ARENA MRV

CEO do Atlético revela problema que afetou catracas da Arena MRV e instiga discussão

Catracas da Arena MRV tiveram problema de leitura de ingressos em determinado momento antes da final da Copa do Brasil
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A Arena MRV foi palco de cenas de selvageria no último domingo (10/11) – antes, durante e após a final da Copa do Brasil, disputada entre Atlético e Flamengo. Um dos problemas ocorreu no sistema de leitores das catracas do estádio, que teve falha que contribuiu para que diversos torcedores sem ingressos acessassem as arquibancadas. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Bruno Muzzi, CEO do clube mineiro, detalhou a situação e instigou discussão sobre a segurança em eventos esportivos.

As imagens foram compartilhadas em redes sociais e chamaram atenção. Antes da decisão da Copa do Brasil, diversos torcedores pularam as catracas da Arena MRV, gerando tumulto nos arredores do estádio e amedrontando outros alvinegros.

Segundo Bruno Muzzi, houve problema no banco de dados de acesso das catracas. As forças de segurança, no entanto, não foram capazes de conter movimento chamado de “cavalo doido”.

“A partir de 13h, mais ou menos, as catracas começaram a apresentar uma demora na leitura. A gente estava tendo ali um fluxo de aproximadamente 50 pessoas por catraca. Nosso fluxo já chegou a 500, 550. A gente contactou a empresa responsável pela catraca e ela acabou demorando ali uns 10, 15, 20 minutos para que pudesse tentar achar uma solução. Ela não conseguiu achar solução, qual era o problema”, contou o dirigente.

“A gente já identificou. É um problema no banco de dados de acesso das catracas. Por volta de 13h30, a gente conseguiu restabelecer o fluxo, passando para 450 pessoas através de um modo que a gente chama de modo contador. Só que nesse intervalo de tempo, por telefone, diversas pessoas já acionaram pessoas que estavam do lado externo da Arena MRV. A gente já tem isso monitorado, inclusive, já tem alguns nomes, que incentivaram as pessoas a invadirem a esplanada”, prosseguiu.

A Polícia Militar foi acionada em meio à confusão, mas só conseguiu conter as iniciativas depois de diversas invasões às arquibancadas. O clube chegou, inclusive, a tomar a decisão de fechar os portões da Arena MRV por certo período de tempo.

“Eles se agruparam e começaram a fazer, por volta de 15h20, um movimento que chamam de ‘cavalo doido’. Vem uma turma que começa a correr, em conjunto, para dentro dos portões da Arena MRV. O Choque estava posicionado em todos os setores. Em alguns momentos, ele atuava, em outros, mudava de portão. Até que chegou um momento em que achamos, por bem, fechar os portões da Arena MRV”, afirmou Muzzi.

“O Choque entrou para fazer a varredura da esplanada, tirando todas aquelas pessoas sem ingressos, para que depois a gente pudesse restabelecer a ordem. Mas o fato é que haviam seguranças nos portões, seguranças privados. Na hora que o conflito acontece, muitos deles acabam se afastando. A gente volta à discussão mais profunda que eu disse, que é até onde a responsabilidade de segurança de um evento é só da segurança privada”, complementou.

Confusão na Arena MRV após a final da Copa do Brasil, entre Atlético e Flamengo - (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Confusão na Arena MRV após a final da Copa do Brasil, entre Atlético e Flamengo(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Atlético deve lutar por protagonismo da PM nos estádios

Ainda de acordo com Bruno Muzzi, o Atlético deve trabalhar por maior protagonismo da Polícia Militar nos estádios. O clube entende que, por mais que os jogos se tratem de eventos privados, reúnem milhares de “contribuintes para a sociedade”.

O CEO do Galo instigou a discussão sobre o tamanho da responsabilidade da segurança privada nos dias atuais. Na avaliação de Muzzi, esses profissionais são preparados para lidar com torcedores – não com “marginais”.

“Eu acho que essa discussão será levada mais para a frente. A Lei Geral do Esporte preconiza que a segurança do estádio precisa ser fornecida pelo realizador do evento, conjuntamente com as forças policiais. Mas há algum tempo existe uma interpretação dessa legislação que fala que a Polícia Militar, as forças públicas são suplementares. Atuam quando a segurança privada não atua mais, ou suplementam a força privada. Já existem alguns lugares do Brasil em que a força pública é a principal”, refletiu.

“Então, a gente precisa trazer essa discussão e tentar voltar com a Polícia Militar para dentro do estádio. É uma coisa que a gente vai lutar muito, porque no final do dia é um evento privado, mas trata-se da segurança das pessoas que são contribuintes para a sociedade e isso precisa ser muito bem pensado. É muito diferente a gente ter 710 seguranças que estão preparados para lidar com torcedor, enquanto a força policial está preparada para lidar com marginais, com bandidos, que é o que aconteceu aqui dentro”, encerrou.

Na tarde desta terça-feira (12/11), a Arena MRV foi interditada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O órgão prega que o Atlético deve mandar jogos em outro estádio, sem público, até julgamento – ainda cabe recurso da decisão.

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