Paulo Roberto Prestes completa 60 anos neste domingo (21/4), nos quais 10 foram vividos no Atlético. O ex-lateral-esquerdo é o quinto atleta com mais partidas pelo clube e foi o primeiro capitão a levantar uma taça internacional no Galo.
O ex-jogador se tornou ídolo do Atlético ao longo de tantas temporadas. Foram 504 partidas disputadas e 38 gols marcados entre 1986 e 1996. Ele ajudou o clube a conquistar cinco Campeonatos Mineiros (1986, 1988, 1989, 1991 e 1995), além da Copa Conmebol de 1995.
Esse título, inclusive, teve um ‘sabor especial’ para Prestes. Naquele ano, o alvinegro passou por Fluminense, Junior Barranquilla-COL e El Nacional-EQU antes de encarar o Olimpia-PAR na decisão da competição conhecida como a segunda mais importante do continente na época.
Na ida, vitória por 2 a 0 com gols de Negrini no Mineirão. Já a grande final no Paraguai terminou com derrota por 1 a 0, o que não tirou as taças do clube mineiro. A campanha foi eleita pelo ex-lateral como o momento mais especial no Atlético.
“Isso é muito legal, às vezes você pega fotos de quem levantou as taças e está a minha foto. Os Campeonatos Mineiros sempre são importantes, dar uma volta olímpica para o torcedor. É gratificante. Se você falar, ‘sente saudade do que?’. Desses momentos, dos grandes jogos, ouvir seu nome sendo gritado pela torcida, isso não tem preço, fica na memória da pessoa, além de vídeos que temos”, disse.
“O momento mais especial foi a (conquista da) Conmebol de 1992 por toda a dificuldade que trouxemos esse título contra o Olimpia, no Paraguai, por tudo que aconteceu também, um campo pequeno, foi realmente um título muito difícil”, comentou.
Paulo Roberto Prestes, ex-lateral do Atlético
Pior time e vice da Conmebol
O curioso é que, logo no ano seguinte, o Atlético teve a pior equipe dos anos de Prestes no clube, na visão do ex-jogador. O time ficou com o vice no Mineiro, em 13º lugar no Brasileiro e caiu na semifinal da Conmebol para o Botafogo, que se sagrou campeão do torneio continental.
“O pior ano do Atlético, que eu joguei nesses 10 anos, foi em 1993. Era um time muito limitado, foi um ano muito difícil. Inclusive, o Campeonato Brasileiro neste ano não teve rebaixamento, se não teríamos sido rebaixados. O time era horrível, a vaia vinha constantemente. Foi um ano muito marcante negativamente falando”, relembrou.
Mas o momento mais doloroso para Prestes viria dois anos depois. Em 1995, o Galo voltou à final da Conmebol, desta vez contra o Rosario Central-ARG. O cenário parecia se repetir com a goleada por 4 a 0 no Mineirão, mas o fim dessa história foi de tristeza para os atleticanos.
No estádio Gigante de Arroyo, em Rosario, os donos da casa contaram com grande apoio da torcida, devolveram o placar da ida e conquistaram o torneio nos pênaltis. Expulso naquele duelo, o ex-lateral-esquerdo relembra como o extra-campo influenciou no resultado final.
“Uma perda que realmente marcou foi a de 1995, da Conmebol, foi muito dolorido. Pelas circunstâncias que aconteceram lá? Não, porque fomos praticamente assaltados com esse título. Teria que ficar aqui uma live inteira contando o que aconteceu lá. Sem exame antidoping, sem segurança, apanhando até da polícia”, iniciou.
“Colocaram a gente em um beco da torcida deles para passar com o ônibus, teve até tiros, fogos na janela. Fomos para o corredor do hotel, foi uma coisa muito despreparada. O Atlético não se preparou para essa decisão ou não sabia que estava tudo isso programado para tirar aquele título da gente. Foi uma coisa muito marcante”, completou.
Prestes faz reflexão sobre carreira no Atlético
Prestes também fez uma análise da trajetória no Atlético. Apesar de lamentar a ausência de um título do Brasileiro, ele entende que honrou a camisa alvinegra e sente orgulho pelas 10 temporadas que viveu no clube.
“Sempre falta alguma coisa. Nos 10 anos que joguei no Atlético, cheguei em praticamente cinco finais de Campeonato Brasileiro, entre outras competições. Isso realmente faltou. Fui cinco vezes campeão do Mineiro e uma da Conmebol, mas faltou um Brasileirão sim. Na minha época o Atlético sempre chegava muito próximo, era um detalhe ou outro”, afirmou.
“Mas foi uma carreira em que honrei a camisa do Galo, fiquei 10 anos, praticamente oito como capitão. Acabou que fiquei em Minas mesmo, porque me identifiquei muito com a cidade, com o time, foram mais de 500 jogos, então minha história ficou muito marcada para mim em Minas Gerais e Belo Horizonte”, completou Prestes.
Prestes vive como comentarista
Paulo Roberto Prestes se aposentou do futebol em 1997, quando atuava pelo Internacional. Além do clube gaúcho, que o revelou, e do Atlético, ele atuou no Botafogo e no Palmeiras.
Após ‘pendurar as chuteiras’, o ex-jogador voltou para a capital mineira e trabalhou como assessor parlamentar, foi Secretário de Esportes na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), entre outros cargos em meio a trabalhos como comentarista. Agora, ele veste a camisa da Rádio Transamérica, onde analisa não só jogos do Galo, mas também dos outros times da capital.
“Lógico que temos que acompanhar futebol, Atlético, Cruzeiro e América. Anteriormente na Rádio eu fazia apenas Atlético, hoje não, interajo com Cruzeiro e América. Todo mundo sabe que sou atleticano, mas sou muito respeitado pela torcida do Cruzeiro, porque também sempre respeito a camisa do Cruzeiro e sua história”, disse.
Ao longo da conversa, Prestes também opinou sobre como ficou tanto tempo no Atlético, falou sobre clássicos contra o Cruzeiro e a saída do clube após 10 anos. Além disso, avaliou o desempenho do time atual sob o comando de Gabriel Milito e rasgou elogios a Guilherme Arana.