Mesmo com a transformação em Sociedade Anônima de Futebol (SAF) e os subsequentes aportes milionários, o Atlético segue em situação financeira “delicada”. Assim avaliou Bruno Muzzi, CEO do Galo, ao abordar o endividamento do clube-empresa em entrevista coletiva concedida em 11 de julho, na Arena MRV.
Muzzi projetou redução “tímida” no endividamento do Atlético ao fim de 2024. Os administradores do Galo obtiveram sucesso nas renegociações de diversas taxas de dívidas com instituições financeiras, mas seguem enfrentando desafios relacionados às despesas geradas por esses débitos mensalmente (juros).
“O endividamento do Atlético em 2023 fechou na casa de R$ 1,3 bilhão contando com a Arena MRV. A gente espera, nesse ano, reduzir para R$ 1,2 bilhão, R$ 1,15 bilhão. Está muito longe de ser o ideal da nossa estrutura (administrativa). Não é isso que a gente pode conviver. O Atlético ainda tem uma situação delicada de endividamento.”
Bruno Muzzi, CEO da SAF do Atlético
CEO vê dois cenários para o futuro do Atlético
Ao analisar a situação, Bruno Muzzi apontou dois possíveis cenários para os próximos anos do Atlético: com ou sem a entrada de novos aportes realizados pela Galo Holding – grupo controlador da maior parte das ações da SAF alvinegra. O primeiro deles, evidentemente, é o mais benéfico para a saúde financeira da instituição, que teria maiores possibilidades para “acelerar” a redução do endividamento.
“Para os próximos anos, a gente tem dois cenários: um em que você não tenha novos aportes e outro com novos aportes. Não necessariamente precisam ser dos mesmos investidores, mas podem ser de investidores de fora. Isso é muito relativo e muito importante. Se não há aporte, vamos caminhar com a redução de endividamento muito mais devagar, mais lenta”, projetou.
“Se a gente tiver novos aportes, a gente caminhará de forma muito mais rápida. Por isso, é tão importante a questão orçamentária. Se você tem equilíbrio operacional, quando falar de demonstração de resultados, precisamos ter as receitas do Atlético antes de vendas de jogadores maiores do que tudo que a gente gasta com jogadores (salários, viagens, etc). Isso precisa estar positivo”, prosseguiu.
Venda de shopping e do próprio clube não foram suficientes
Em outro questionamento, Bruno Muzzi avaliou que a venda do Diamond Mall e a transformação do Atlético em SAF foram cruciais para impedir um crescimento ainda mais acelerado do endividamento. Em discursos de anos anteriores, dirigentes e investidores especulavam acerca das possibilidades de reduzir significativamente os débitos do Galo a partir dessas duas medidas – o que não ocorreu.
“A gente precisa olhar o Galo em uma janela de cinco, dez anos. Não vamos resolver o endividamento dessa magnitude de uma hora para a outra. Não resolveria com o Diamond, com outras vendas. Foi importante? Importantíssimo. O Diamond impediu que esse endividamento subisse ainda mais”, pontuou.
“O valor que (os investidores) colocaram aqui dentro (R$ 916 milhões), acho que poucas SAFs tiveram o aporte que a gente teve aqui dentro, desse valor, para reduzir endividamento. É fundamental que a gente reduza, que a gente trabalhe nessas próximas janelas para que isso aconteça”, encerrou.
CEO fala em “responsabilidade” de investidores
Ao concluir o raciocínio, o CEO do Atlético pregou tranquilidade aos torcedores. Bruno Muzzi reforçou que os investidores são os principais responsáveis pela redução do endividamento.
“Por que isso muda em relação à SAF? Porque agora esses investidores são os responsáveis. Na hora em que eu não tiver mais fazendo isso, eles têm que me mandar embora e trocar a gestão. Porque é o dinheiro deles, é responsabilidade deles. Eles não podem admitir que isso aconteça.”
Bruno Muzzi, CEO da SAF do Atlético