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Milito defende filosofia no Atlético: ‘Eu não analiso resultado’

Milito promove reflexão sobre análise de jogadores e times no Brasil; treinador do Atlético pede foco em desempenho
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Comandante do Atlético desde março, o técnico Gabriel Milito parece disposto a contribuir para uma mudança no teor dos debates relacionados ao futebol no Brasil. Em mais de uma oportunidade, o argentino defendeu a ideia de que a análise de um time deve estar unicamente associada ao desempenho dentro das quatro linhas – e não ao resultado.

O “Marechal” entrou de forma mais profunda nessa discussão após a vitória do Atlético sobre o Vasco (2 a 0), no último domingo (21/7), na Arena MRV. Milito disse enxergar como “obrigação” analisar os jogos do Galo a partir da ótica do rendimento dos atletas.

“Não tem a ver com o resultado. Tem a ver com o rendimento. Não sei se sou claro. Eu entendo que vocês (imprensa) e a torcida analisem o resultado. Eu não analiso resultado. Quero ganhar todos os jogos, fico muito triste quando o time perde e muito feliz quando o time ganha, mas o resultado é uma coisa e o rendimento é outra. Minha obrigação é analisar o rendimento – quando se perde, quando se empata e quando se ganha”, iniciou.

“Aí está o verdadeiro crescimento do time. Não porque se ganhamos está tudo bem e se perdemos está tudo mal. Às vezes, essa dinâmica acontece no futebol. No meu caso, está proibido. Seria um péssimo treinador se eu analisasse, a partir do resultado, o rendimento dos jogadores. Não, não. Existem jogos em que se pode perder e há muita coisa boa, e há jogos em que se pode ganhar e há muita coisa ruim. Eu vejo assim”, prosseguiu.

Milito também refletiu sobre as decisões de um treinador

Constantemente em entrevistas coletivas, Milito se vê questionado sobre utilizações de jogadores específicos – os motivos pelos quais um atleta iniciou uma partida no banco ou foi acionado em função diferente do usual, por exemplo. O treinador disse acreditar que, no Brasil, essas decisões são enfaticamente questionadas em caso de derrota, mas valorizadas nas vitórias.

“Eu já sei que, se ganhamos, estarão de acordo com as minhas decisões e, se perdemos, não vão estar. Conheço a regra do jogo. Eu não o vejo dessa maneira. Perdendo, posso entender, de maneira privada, com os jogadores, com meu grupo de trabalho, o que era a decisão correta para além do resultado. Quando ganhamos, também reviso e digo: ‘Poderíamos ter feito melhor se jogasse esse jogador que não jogou’. Ou seja: para mim, o resultado vai para um lado e análise do jogo e minhas decisões prévias vão por outro”, explicou.

“Claro: sempre é mais fácil falar quando acontecem as coisas. Mas eu tomo as decisões antes que aconteçam as coisas. Depois que acontecem, claro que é mais fácil falar: ‘Poderia ter jogado este no lugar deste’. Mas antes não sei. Tudo o que faço, faço com muita convicção. Crendo que é o melhor. Às vezes, acontece que realmente a decisão foi boa e, às vezes, não foi boa”, concluiu o técnico.

Há três jogos sem perder e com sinais de crescimento coletivo, o Atlético buscará ampliar a sequência positiva diante do Corinthians, na Arena MRV, pela 20ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. A partida será disputada a partir das 19h do domingo (28/7).

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