Quem chega aos arredores do Bairro Califórnia, em Belo Horizonte, pela Via Expressa, se depara com uma nova vista. A imponência da estrutura da Arena MRV, novo estádio do Atlético, agora se vê ampliada pela iniciativa dos artistas idealizadores do “Califórnia Alvinegro” – projeto que vem transformando o entorno da nova casa do Galo.
O cuidado com cada detalhe chama atenção. O cheiro de tinta, quase constante no ar, é o indicativo da dedicação dos grafiteiros envolvidos.
Já são 13 dias de um trabalho incessante. Artistas atleticanos entregam, em média, 12 horas por dia para concretizar o maior dos desafios: a personalização completa do extenso muro que separa a Via Expressa e a Arena MRV.
O cinza “cor de concreto” vai, aos poucos, dando lugar ao preto e branco. Nas paredes, rostos que evidenciam a intensa conexão entre a torcida e o clube.
Desde torcedores “comuns”, como Litinho, aos mais famosos, como Dudu (ex-representante do Atlético no Alterosa Esporte), o projeto retrata a paixão do atleticano pela centenária instituição mineira. O objetivo é claro: alimentar os arredores do estádio com a identificação que há décadas semeia a relação entre clube e torcida.
“O muro tem mais de 1.800 m², mas a emoção não tem tamanho. É inesquecível. É o maior painel de graffite de Minas Gerais. Tem partes da altura dele que passam de 11 metros. É um desafio enorme, mas a gratificação é imensa.”
Felipe Arco, um dos idealizadores do Califórnia Alvinegro
Grafiteiro e escritor, o artista Felipe Arco é quem lidera o projeto. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, na tarde da última segunda-feira (29/1), o atleticano comemorou a oportunidade de transformar o sonho em realidade e explicou a ideia central por trás das artes que compõem o muro.
“É gratificante demais, porque a gente sonhou muitas vezes com esse muro. Desde que ele foi feito. A gente sabia que não era tão legal ele ser cinza, que ele tinha que ser preto e branco e ter personagens e símbolos do Atlético. É muito gratificante”, vibrou.
“A gente fez uma curadoria. Primeiro, a gente teve a ideia do painel, que é a ideia da torcida construindo o Atlético. Por isso, temos todos os símbolos. Temos a bandeira, que faz referência às montanhas de Minas Gerais, e também torcedores. Torcedores de várias idades, de várias cores, de vários tipos. Começando de Dona Alice Neves, que é a mãe do Galo, vindo até o Litinho. São os dois que estão em cada ponto dos escudos. Torcedores que fizeram a história do Atlético acontecer para o Atlético ser o que é hoje”, acrescentou.
Trabalho pesado por amor ao Atlético
Outro dos artistas envolvidos no Califórnia Alvinegro é o grafiteiro e tatuador Sérgio Ilídio. Responsável por retratar nomes importantes como Dudu (pintura já concluída) e Belmiro (ex-massagista do Atlético) no muro, o profissional destacou o intenso trabalho dos que têm se dedicado ao projeto.
“É pesado, de 12 a 14 horas. Muito sol, muita chuva. A chuva tem prejudicado um pouco, atrasado um pouco o trabalho, mas tem ficado nessa média”, disse ao No Ataque.
“É uma sensação única, não tem preço que paga. Como atleticano, a gente fazer parte disso… É uma coisa para levar para a eternidade.”
Sérgio Ilídio, um dos artistas do Califórnia Alvinegro
A iniciativa executada e financiada por torcedores do Atlético está cada vez mais próxima de ser concluída. Os artistas esperam “entregar” o muro aos atleticanos no próximo sábado (3/2), quando o Galo receberá, às 19h30, o rival Cruzeiro para um novo clássico na Arena MRV.
A partida será disputada pela terceira rodada da primeira fase do Campeonato Mineiro. Os torcedores que comparecerem ao novo estádio alvinegro poderão, ao que tudo indica, apreciar a obra completa logo na chegada ao local.