Por meio da transformação em Sociedade Anônima de Futebol (SAF), concretizada em novembro de 2023, o Atlético foi capaz de reduzir significativamente o maior endividamento entre os clubes de futebol brasileiros. Em contato com a reportagem de No Ataque, o economista Cesar Grafietti, especialista em finanças no esporte, disse enxergar o cenário do Galo como “menos dramático”, mas fez alerta para o futuro do clube-empresa.
No balanço financeiro divulgado em 29 de abril, o Atlético detalhou a redução do endividamento a partir da transformação em SAF: em números aproximados, as pendências caíram de R$ 2,1 bilhões para R$ 1,3 bilhão ao fim de 2023. O clube segue lutando contra os débitos onerosos – os mais prejudiciais às finanças, por terem juros agressivos -, avaliados na casa de R$ 465 milhões ao fim do ano passado (sendo R$ 145 milhões em dívidas de curto prazo).
Ao destrinchar o documento divulgado pelo Galo, Cesar Grafietti destacou três pontos para análise. São eles: as despesas do clube, a política de contratações e as dívidas.
“Desempenho ruim: receitas até cresceram timidamente, mas continuam operando com um nível de custos e despesas muito altos; seguiram com política de muitas contratações – o que só pôde ser feito pela transformação em SAF, que foi fundamental na redução das dívidas; dívidas estas que deixaram a casa do bilhão e fecharam o ano em R$ 900 milhões, numa redução de mais de R$ 500 milhões. Fruto da SAF e da venda do que restou do shopping [Diamond Mall].”
Cesar Grafietti, especialista em finanças no esporte
Grafietti levanta questionamento sobre investidores do Atlético
A SAF do Atlético conta com um Conselho de Administração, mas tem cinco investidores mineiros como figuras mais importantes na definição dos rumos do clube. São eles: Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães, Renato Salvador e Daniel Vorcaro.
À reportagem, Grafietti destacou a necessidade de novos aportes para que o Galo siga no caminho da autossuficiência financeira. O economista levantou questionamento nesse sentido.
“A redução das dívidas [foi o ponto a se destacar do balanço]. Mas o futuro é desafiador. Ainda há muito dinheiro para ser aportado. Qual o tamanho do fôlego e do interesse dos acionistas? Esta é a pergunta que fica”, indagou.
Por fim, o especialista avaliou positivamente os rumos que o clube-empresa alvinegro têm tomado nos últimos meses. “Ainda é cedo para entender qual será o comportamento daqui em diante, mas é claro que o cenário passou a ser menos dramático. Ainda há muito dinheiro a ser colocado para equilibrar definitivamente o clube, mas o cenário é positivo. Sem dinheiro novo, a tendência é que o processo seja lento e demanda uma gestão bastante controlada de gastos”, pontuou.
O Conselho Deliberativo do Atlético já aprovou a entrada de um novo aporte na SAF, no valor de R$ 200 milhões – por iniciativa do banqueiro Daniel Vorcaro. Em 29 de abril, Bruno Muzzi, CEO do Galo, mencionou que os processos para a injeção desses recursos no caixa alvinegro estavam em fase final, e o dinheiro será aplicado ao longo de 2024.
“Esse ano, a previsão é o investimento do Vorcaro e do FIGA (Fundo de Investimentos do Galo). A gente pretende completar uma boa parte do FIGA esse ano. Mas o Galo está sempre aberto a novos investidores, porque a gente ainda tem uma dívida bem alta e, se tivermos novos aportes, será sempre bem-vindo.”
Bruno Muzzi, CEO do Atlético