No último sábado (30/11), 90 minutos e uma má atuação separaram o Atlético de alcançar a “Glória Eterna” pela segunda vez. A noite ganhou contorno ainda mais dramático para os alvinegros quando, poucas horas após o vice da Libertadores, o time de Milito se viu sem chances matemáticas de disputar o principal torneio do continente em 2025 via Campeonato Brasileiro. É fato que houve acertos de todos os envolvidos para que o clube chegasse a duas finais em 2024, mas a realidade escancara que a centenária instituição mineira caminha na contração do “projeto potência mundial” – diversas vezes mencionado por Rubens Menin, principal investidor da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Galo.
Os debates em redes sociais evidenciam a insatisfação de boa parte da torcida do Atlético com a forma com que a diretoria alvinegra conduziu os trabalhos pós-2021. Aquele foi o segundo ano de trabalho dos empresários que ficaram conhecidos como 4 Rs à frente do Galo e teve absoluto sucesso esportivo, com títulos do Campeonato Mineiro, do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil.
Apesar disso, o que se observou ao longo das temporadas subsequentes foi um notório enfraquecimento do elenco alvinegro, que perdeu peças de alto nível e não repôs parte considerável delas à altura. O resultado da redução dos investimentos no Atlético foi perceptível pelos resultados em campo: desde a conquista da Supercopa do Brasil, em fevereiro de 2022, o clube mineiro não voltou a erguer uma taça de expressão.
Em 2024, por ter priorizado os mata-matas, o Galo se viu em situação delicada no Campeonato Brasileiro. Também em virtude dos diversos desfalques que teve de administrar em vários compromissos pela principal competição nacional, o técnico Gabriel Milito e seus reservas não conseguiram apresentar performance regular e amargam campanha abaixo das expectativas, na segunda página da tabela de classificação.
Os resultados de concorrentes tiraram do Atlético a possibilidade de disputar a próxima edição da Copa Libertadores ainda na 35ª rodada da Série A. O conjunto alvinegro, que não ficava de fora do maior torneio do continente desde 2020, volta justamente à “estaca zero” – com grandes chances de jogar a Copa Sul-Americana em 2025, assim como quando os investidores que hoje ditam os rumos da SAF assumiram as rédeas do Galo.
Cenário econômico distancia Atlético de conquistas
Para além do distanciamento do objetivo traçado pelos donos, o Atlético também observou o crescimento econômico de outras forças do futebol brasileiro. O algoz Botafogo, Internacional, Bahia e o arquirrival Cruzeiro são alguns dos exemplos – todos à frente do Galo na tabela de classificação da Série A.
Antes oponentes “mais próximos” em nível técnico, Palmeiras e Flamengo parecem cada vez mais distantes. Prova disso foi o completo domínio exercido pelo rival carioca na final da Copa do Brasil, que se encerrou com duas derrotas da equipe de Gabriel Milito – além das goleadas sofridas diante de ambos os times no Brasileirão.
O cenário deixa evidente que, para retornar ao caminho das grandes taças, o Atlético terá de contar com maior fluxo de investimentos por parte dos empresários que comandam o clube. Ainda em delicada situação financeira, com dívida superior a R$ 1 bilhão, a SAF alvinegra seguirá convivendo com o desafio de tentar rezudir os débitos enquanto tenta fortalecer o elenco.
A superação dos objetivos orçamentários traçados no início de 2024, de toda forma, pode ser fator importante nesse processo. A diretoria do Galo esperava alcançar as oitavas de final em ambos os mata-matas no ano e obteve cerca de R$ 110 milhões a mais do que o projetado com os vices.