Nova casa, novas receitas e novos custos: a mudança do Mineirão para a Arena MRV traz um panorama financeiro diferente para a vida do Atlético. Após sete jogos em cada estádio pelo Campeonato Brasileiro, qual se mostra mais lucrativo para o clube?
O No Ataque comparou os principais números e traz, a seguir, a diferença na arrecadação, nas despesas, no preço médio do ingresso e no público entre os estádios.
Lucro do Atlético é maior na Arena MRV
Em análise dos números detalhados nos borderôs disponibilizados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), na soma das partidas disputadas no novo estádio, o Galo teve lucro de R$ 6.835.373,84 com a venda de ingressos. Uma média de R$ 976.481,97 por jogo.
Além disso, o clube arrecadou cerca de R$ 1,4 milhão com a venda de alimentos, bebidas e vagas no estacionamento, elevando o faturamento na Arena MRV para aproximadamente R$ 8,3 milhões.
Números significativamente superiores aos dos sete compromissos do Atlético no Mineirão. No Gigante da Pampulha, também de acordo com os borderôs, o lucro total do clube foi de R$ 3.968.513,97, enquanto a média ficou em R$ 566.930,56.
Outro fator que aumenta a distância entre as receitas do Galo nos estádios é o repasse de 15% da renda bruta, que diminui o lucro no Mineirão para cerca de R$ 2,7 milhões. O Atlético divulgou que a receita é de R$ 1,9 milhão no estádio, mas não detalhou quais são os custos extras.
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Preço médio do ingresso também sobe
A estreia em um novo estádio é motivo de grande expectativa entre os torcedores do clube que o inaugura. Nesse sentido, diante da alta demanda na Arena MRV, o Atlético promoveu aumento significativo no preço dos ingressos.
Há duas contas possíveis: uma levando em consideração as cadeiras cativas, e outra desconsiderando esses números. No primeiro cenário, o ticket médio pago subiu de R$ 45,33 no Mineirão para R$ 71,63 no novo estádio.
Já no segundo, o cálculo é mais complexo: para pagar parte das obras da Arena MRV, o Atlético vendeu cerca de cinco mil lugares – além de camarotes – que podem ser utilizados pelos compradores por 15 anos. O clube lucrou mais de R$ 300 milhões nessa operação.
Com isso, o Galo “deixa de arrecadar” nos jogos a renda com os ingressos que poderiam ser vendidos no setor que ficam as cadeiras cativas. Ainda assim, o borderô inclui na receita bruta e nas despesas R$ 20 por cada um dos presentes nesses assentos.
Para chegar ao cálculo mais próximo da realidade, é necessário subtrair da renda bruta o valor “arrecadado” e do público total a quantidade de atleticanos nesses setores. Fazendo isso, chegamos a um preço médio de R$ 87,78.
Em uma análise reducionista, somente dos jogos no novo estádio, o Atlético teria o maior preço médio da Série A.
O jogo com “maior custo” para os torcedores foi contra o Botafogo, com custo de R$ 111,98 por ingresso. Já o mais barato foi na última partida, contra o Fortaleza, em que os torcedores pagaram, em média, R$ 62,18.
Arena MRV x Mineirão: os custos do Atlético nos estádios
Se, por um lado, o Galo tem garantido mais recursos para os cofres mandando jogos na casa própria, por outro, o aumento das despesas também chama atenção.
A diferença no comparativo entre Mineirão e Arena MRV tem sido tema de debate entre torcedores nas redes sociais, especialmente nas seguintes categorias: locação de equipamentos, segurança privada, serviços terceirizados e sinalização de trânsito.
Nos sete jogos pelo Brasileirão no Gigante da Pampulha, as despesas somadas ficaram em R$ 4.765.315,53, além dos 15% da renda bruta que devem ser repassados à Minas Arena, gestora do estádio. A média foi de R$ 680.759,36 por partida.
Já na Arena MRV, o total de custos nos sete compromissos disputados foi de R$ 8.117.300,72. A média foi de R$ 1.159.614,38 por jogo.
Um dos grandes desafios do Galo no novo estádio será aprimorar a operação, de modo a maximizar os lucros – especialmente a partir da redução de custos. A expectativa é de que isso seja mais trabalhado a partir da próxima temporada.
A reportagem questionou o Atlético sobre esses custos específicos na Arena MRV. O que explica a diferença nos valores? Por que os gastos com serviços terceirizados, por exemplo, subiram tanto? Quais são os equipamentos locados no novo estádio? Diferem do Mineirão? Veja a resposta do clube ao fim da reportagem.
Público do Atlético é maior na Arena MRV?
Apesar da empolgação dos torcedores com a nova casa do Galo, o clube não pôde receber a capacidade máxima de 44,8 mil lugares nas quatro primeiras partidas na Arena. Na estreia, por exemplo, cerca de 29 mil torcedores estiveram presentes, sendo que 30 mil ingressos foram comercializados.
Nos próximos três jogos, o público máximo permitido foi de 40 mil. O clube só recebeu uma quantidade acima desse número no clássico contra o Cruzeiro. Isso ajuda a explicar o porquê de a média de público do Atlético ter caído em relação ao Mineirão.
No Gigante da Pampulha, o alvinegro contou com o apoio de cerca de 34 mil atleticanos por jogo, enquanto na Arena foram 32,8 mil – número bem próximo à média geral na temporada, de 32,7 mil.
Outro fator a ser considerado é a capacidade dos estádios. O Mineirão comporta aproximadamente 61 mil torcedores, enquanto a nova casa do Galo pode receber até 44,8 mil pessoas. Diante disso, a taxa de ocupação aumentou expressivamente: saiu de 55% para 82% na Arena MRV.
Atlético se posiciona sobre lucro e despesas na Arena MRV
“Com relação às despesas operacionais, todas elas contidas no borderô, a diretoria atleticana entende que é uma tendência natural a diminuição com o passar dos jogos e a maturação da operação da Arena mais tecnológica, moderna, inclusiva e acessível do Brasil.
Por se tratar de um equipamento novo, alguns custos ainda estão em análise, como a necessidade do VAR presencial, que consome em torno de 25 mil reais por partida; aluguel de mobiliário, cerca de 22 mil reais; logística de trânsito, 30 mil reais; entre outras.
Importante ressaltar que na Arena MRV todas as despesas das partidas constam no borderô, prática não adotada na maioria dos estádios.
Estamos com uma curva de aprendizado referente à operação do estádio e com o tempo poderemos, por exemplo, diminuir o efetivo de segurança, ampliando os orientadores de público.
A discussão sobre custo é válida, mas não a principal. Vamos falar de receita: A média de receita com bilheteria por partida na Arena MRV é acima dos 2 milhões de reais. Desse total, em média, 50% entram diretamente nos cofres do clube. Esse valor é muito superior à média da renda que ficava para o Atlético em partidas realizadas no Independência e/ou no Mineirão.
A média da receita bruta no estádio da Pampulha ficou em cerca de R$1.1 milhão em 2022 e R$1.2 milhão, este ano. A média do lucro líquido, ou seja, aquilo que efetivamente ficava com o Atlético girava em torno de 20%, em 2022; e 23%, este ano. Ou seja, aproximadamente 80% da renda da partida era consumida com despesas, acertadas no acordo fechado com a administração do Mineirão. O clube arcava com cerca de 15% da renda bruta com o aluguel do estádio. Esse valor ficou em R$9.344.222,00 nas 44 partidas disputadas entre 2022 e 2023, uma média de R$212 mil por jogo. Valores que não apareciam no borderô das partidas.
Ainda sobre receitas, o clube lucrou, por jogo, cerca de R$240 mil, em média, com alimentos, bebidas e estacionamos nas partidas disputadas na Arena MRV. Nos outros estádios mineiros, essa rubrica de receita não ficava com o Galo.“