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Um ano de SAF: Atlético reduz dívida e tem sucesso esportivo, mas lida com problemas

Galo teve mudanças na gestão, conseguiu bons resultados em campo com Milito, mas ainda trabalha por melhorias
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A história do Atlético mudou os rumos há exatamente um ano, quando o clube concluiu a transformação em Sociedade Anônima de Futebol (SAF). Desde então, houve alterações na gestão e redução da dívida, críticas e desafios para os próximos passos. A seguir, o No Ataque faz um balanço deste período.

A transformação no modelo de administração foi aprovada pelo Conselho Deliberativo do alvinegro em 20 de julho de 2023, mas teve início apenas em 1º de novembro.

Na prática, o Galo já era comandado pelos principais acionistas da SAF: Rafael Menin e Rubens Menin, que hoje detêm, juntos, 41,8% da Galo Holding, que por sua vez comprou 75% das ações por R$ 913 milhões. Os 4 Rs eram compostos ainda por Ricardo Guimarães e Renato Salvador. Eles também continuam na gestão da SAF. 

 - (foto: Pedro Souza / Atlético)
Rafael Menin, Rubens Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador: os 4 R’s do Atlético(foto: Pedro Souza / Atlético)

Além do quarteto, há outras peças com influência na atual administração alvinegra:

  • Gustavo Drummond (2R Holding)
  • Daniel Vorcaro (FIP Galo Forte)
  • Marcelo Patrus (FIGA – Fundo de Investimentos do Galo)
  • Sérgio Coelho (presidente da associação)
  • Márcio Brito (vice-presidente da associação)

Todos esses nomes decidem, juntos, as diretrizes estratégias do clube. Há ainda o comitê do futebol, formado pelos seguintes integrantes:

  • Sérgio Coelho (líder)
  • Victor Bagy (diretor de futebol)
  • Bruno Muzzi (orçamento e custos)
  • Rafael Menin (investidor)
  • Renato Salvador (investidor)
  • Ricardo Guimarães (investidor)

Maior participação de empresário

Uma importante mudança nessa estrutura foi a maior participação de Vorcaro no dia a dia do clube. Inicialmente, o dono do Banco Máster havia investido R$ 100 milhões. Esse valor subiu para R$ 300 milhões em fevereiro deste ano, e o empresário passou a ter 20,2% da sociedade, e não mais 8,2%. 

Vorcaro não teria, a princípio, presença ativa nas decisões do futebol. No entanto, isso mudou ao longo do tempo. “Ele participa com a gente [do comitê de futebol]. Está começando agora também”, disse Bruno Muzzi, em abril.

Esses R$ 200 milhões extras ainda estão sendo pagos pelo banqueiro. A ideia da SAF é investir parte desse valor na estrutura da Cidade do Galo e nas categorias de base. 

O alvinegro ainda aguarda os R$ 100 milhões que são responsabilidade do FIGA. A ideia inicial foi captar esse valor com investidores atleticanos, mas Rubens Menin deverá completar os R$ 90 milhões que faltam.

Nova composição acionária da Galo Holding

  • Rubens e Rafael Menin: 41,8%
  • Associação: 25%
  • Galo Forte FIP: 20,2%
  • Ricardo Guimarães: 6,3%
  • FIGA (ainda a pagar): 6,7%

Redução da dívida

O Atlético conseguiu diminuir a dívida, ainda que parte dela tenha sido contraída justamente pelos atuais gestores antes da instauração da SAF. O clube passou a dever R$ 1,3 bilhão, uma redução de quase R$ 750 milhões em comparação com o ano anterior.

 “O principal recado é a redução do endividamento com os aportes que foram feitos na SAF. A gente teve uma redução da dívida de R$ 747 milhões da associação do Atlético. E esse número não tem a Arena (MRV) por causa de uma questão técnica. A Arena fica dentro de um fundo de investimento. Mas se a gente somar a dívida da Arena, chegamos a R$ 1,3 bilhão de dívidas”, explicou Muzzi, em abril, quando o Atlético divulgou o balanço financeiro da SAF.

Atlético no mercado

Ainda na parte financeira, o clube gastou cerca de R$ 109 milhões em nove contratações (sem considerar luvas) e recebeu aproximadamente R$ 38 milhões na venda de sete jogadores. Ou seja, no balanço de saídas e chegadas, o saldo do investimento é de R$ 71 milhões.

A diretoria sofreu críticas por parte da torcida devido ao curto elenco no início da temporada. No entanto, fez investimentos importantes na janela de transferências de julho e encorpou a equipe, com as chegadas dos zagueiros Lyanco e Junior Alonso, dos meio-campistas Fausto Vera e Bernard, e do atacante Deyverson.

Gustavo Scarpa, meio-campista do Atlético - (foto: Pedro Souza/Atlético)
Gustavo Scarpa, meio-campista do Atlético(foto: Pedro Souza/Atlético)

Contratações do Atlético na ‘era SAF’:

  • Paulo Vitor (volante): R$ 500 mil junto ao Boston City;
  • Gustavo Scarpa (meio-campista): R$ 26,8 milhões junto ao Nottingham Forest-ING;
  • Bernard (meia-atacante): gratuitamente, desconsiderando luvas, por meio de pré-contrato;
  • Brahian Palacios (atacante): R$ 15 milhões junto ao Atlético Nacional-COL;
  • Robert (meia-atacante): R$ 700 mil por empréstimo junto ao Athletic
  • Lyanco (zagueiro): R$ 29,9 milhões junto ao Southampton-ING
  • Junior Alonso (zagueiro): R$ 7,2 milhões junto ao Krasnodar-RUS
  • Fausto Vera (volante): R$ 24,4 milhões junto ao Corinthians
  • Deyverson (atacante): R$ 4,5 milhões junto ao Cuiabá

Vendas do Atlético na ‘era SAF’:

  • Paulo Henrique (Vasco): R$ 4,9 milhões
  • Edenilson (Grêmio): rescisão de contrato
  • Patrick (Santos): R$ 5,2 milhões
  • Yan (Atlético San Luis-MEX): R$ 3,9 milhões
  • Pavón (Grêmio): R$ 19,8 milhões
  • Jemerson (Grêmio): R$ 3,3 milhões
  • Felipe Felício (Panionios-GRE): *

*Valor não confirmado

Sucesso esportivo

O primeiro ano completo da SAF tem sido de sucesso dentro das quatro linhas. Além do título do Campeonato Mineiro em cima do Cruzeiro, o Atlético está nas finais da Copa do Brasil e da Copa Libertadores. Com foco nos mata-matas, o time deixou o Campeonato Brasileiro de lado e ocupa o modesto 10º lugar, com 41 pontos. 

A escolha pelo sucessor de Felipão no comando técnico também tem se mostrado certa. Após sofrer com altos e baixos, o argentino Gabriel Milito conseguiu ter regularidade com mais jogadores à disposição e tem o trabalho elogiado frequentemente pela diretoria.

Milito em jogo do Atlético na Arena MRV - (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA.Press)
Milito em jogo do Atlético na Arena MRV(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA.Press)

Desafios para 2025

Apesar da redução, o Atlético ainda tem uma das maiores dívidas do futebol brasileiro e essa é uma das preocupações da SAF. Ainda fora das quatro linhas, o clube trabalha para melhorar questões técnicas da Arena MRV, como o gramado e a acústica. 

O primeiro problema já tem uma solução encaminhada: a troca pelo sintético na próxima temporada. Já o segundo está em fase final de análise.

“Os estudos estão praticamente finalizados. Já definimos quais materiais serão colocados no forro superior. Pretendemos o quanto antes acabar de orçar, encomendar uma parte para instalar e fazer o teste real”, detalhou Bruno Muzzi.

Por outro lado, o clube conseguiu potencializar os ganhos com a Arena MRV. Apenas em 2024, o Atlético lucrou R$ 48,5 milhões com bilheteria, sem considerar os ganhos com vendas de alimentos, bebidas e estacionamentos. O número é o maior desde 2021, ano em que os torcedores voltaram ao estádio pós-pandemia. 

Composição do elenco

Dentro de campo, o Atlético está protegido em termos de contratos. Aqueles que têm vínculo apenas até o fim desta temporada não são considerados titulares: o lateral-direito Mariano, o zagueiro Bruno Fuchs (empréstimo do CSKA), o meia Robert (empréstimo do Athletic) e os atacantes Eduardo Vargas e Alan Kardec.

O grande desafio em termos de elenco será uma melhor composição das peças, com atletas que apresentem maior capacidade de substituir os titulares. 

A primeira partida do segundo ano da SAF já será uma decisão. O Atlético enfrentará o Flamengo no domingo (3/11), às 16h, no Maracanã, pela ida da final da Copa do Brasil.

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