O atacante Yuri Tanque tem ganhado destaque na Coreia do Sul com a camisa do Jeju United, que disputa a elite nacional. Natural de Nova Era, a 140 quilômetros de Belo Horizonte, o jogador de 25 anos acumula passagens por Cruzeiro e Atlético nas categorias de base.
A caminhada de Yuri Tanque na carreira de jogador de futebol começou nas escolinhas celestes. O atacante até teve a chance de prosseguir no Cruzeiro, mas precisou paralisar momentaneamente o sonho.
“Foi um início muito bom, só que chegou o sub-12 ou sub-13 e eles pediram para que eu morasse em BH. Eu ainda não podia morar na Toca, então ou eu teria que me mudar ou o empresário pagar alguma coisa. Na época, eu não tinha empresário, e meu pai não tinha condições de me manter em Belo Horizonte”, disse, ao No Ataque.
“Nesse curto espaço de tempo (no Cruzeiro), eu fui colocado em desafios que eu antes não estava sendo exposto, então foi muito bom. Fiz grandes amigos lá, mas naquela época acredito que ninguém (do time) chegou ao profissional. Chegaram em outros clubes, mas não no Cruzeiro. Se não me engano, o volante Gabriel chegou a treinar e a jogar no profissional, mas não tem muitos nomes”, relembrou o atacante.
Convívio com craques no Atlético
O destino de Yuri Tanque na jornada para se tornar jogador ainda sim o levou a Belo Horizonte. Depois dos primeiros passos no Cruzeiro, o atacante foi para o Atlético dar continuidade à formação como atleta.
Ainda garoto, Yuri teve as primeiras oportunidades de treinar com o elenco principal do Atlético, justamente no grupo campeão da Copa Libertadores de 2013.
“Profissionalmente foi muito bom, conheci bons jogadores. Fiz grandes amigos e tive a oportunidade de treinar com craques como Ronaldinho, Jô, Tardelli, Bernard, Marcos Rocha. Eles são referências a nível profissional, então isso motivou demais”.
“Eu lembro que quando o Ronaldinho chegou teve toda aquela badalação. Dava para ver na rotina durante os treinos e atividades. Teve um dia que ele teve de ir ao departamento médico da base e aí, quando ele parou, parecia o Centro de Tóquio de tão lotado que ficou”, contou.
Possível retorno ao futebol mineiro?
Em alta na Ásia, Yuri Tanque mostrou entusiasmo sobre um possível retorno a Belo Horizonte: “Ficaria feliz em representar esses clubes de Minas (Atlético ou Cruzeiro). Conheço um pouco por dentro de cada um e sei de tudo o que envolve uma boa parte da história”.
“Esses são os dois maiores clubes de Minas Gerais. O América está em grande crescimento. Eu não tenho uma escolha específica”, explicou o atacante. “Teria que ver o plano de carreira, o tempo e situação de cada um, além do plano e o propósito de cada clube”.
Experiências fora do Brasil
O atacante teve a primeira oportunidade fora do Brasil em 2019, quando acertou com o Gainare Tottori, do Japão.
“Foi uma experiência incrível, mas de muito desafio. Eu nunca tinha saído do Brasil para morar e não tinha o inglês tão bom, não falava japonês. Então, foi grande o desafio de adaptar à língua, à cultura, à comida, ao fuso horário, ao estilo de jogo. Isso tudo é muito diferente, mas me fez crescer e sou muito grato pelo que aprendi. Pude conhecer um pouco da cultura japonesa e asiática”.
Yuri Tanque sairia outras duas vezes do Brasil para defender o Leixões, de Portugal, e a mais recente para a Coreia do Sul. As três oportunidades no exterior apresentaram uma dificuldade em comum: “Eu acho que o mais difícil de todos eles é a cultura. Nosso jeito brasileiro, o estilo de lidar com cada coisa na minha profissão, quando você vai para outro país é bem diferente”.
Sucesso na Coreia do Sul
Em 2023, Yuri Tanque foi o artilheiro do Jeju United na Primeira Divisão da Coreia do Sul, com dez gols. Ele contribuiu ainda com quatro assistências. Os números do brasileiro foram fundamentais na briga pela permanência na elite nacional.
“Nós viemos dispostos a aprender e a mergulhar na cultura, falar a língua. Nós estamos estudando o coreano para poder falar cada vez mais. Quando você vem disposto a tudo isso, fica um pouco mais simples, não quer dizer que seja fácil”, explicou.
O clube ficou na parte de baixo da tabela e teve de disputar os playoffs contra o rebaixamento. Ao fim da competição, o Jeju conseguiu se manter na Primeira Divisão.
Próximos passos na carreira
Em boa fase, Yuri Tanque segue focado em manter a performance e, quem sabe, alcançar voos mais altos pelo clube. O Jeju United tem um título da elite nacional, em 1989, e vive um jejum que pode completar 35 anos ao fim desta temporada.
“Estou vivendo um excelente momento da minha carreira e em busca de mais. Eu quero que essa temporada seja melhor”, disse.
Uma possível saída do clube não é uma preocupação no momento para o atacante: “Eu tenho contrato até o final do ano que vem. Eu estou focado no meu presente, para que possa crescer cada vez mais”.
