Nos últimos meses, as condições do gramado da Arena MRV foram tema constante de debates entre torcedores do Atlético e parte da imprensa esportiva. Com a iminência da mudança para a grama sintética, alguns chegaram a apontar “erro de projeto” na escolha alvinegra pela grama natural. CEO do Galo, Bruno Muzzi respondeu críticas relacionadas ao assunto em entrevista coletiva concedida na última terça-feira (14/11), em Belo Horizonte.
A princípio, o dirigente voltou a indicar que a Arena MRV deve, de fato, receber a instalação do gramado sintético. Ao rebater questionamentos sobre a escolha inicial do Atlético para o estádio, Muzzi assegurou que o clube “sempre soube” das condições limitadas de insolação após a conclusão da construção.
“Sobre a grama: é uma decisão que a gente já vem tomando, de ter uma grama sintética, por diversos motivos. Porém, o quando é a pergunta mais difícil, porque nós temos um aspecto legal. Escutei diversas vezes: ‘Como é que o pessoal nunca pensou que na Arena não teria insolação? Erro de projeto!’. Absolutamente nada disso. A gente sempre soube que a concepção das arenas modernas é uma concepção que tem menor sombreamento. É possível manter? É possível manter. Você tem as luzes. Isso dificulta você ter shows e jogos ao mesmo tempo.”
Bruno Muzzi, CEO do Atlético
Gramado sintético e a legislação
O executivo atleticano detalhou as questões envolvendo a legislação da capital mineira, que dificultam a troca do gramado na Arena MRV. Segundo Muzzi, o Atlético tem trabalhado em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) no sentido de uma “flexibilização” da norma.
“A grama sintética, a gente tem uma questão de taxa de permeabilidade. Isso é uma legislação, no plano diretor da cidade de Belo Horizonte, que nos obriga, em função do zoneamento do terreno, a ter o percentual de taxa de permeabilidade. A grama sintética é permeável e, do ponto de vista ambiental, isso está pacificado, resolvido. O problema é que a lei obriga, e o que a lei diz é que para ser considerado uma área permeável, ela precisa ser sobre terreno natural e ser vegetada. A palavra vegetada não se aplica para a grama sintética”, justificou.
“Essa é uma situação legal, que a gente precisa… É possível contornar isso? A gente entende que sim. A PBH está trabalhando com a gente para ver se é possível ter algum tipo de decreto, algum tipo de flexibilização para que a gente possa fazer. Se isso não for resolvido, ou quando será resolvido, aí sim a gente vai seguir com a grama sintética. Até lá, seguimos com o plano de manutenção, com a rotatividade da iluminação, que foi um dos principais problemas na qualidade da grama no início”, acrescentou o CEO do Galo.
Problemas com o gramado natural
O Atlético realizou trocas de parte considerável do gramado da Arena MRV para o modelo “ready to play” (pronta para jogo). As substituições conferiram melhor aspecto visual ao piso esportivo nas últimas semanas e, aparentemente, melhoraram as condições para as partidas do Galo no novo estádio.
Muzzi também explicou os desafios enfrentados pela administração do clube na manutenção do gramado, especialmente nos primeiros jogos. O Atlético teve problemas com a iluminação artificial e, por isso, perdeu a grama de verão rapidamente.
“Porque quando a gente terminou a grama, a iluminação demorou um pouquinho a chegar. E ali a gente já estava na transição da grama de verão para a grama de inverno. A grama de verão acabou morrendo muito rápido em função da chegada tardia da iluminação. E agora, a gente está revivendo”, disse.
“Não sei se vocês puderam ver no jogo contra o Goiás, nós trocamos um pouco mais. Acho que já deu uma jogabilidade ainda melhor, e assim faremos. Mas já nos dias 3 e 4, temos o show do Paul McCartney, que ocupa uma área expressiva do campo. Então, ali é um gramado que você tem seis ou sete tipos de comportamento de grama para a gente poder controlar aquilo ali”, encerrou o dirigente.
Em setembro, a reportagem de No Ataque entrevistou Alessandro Oliveira, fundador da Soccer Grass e especialista em pisos esportivos. O empresário estimou que a troca do gramado natural para o sintético leva cerca de 45 a 60 dias. Há a possibilidade de que o Atlético faça a mudança ao fim desta temporada.