ATLÉTICO

Especialista analisa dívida do Atlético, faz alerta e projeta desafio na SAF

Amir Somoggi, sócio da Sports Value, avalia perfil da dívida e aponta possíveis caminhos para reestruturação financeira do Galo
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O Atlético foi um clube desequilibrado financeiramente em 2023, na visão de Amir Somoggi, sócio da Sports Value, empresa especializada em negócios do esporte e marketing esportivo. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, nesta sexta-feira (26/4), ele destrinchou o balanço da associação do clube no ano passado, fez um alerta e projetou um grande desafio à Sociedade Anônima de Futebol (SAF).

O alvinegro se tornou SAF em 1º de novembro do ano passado e, com isso, deixou de registrar as receitas e o custo com futebol na associação a partir deste período. Naquele momento, os investidores assumiram uma dívida de R$ 1,36 bilhão, quase R$ 500 milhões abaixo do momento da venda das ações.

O Atlético, no entanto, não pôde transferir todo esse valor para a SAF, por restrições comerciais e legais. Por isso, o documento detalha uma dívida de R$ 1,2 bilhão – ainda que os investidores sejam os responsáveis por pagar o restante. 

Em relação à operação com futebol, o Atlético registrou um prejuízo de R$ 133 milhões entre 31 de dezembro de 2022 e 1º de novembro de 2023. As receitas foram de R$ 363 milhões, sendo que imagens, premiação e vendas de atletas representaram 57% do total.

O custo, por sua vez, foi de R$ 430 milhões. O clube gastou R$ 217 milhões com direitos de imagem e salários de jogadores e comissão técnica, além de R$ 77 milhões com atletas negociados. 

*Atlético parou de registrar receitas e custos com futebol a partir de 1º de novembro | Reprodução: Sports Value

Apesar do prejuízo com futebol, o Atlético teve um superávit de R$ 142 milhões em 2023, principalmente pelo aporte de R$ 600 milhões da SAF. Ou seja, o clube só não terminou 2023 com prejuízo devido à entrada desse valor. 

“O Atlético só está em uma condição equilibrada porque tem essas operações externas ao futebol, shopping, estádio. Não é da operação do dia a dia que o Atlético estar com superávit. Se olharmos o Atlético só pelo futebol, ele é extremamente deficitário”, avaliou.

“O Atlético tem uma questão extracampo, porque o que faz dele um clube superavitário não são as receitas do futebol. Todo balanço do Atlético tem um valor negativo no futebol. Você tem essas operações extracampo, só de outros foram R$ 600 milhões de impacto sobre o prejuízo que transformou em lucro. Qual a grande preocupação? Que essa SAF consiga organizar e crescer a receita para ter um equilíbrio”, pontuou.

Desequilíbrio financeiro do Atlético

Ainda de acordo com Amir, o Atlético precisa se equilibrar financeiramente para seguir competindo com outros grandes clubes do futebol brasileiro. Para isso, precisa depender menos das receitas oriundas do desempenho dentro de campo.

“Para poder competir com Palmeiras, Flamengo e São Paulo, o Atlético sempre investiu mais do que poderia. Todos os números mostram um desequilíbrio no departamento de futebol. Mas como os títulos chegavam, premiação, vendas de camisa, Manto da Massa, Galo Na Veia, tudo era maior quando o clube foi campeão brasileiro”, avaliou.

Além disso, o profissional apontou que o investimento no departamento de futebol tem influenciado diretamente no aumento das dívidas. 

“Os valores atualizados pela inflação mostram isso, que o clube vem caindo em receitas muito provavelmente porque o desempenho não tem sido tão bom. Para poder competir com esses clubes, o Atlético tem investido cada vez mais no departamento de futebol, e isso tem mostrado um desequilíbrio entre a receita total do futebol com os custos do futebol, mas ele sabe que tem receitas externas”, prosseguiu.

Desafio do Atlético

Por fim, Amir acredita que o caminho para o Atlético é investir no marketing, principalmente para aumentar as receitas com o sócio-torcedor e a Arena MRV.

“O grande desafio do Atlético para os próximos anos é crescer o marketing, sócio-torcedor, aumentar receitas da Arena MRV e, com os títulos vindo, entrar no ciclo virtuoso. O clube não está longe disso, está em um sobe e desce, precisa de um equilíbrio para poder competir com Palmeiras e Flamengo”, finalizou.

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