Preso na tarde do último domingo (17/11), o torcedor do Atlético que atingiu um fotógrafo com bomba na Arena MRV vai responder por tentativa de homicídio. A informação foi divulgada em entrevista coletiva com Mateus Simões (NOVO), vice-governador de Minas Gerais, e representantes das polícias Civil e Militar, concedida na manhã desta segunda-feira (18/11).
A pena base para tentativa de homicídio no Brasil varia entre seis e 20 anos de reclusão, conforme estabelecido pelo artigo 121 do Código Penal Brasileiro. O crime pode ser classificado como incruento ou cruento, a depender do nível de violência envolvido.
O episódio ocorreu em 10 de novembro, no novo estádio do Atlético em Belo Horizonte. Antes, durante e após a final da Copa do Brasil, a Arena MRV foi palco de cenas de selvageria: houve tentativas de invasão do campo, centenas de arremessos de objetos (incluindo bombas) no gramado, insultos a profissionais de imprensa, episódios de racismo e machismo e pancadaria nas arquibancadas.
Na ocasião, o Galo perdeu para o Flamengo, por 1 a 0. Como já havia sido derrotado no jogo de ida no Maracanã, no Rio de Janeiro, por 3 a 1, o time mineiro ficou com o vice do torneio – realidade que acabou por intensificar a barbárie na Arena MRV.
Fotógrafo foi atingido por bomba
O caso mais marcante da final da Copa do Brasil foi o do fotógrafo Nuremberg José Maria, de 67 anos. Atingido por uma bomba arremessada da arquibancada, o profissional sofreu fratura exposta no pé direito e vivenciou o maior trauma da carreira.
“Não sei se aquilo é bomba comprada… Parece bomba caseira, porque a explosão foi muito grande. No momento exato parece até que subi, pelo menos foi a impressão que tive, ela me arremessou. Gritei ‘pelo amor de Deus’ e fiquei caído. Teve até uma foto que viralizou em que eu apareço caído de boca aberta, parece até que tinha morrido. Naquela hora, estava gritando pedindo por socorro”.
Nuremberg José Maria em entrevista exclusiva ao No Ataque
Suspeito está preso
O homem de 24 anos, suspeito de atirar a bomba que atingiu Nuremberg, foi preso na casa onde mora em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nesta segunda-feira, em coletiva de imprensa, o vice-governador Mateus Simões revelou como as autoridades identificaram o criminoso.
“Identificamos a cena do arremesso da bomba no gramado. Começamos a construir a cadeia de trás para frente das imagens, identificando onde o agressor estava durante todo o jogo, qual o percurso dele dentro do estádio e como ele entrou. Até identificar, num primeiro momento, com quem ele tinha entrado no estádio”, iniciou Simões.
“Começamos identificando uma pessoa que estava com ele, fomos ouvindo testemunhas, obtendo novas imagens analisando os artefatos que tinham sido encontrados. Aí identificamos, na sexta-feira (15/11), feriado, definitivamente quem era o agressor. Apresentamos, ainda na madrugada, o pedido [de prisão] para o tribunal. Isso foi autorizado durante o final de semana e a prisão foi feita no último domingo”, concluiu.