação de dirigente para jogar no Cruzeiro

No início da década de 2000, ídolo do Galo voltou ao Brasil para fugir da guerra no Oriente Médio e foi surpreendido com proposta celeste

Compartilhe
google-news-logo

Em 2003, em plena guerra do Iraque, no Oriente Médio, o então jogador Guilherme Alves defendia o Al-Ittihad, da Árabia Saudita, principal aliado do país invadido pelos Estados Unidos. Com receio dos efeitos colaterais do conflito armado, ele rescindiu o contrato e voltou a morar em Marília, no interior de São Paulo, cidade onde nasceu. Artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1999 pelo Atlético, o atacante ainda era prestigiado no futebol nacional e não demorou para que o telefone dele tocasse, sendo procurado por dirigentes interessados em fazer uma proposta.

No início de 2004, no entanto, uma ligação específica surpreendeu Guilherme. Do outro lado da linha estava Zezé Perrella com uma oferta: jogar no rival do clube em que ele fez história. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, o agora ex-jogador e treinador relembrou esse momento na carreira. O detalhe curioso: Guilherme não acreditou que fosse o dirigente do Cruzeiro no telefone.

“Eu volto [da Árabia Saudita] e em seguida o Zezé me liga. Eu estava em Marília, num sábado. ‘Guilherme, bom? Zezé do Cruzeiro’. Eu disse: ‘Ah, tá bom… Quem é?!’. Pô, uma hora dessas, o Zezé vai me ligar? ‘Ô Guilherme, é o Zezé’. Eu, ‘Ah tá… Oi, boa tarde’. Achei que era zoação de um amigo meu. Mas não era…”, recorda.

“Começamos a conversar, e logo depois o Vanderlei [Luxemburgo] me liga. O Cruzeiro tinha ganho a Tríplice Coroa, e o grande objetivo em 2004 era ganhar a Libertadores, ir para o Mundial, e o Vanderlei também, que nunca tinha ganho uma Libertadores. E aí eu fui contratado, o Rivaldo, o Bruno Quadros, montou um timaço, mas infelizmente as coisas não aconteceram”, lamenta.

Ao todo, Guilherme disputou 39 jogos pelo Cruzeiro e marcou 14 gols. A passagem pelo time celeste rendeu o título do Campeonato Mineiro de 2004.

Arrependido?

Ídolo do Atlético, principalmente por causa da célebre dupla que formou com Marques, Guilherme foi questionado se em algum momento ele se arrependeu por vestir a camisa do Cruzeiro. O ex-jogador não titubeou na resposta. De maneira enfática, ele disse que não há arrependimento. Entretanto, ele ressaltou, mais uma vez, que se pudesse voltar atrás, não teria provocado a torcida do Galo.

Em 2004, ao marcar um gol pelo time celeste em um clássico, Guilherme comemorou fazendo com as mãos o símbolo dos integrantes da Máfia Azul. Por baixo do uniforme, ele também vestia uma camisa da torcida organizada.

“[Jogar no Cruzeiro] foi uma coisa profissional. Tem o erro [que cometi] no jogo contra o Atlético, mas quantos outros atletas e treinadores não trabalharam nos dois clubes? Então isso foi uma coisa bastante profissional”, garante.

Compartilhe
google-news-logo