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São Paulo x Atlético deveria ter sido adiado? Rafinha cita ‘clima pesado’ após morte

Jogador do Tricolor afirmou que o lado psicológico ficou abalado e que não foi fácil seguir em frente com os preparativos para o duelo contra o Galo
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O jogo entre São Paulo e Atlético foi marcado por diversas homenagens a Juan Izquierdo, zagueiro do Nacional-URU que morreu na última terça-feira (27/8), cinco dias depois de sofrer um mal súbito no Morumbis. Houve torcedores do clube que discutiram a possibilidade de a partida ser adiada, mas, segundo o lateral são-paulino Rafinha, os jogadores do clube tricolor não foram consultados sobre o tema.

Capitão do São Paulo, Rafinha falou com a imprensa após o jogo e revelou que o clima no elenco ficou ‘pesado’ com a morte de Izquierdo. Ele afirmou que o lado psicológico ficou abalado e que não foi fácil seguir em frente com os preparativos para o duelo com o Galo.

“É claro que atrapalha. Não é desculpa porque nós perdemos. Estamos vindo de um jogo, há seis dias atrás, em que um companheiro de profissão acabou perdendo a vida. É complicado. Clima fica pesado, todo mundo pensa. Não tem como tirar da cabeça. A gente fez nossa parte, demos força à família, ajudando no que pode. E a vida continua. Mas, claro que consome. A gente olha o lado humano. Poderia ser qualquer um de nós. A gente fica triste, mas deseja força à família”, disse o jogador na zona mista.

Um dos mais experientes do grupo, o lateral direito não cobrou que o jogo fosse adiado, mas revelou que ninguém do São Paulo foi consultado sobre a situação.

“Ninguém consultou a gente. É difícil falar isso agora [se o jogo devia ser adiado]. Posso responder por mim. Se a gente fala agora, pessoal pode interpretar que eu estou dizendo isso porque o São Paulo perdeu o jogo. Não. São 25 jogadores que vão para o jogo, cada um reage de uma forma. Tem jogador que consegue seguir a mesma pegada, mesma concentração. Tem outros que sentem mais. Um companheiro de profissão morreu do nosso lado há seis dias. É complicado. Não é todo mundo que reage da mesma forma. Vocês sabem disso, a gente abre o telefone, vê televisão, e estavam sempre falando do menino [Izquierdo]. Não tem como a gente esquecer”, comentou.

“Cada um reage de uma forma. Tem pessoas, torcedores, que têm outras prioridades. Aconteceu o que aconteceu e vida que segue. Mas o jogador sente. Poderia ser um de nós. O cara saiu para trabalhar e não volta mais para casa. Um filho recém-nascido, companheiro de profissão. A gente sente porque sabe que poderia ser um de nós. Se tivesse acontecido com algum de nós do São Paulo, ficaríamos felizes se outros dessem o mesmo suporte, mesma atenção que nós demos. A gente torce para que não aconteça com ninguém. Mas infelizmente aconteceu, e que Deus o receba de braços abertos”, concluiu.

Morte de Izquierdo

O caso Juan Izquierdo causou enorme comoção no vestiário do São Paulo. No último fim de semana, o treinador Luis Zubeldía disse em entrevista coletiva que o elenco estava “abalado”. Tanto é que cinco jogadores vão ao Uruguai para acompanhar o velório do defensor: Rafinha, Galoppo, Michel Araújo, Wellington Rato e Calleri. O vice-presidente do clube, Harry Massis, também representará o Tricolor.

Calleri e Michel Araújo, inclusive, visitaram o jogador no Hospital Albert Einstein mais de uma vez. Após notícia que o quadro do defensor havia piorado, Michel, aliás, foi às lágrimas no campo do Morumbis, logo após o jogo diante do Vitória, no último domingo, pelo Campeonato Brasileiro.

A partida desta quarta-feira, contra o Atlético, pela ida das quartas de final da Copa do Brasil, ficou marcada por diversas homenagens a Izquierdo. Os jogadores do São Paulo atuaram com o nome do uruguaio em suas costas, além de respeitarem um minuto de silêncio antes da bola rolar. Na chegada do ônibus ao Morumbis, a torcida são-paulina, além de fazer festa, soltou fumaça azul, em alusão à bandeira do Uruguai, e rezou a oração do Pai Nosso.

O jogo

Em campo, o Tricolor foi derrotado por 1 a 0, após levar um gol nos acréscimos. O time, assim, saiu em desvantagem no confronto e terá que reverter o placar fora de casa, no jogo de volta. Apesar de ter perdido na ida, Rafinha enxerga o duelo “em aberto”.

“Fizemos um grande jogo. Se você olhar os 90 minutos, tivemos totais condições de fazer gol. Tivemos uma chance com Calleri, outra com Lucas. Eles [Atlético] não tiveram nenhuma chance clara no segundo tempo, mas foram eficientes. Conseguiram fazer o gol. Mas está tudo aberto, tem o segundo jogo agora. Vamos lá que está tudo aberto”, avaliou.

O time de Luis Zubeldía, agora, terá que vencer em Belo Horizonte por dois gols de diferença para passar à semifinal. Se perder ou empatar, será eliminado. Já em caso de vitória por apenas um gol, o embate será decidido por meio das penalidades.

Izquierdo caiu desacordado aos 34 minutos do segundo tempo do jogo entre Nacional e São Paulo, pela Libertadores, na última quinta-feira, no Morumbis. Ele recebeu atendimento no estádio e precisou deixar o local de ambulância.

Ao chegar no hospital, o zagueiro de 27 anos foi diagnosticado com uma arritmia cardíaca. Juan, então, foi internado na UTI do Hospital Albert Einstein, onde permaneceu até a última terça, quando veio a óbito em razão de uma morte encefálica após uma parada cardiorrespiratória associada à arritmia cardíaca, segundo o último boletim.

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