No Pirulito da Praça Sete, coração de Belo Horizonte, na manhã desta quarta-feira (30/10), um homem vestido com camisa e gorro alvinegros empunhava uma bandeira do Atlético e, balançando-a, gritava “Gaaaloooooo!”. Embalados pela comemoração do alegre torcedor, carros e motocicletas que passavam buzinavam para celebrar a classificação do Galo à grande final da Copa Libertadores, assegurada nessa terça-feira (29/10), após empate por 0 a 0 com o River Plate, no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires.
Onze anos depois do inédito título, o torcedor do Atlético volta a viver o sonho de estar a um passo da conquista da América. E, de quebra, tem a chance de comemorar outro título – o da Copa do Brasil, em cima do arquirrival Flamengo.
O grande momento alvinegro podia ser percebido só de caminhar pelas ruas do Centro de Belo Horizonte. A cada esquina, várias camisas do Galo eram avistadas pela reportagem do No Ataque, que foi à Praça Sete para conversar com os atleticanos, entender a sensação de estar de volta à final da Libertadores e avaliar a expectativa deles para as decisões das duas competições.
Afinal, os torcedores acreditam que o Atlético será campeão de ambos os torneios? E, se tivessem que escolher um, qual prefeririam: conquistar a América pela segunda vez ou vencer a Copa do Brasil pela terceira, “vingando-se” de um arquirrival?
‘Vai trazer as 2 taças’
Vestido com camisa personalizada com a imagem do ídolo Hulk, o motorista Miguel Carvalho Fernandes, de 58 anos, relembrou a frustração pela não classificação à final da Libertadores em 2021 – ano em que o Atlético caiu para o Palmeiras, nas semifinais, devido ao hoje extinto critério do gol fora de casa -, mas acredita que, desta vez, a história será diferente. Ele, inclusive, cravou quem será o herói alvinegro nas duas decisões – o escolhido, no entanto, não foi o camisa 7, e sim outro atacante do Galo.
“Era para o Galão estar em todas as finais, todos os anos. Em 2021, saímos para o Palmeiras com o jogo quase ganho. Agora, na final, acho que o Galo vai trazer as duas taças, porque o elenco e o técnico são muito bons. Mas pelo menos a Libertadores está de bom tamanho para nós”, iniciou.
“Mandei fazer a camisa do Hulk porque é meu sonho conhecê-lo. Gosto muito do tipo dele, um cara muito simples, humilde – jogador da idade dele jogando igual não tem em país nenhum. Mas quem vai se destacar mesmo nas finais é o Paulinho, porque nessas horas ele aparece. Ele fica escondido, mas nessas horas ele aparece. E tem o Deyvivinho também, que caiu nas graças da torcida, talvez ele também possa aparecer.”
Miguel Carvalho Fernandes, 58, motorista
‘Pedi as 2 taças de presente de aniversário’
Sessenta e quatro dos 72 anos vividos por Ataíde dos Reis são dedicados ao Atlético. Ele, inclusive, acompanhou in loco o título brasileiro de 1971, no Maracanã, no Rio de Janeiro, sobre o Botafogo – o provável adversário do Galo na final da Libertadores. Vestido com camisa alvinegra que tem três estrelas costuradas sobre o escuro – referentes aos três títulos brasileiros do Galo, em 1937, 1971 e 2021 – Ataíde está confiante e até deu a receita para a conquista das duas competições.
“Sou torcedor do Galo desde 1960. Em 1971 eu estava lá, tem uma estrela aqui que me pertence. Estou esperando que o Galo seja campeão da Libertadores e da Copa do Brasil. O que tem que fazer? Cozinhar o jogo. No Maracanã, não tomar gol. Chegar aqui, fazer gols. Contra o Botafogo, não tomar gol, jogar por uma bola, fazer um gol, ganhar de um a zero e levantar dois canecos”, disse.
“Do Botafogo nós já ganhamos um, em 71, que eu estava lá. Prefiro ganhar a Libertadores, mas prefiro ganhar do Flamengo também, porque eu não gosto do Flamengo. Quero as duas, pedi as duas conquistas de presente de aniversário.”
Ataíde dos Reis, 72, aposentado
‘Esperava um pouco mais’
A aposentada Célia Maria Vianna, de 64 anos, mostrou-se exigente: queria que o Galo tivesse vencido o River em pleno Monumental de Núñez, mesmo que o empate por 0 a 0 tenha sido mais que suficiente para avançar para a final. Ela demonstrou preferência clara entre os títulos da Copa do Brasil e da Libertadores.
“Confesso que esperava um pouco mais, ao menos que fizesse um golzinho a mais, mas só de terem conseguido segurar já foi bom. A gente sofre, mas no final somos felizes. Acho que prefiro (ganhar um título) em cima do Flamengo. Eu quero que os casas (termo que foi dito em sotaque carioca, para ironizar os flamenguistas) vão embora daqui logo.”
Célia Viana, 64, aposentada
‘Estão deixando a gente sonhar’
A auxiliar de farmácia Gessica Fiteles, de 23 anos, também está otimista, mas adota cautela para dizer se o Atlético ganhará as duas competições.
“Depois de 11 anos, estamos vivenciando isso de novo (estar na final da Libertadores). Estão deixando a gente sonhar. Tem chance de vencer as duas, mas fico com um pézinho atrás, porque atleticano sabe que se não for sofrido, não é Galo. Acho que ganha as duas, mas com certeza prefiro a Libertadores”, disse.
‘Pensando em ir para a Argentina’
O eletricista Ademir dos Santos, de 69 anos, está tão empolgado com o Atlético que cogita viajar para a Argentina para ver in loco a final da Libertadores – que será no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires, no dia 30 de novembro, daqui a exatamente um mês.
“Chance tem, time para ganhar (Libertadores e Copa do Brasil) também. Se pudesse escolher só um, escolheria a Libertadores. Mas vamos meter o ferro no Flamengo, vai ser um jogaço. Eu e meu filho estamos pensando em ir na final lá na Argentina, mas isso ainda não está garantido.”
‘Flamengo é fichinha para nós’
Aposentado, Jorge Pimenta, de 72 anos, também vai viajar para a Argentina para ver a final da Libertadores. Além disso, ele vai para o Rio de Janeiro acompanhar o Atlético na ida da decisão da Copa do Brasil, contra o Flamengo, no Maracanã.
“Sensação que é normal. Vai ser positivo. Botafogo é um time duro, mas vai dar certo. Vai ganhar os dois. Inclusive, vou lá, para a Argentina e para o Rio. Quero ganhar do Botafogo, que é o melhor que tem. Flamengo é fichinha pra nós”
Jorge Pimenta, 72, aposentado
‘Disputar o Mundial é outra história’
O auxiliar de prótese dentária Amauri Ferreira, de 62 anos, confia nos dois títulos, mas se anima mais com a Libertadores devido à possibilidade de disputar o Super Mundial de Clubes de 2025.
“Só alegria. O Galo vai ganhar os dois, com certeza, não tem pra ninguém, é o Galão da Massa. A Libertadores é outra história, porque aí seria campeão da América, não só do Brasil, e garante vaga para disputar o Mundial de Clubes”, afirmou
Atlético nas finais da Libertadores e da Copa do Brasil
O Galo chegou à final da Libertadores após derrotar o River Plate por 3 a 0 na ida, na Arena MRV, e empatar por 0 a 0 na volta, no Monumental.
Agora, o alvinegro espera o resultado da volta entre Peñarol e Botafogo, que será nesta quarta, no Centenario, em Montevidéu, capital do Uruguaio. No entanto. é altamente provável que o adversário na decisão – marcada para o dia 30 de novembro, no Monumental de Núñez – seja o time carioca, que venceu por 5 a 0 na ida.
Já na Copa do Brasil, o Atlético avançou à final após derrotar o Vasco nas semifinais – 2 a 1 na ida e 1 a 1 na volta. O adversário na decisão será o Flamengo.
O alvinegro e o rubro-negro se enfrentarão em duas datas: a ida será no Maracanã, no Rio de Janeiro, no próximo domingo, dia 3 de novembro, e a volta será na Arena MRV, em Belo Horizonte, no domingo seguinte, dia 10 de novembro